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O futuro dos hotéis de luxo está no fundo do mar?

 

O futuro dos padrões de luxo em hotéis pode estar nas profundezas, e não nas alturas. Em vez de penthouses no último piso de arranha-céus, os alojamentos mais exclusivos podem, em breve, estar localizados seis metros ou mais abaixo da superfície do mar.

A ideia de dormir perto dos peixes pode parecer perigosa, mas a tecnologia necessária para a construção de quartos submarinos já está provada e bem consolidada.

É o que diz Robert Bursiewicz, diretor da Deep Ocean Technology, uma empresa polaca que está a planear um hotel subaquático chamado Água Discus.

O prédio pode ser rebocado para um local apropriado e colocado em suportes fixados no mar.

Os 22 quartos com vista para o fundo do mar formam a circunferência de um disco subaquático, ligados por elevador e escadas a outro disco semelhante acima da superfície contendo outras instalações do hotel.

“Hoje em dia é possível construir submarinos que vão mais fundo do que 500 metros abaixo da superfície do mar, de modo que construir um hotel subaquático não é um problema”, diz Bursiewicz à BBC.

Na verdade, o desafio técnico de construir um hotel subaquático pode ser menor do que um submarino porque é improvável que os hotéis sejam instalados a uma distância da superfície maior do que 15 metros de profundidade – mesmo visto que as cores, com excepção do azul, tendem a desaparecer a profundidades maiores do que 15 metros, porque a água age como um filtro para a luz solar.

Os quartos precisam de estar em águas relativamente rasas para que se tenha uma vista mais espectacular e colorida da vida marinha.

“Queremos ter quartos a uma profundidade de cerca de 10 metros porque esta profundidade proporciona um bom ambiente em termos de cores”, diz Bursiewicz.

 

Silêncio no mar

Um desafio maior do que manter a água fora da estrutura é não deixar escapar os ruídos inevitáveis gerados por um hotel subaquático.

Hotel sub-aquático (foto: Deep Ocean Technology)

Hotel sub-aquático (foto: Deep Ocean Technology)

Isso é importante, pois um ambiente ruidoso pode perturbar e assustar os peixes e outras criaturas marinhas.

Bursiewicz diz que este problema pode ser superado quando se tomam os cuidados apropriados ainda na fase inicial do projeto, garantindo que coisas como quartos de banho, bombas e equipamentos de ar condicionado, que geram ruídos, sejam acomodados no centro da estrutura subaquática.

Também é importante que um hotel subaquático esteja em conformidade com as leis locais e isso pode ser complicado porque há poucas legislações que contemplam esse tipo de construção.

“Cada país tem diferentes regulamentações para questões diferentes”, diz Bursiewicz.

“Mas é possível pensar no nosso hotel como uma espécie de dispositivo marinho, como um submarino, um navio, ou, talvez, como uma construção offshore, como uma plataforma de petróleo.”

 

Entrega de pizza

Nas águas quentes do sudeste dos Estados Unidos, uma pousada, a Jules’ Undersea Lodge, que tem apenas dois quartos e fica perto da costa da Flórida, desde 1986 que recebe hóspedes a mais de nove metros abaixo da superfície do mar.

Durante a década de 70, a construção foi usada como um laboratório marinho em águas porto-riquenhas.

foto: Jules' Undersea Lodge

foto: Jules’ Undersea Lodge

Ao contrário do Deep Ocean Technology, toda a estrutura do hotel americano fica debaixo de água, estando apenas acessível a nado, usando equipamentos de mergulho.

A empresa que opera o hotel também oferece um curso de três horas de mergulho para iniciantes, o suficiente para que os hóspedes saibam como entrar e sair do hotel.

Sob a perspectiva de gestão hoteleira, Teresa McKinna, diretora financeira do Jule’s Lodge, diz que coisas simples, como a limpeza e mudança de roupa de cama podem ser um desafio debaixo de água.

“Temos que colocar tudo em caixas à prova de água e acrescentar pesos para que não flutuem”, diz McKinna.

O hotel dispõe de caixas à prova de água de vários tamanhos, de modo que até pizzas podem ser entregues por mergulhadores aos hóspedes à hora do jantar.

 

 Melhor para o surf

O mais recente quarto de hotel subaquático a ser inaugurado fica no Manta Resort, na Tanzânia, na costa da Ilha de Pemba.

Ao contrário do Água Discus ou do Jules Undersea’s Lodge, a estrutura não é fixada ao fundo do mar.

Em vez disso, o quarto está ligado a um bungalow flutuante, que fica ancorada ao fundo, como um barco.

foto: The Manta Resort

foto: The Manta Resort

Os hóspedes entram no quarto do hotel por uma escada a partir da estrutura flutuante.

Mikael Genberg, o seu criador, explica que a razão para tal foi a segurança.

“A maré é bem alta na Ilha de Peba, o que significa que a corrente causaria um grande desgaste na estrutura fixada no leito do mar.

“E o quarto em si poderia também estar em risco, já que algo, mais cedo ou mais tarde, se fracturaria. Por isso, construímos o bungalow ligado à superfície”, diz Genberg.

Para ele, como tudo, é uma questão de matemática.

“Há vários parâmetros que é necessário calcular para hotéis que crescem para cima. A única diferença é que, no nosso caso, eles crescem para baixo.”

 

ZAP / BBC

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