“O fim dos tabus.” A invasão russa à Ucrânia mudou as regras do jogo da política e defesa europeia

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Aris Oikonomou / AFP

Ursula von der Leyen e Charles Michel

Manobra sem precedentes ordenada por Vladimir Putin motivou resposta igualmente histórica por parte dos países do Ocidente.

A reação dos países europeus à invasão da Ucrânia pela Rússia surpreendeu muitos analistas de política internacional pela severidade das medidas impostas ao regime de Vladimir Putin, mas também pela solidariedade demonstrada com as tropas ucranianas, através do envio de material bélico e de financiamento para a compra desse mesmo material, numa posição sem precedentes para alguns países europeus. Segundo Josep Borrell, Alto Representante para a Política Externa e de Segurança da União Europeia, “são mais tabus a cair“.

Referia-se ao anúncio feito ontem por Úrsula von der Leyen, para um conjunto de novas medidas, precisamente com o objetivo de punir o regime de Putin.

“A União Europeia financiará a compra e entrega de armas e outros equipamentos militares a um país que se encontra sob ataque. Este é um momento de viragem”, estabeleceu a representante europeia, que elogiou ainda o presidente ucraniano. “A liderança do Presidente Zelenskii e a coragem e resistência do povo ucranianos são notáveis e impressionantes. São uma inspiração para todos nós”.

Na semana passada, a Alemanha anunciou, numa total reversão histórica da sua política de não enviar armamento para territórios em conflito, o envio de mil armas anti-tanque e 500 sistemas anti-aéreos Stinger. A partir de agora, parece vigorar no país a ideia de que este precisa de ter umas Forças Armadas fortes para proteger o seu modo de vida, aponta o jornal Público. Já Portugal, por sua vez, vai enviar equipamento militar como coletes, capacetes, óculos de visão noturna, granadas e munições de diferentes calibres, rádios portáteis completos, repetidores analógicos e espingardas automáticas G3.

Ontem, em Bruxelas, Josep Borrell propôs e os 27 representantes dos estados-membros deverão aprovar a utilização de 450 milhões de euros do envelope do Mecanismo Europeu para Apoio à Paz, um instrumento  financeiro externo ao orçamento comunitário, com o propósito de reembolsar os Estados-membros que estão a fornecer assistência militar à Ucrânia. Isto acontece porque os tratados não permitem aos países utilizar verbas do quadro financeiro plurianual em operações militares.

Não sendo a União Europeia uma organização militar, este é o posicionamento e a ação mais clara que pode tomar no que respeita a ajudas à Ucrânia. São também decisões que não estão isentas de perigo, sobretudo para os países que não pertencem à NATO. É o caso da Finlândia, que não pertence à aliança, e que anunciou pela primeira vez o envio de armas para a Ucrânia. Também a Suíça, historicamente neutral em situações de conflito, fez saber que se ia juntar aos países da União Europeia.

“Estamos numa situação extraordinária em que é possível decidir medidas extraordinárias”, afirmou o Presidente e ministro dos Negócios Estrangeiros suíço, Ignazio Cassis, para justificar a inversão de posição.

Fora do contexto europeu, também Recep Tayyip Erdogan confirmou que a Turquia vai limitar o acesso de embarcações militares russas aos estreitos de Bósforo e dos Dardanelos, duas estruturas que ligam o mar Mediterrâneo ao mar Negro. Ainda segundo o Público, os navios militares podem passar, mas apenas caso estejam a regressar à base em que se encontram registados.

A posição de Ancara só ficou fechada no domingo, quando Erdogan se referiu pela primeira vez à situação na Ucrânia como “uma guerra“. Apesar de ser um país membro da NATO, Ancara é próxima do Kremlin, tendo optado, numa fase inicial, por uma posição próxima da neutralidade. Israel, até domingo, também tinha vindo a fazer um esforço por não se pronunciar sobre o conflito, apesar de, através do seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Yair Lapid, ter condenado a ação.

ZAP //

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2 Comments

  1. As Democracias Tem de Deixar De Alimentar Os seus Inimigos ! Pois um Dia vao tentar nos aniquilar ! esta cambada de gravatinhas nao aprenderam nada com a GUERRA FRIA

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