Nuno Melo vai disputar a liderança do CDS com Francisco Rodrigues dos Santos. Congresso do partido pode ser antecipado para dezembro.
O Público apurou que Nuno Melo vai anunciar a sua candidatura à liderança do CDS-PP na próxima semana. Francisco Rodrigues dos Santos, atual presidente do partido, assume estar “absolutamente certo” de que é a “pessoa certa” para continuar ao leme.
A data do congresso onde os titãs se vão defrontar ainda não está fechada, mas o diário noticia este sábado que é provável que seja antecipado para dezembro.
As eleições autárquicas acenderam este duelo: as divergências entre Melo e Rodrigues dos Santos são conjunturais e incidem mais sobre a capacidade e a liderança do atual líder do que sobre aspetos ideológicos.
De um lado, Melo está preocupado com os resultados das últimas eleições e concentra-se sobretudo na perda de votos do partido “nas grandes cidades”, na quebra de percentagens quando concorreu em listas próprias e quando ficou atrás do Chega e da Iniciativa Liberal.
Já Rodrigues dos Santos reclama a manutenção das seis Câmaras Municipais “com maioria absoluta” e a duplicação de municípios que governam com o PSD, que perfazem mais de 40 autarquias, entre elas oito capitais de distrito, incluindo Lisboa.
Nas listas em que o CDS concorreu sozinho, o líder conta a eleição de mais autarcas do que o BE, PAN, CH e IL em todo o país.
As duas fações do CDS – de um lado o monteirismo, através do líder; do outro o portismo, via Nuno Melo – são o espelho do mal-estar que se tem sentido no partido. A substituição da deputada Ana Rita Bessa, que saiu por estar descontente com a direção, foi o mais recente episódio, com Francisco Rodrigues dos Santos a queixar-se de não ter sido ouvido na substituição.
Telmo Correia, líder da bancada centrista, emitiu um comunicado no qual esclarece que seguiu “o critério da lei” nos contactos que fez para a substituição e acusa a direção do partido de estar “mal informada” sobre os procedimentos.
A sua atuação na substituição da deputada foi “tão só a de seguir escrupulosamente o critério da lei” ao aferir a disponibilidade dos membros seguintes na lista eleitoral de 2019. O líder da bancada recusa a ideia de que, nessa qualidade, possa fazer “convites para lugares de deputados”, limitando-se a seguir a ordem dos candidatos como resulta da lei.