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Novo ranking das escolas põe mais públicas no topo

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O novo ranking das escolas secundárias, apresentado esta semana pelo Ministério da Educação (ME), põe o percurso escolar dos alunos a contar para a nota dos estabelecimentos de ensino. Secundárias habitualmente colocadas em 300º lugar nos ranking baseados só nos exames passam para o top 5.

Até aqui, os rankings do ensino secundário eram feitos pelos jornais, tendo por base os resultados dos alunos nos exames nacionais de Português e Matemática.

O portal InfoEscolas tem, desde terça-feira, novas informações que permitem perceber melhor o trabalho desenvolvido pelas escolas, se há problemas no ensino de determinadas disciplinas ou a evolução dos alunos em relação à média nacional. E coloca escolas de ensino secundário públicas à frente das escolas privadas, que geralmente ocupam os lugares cimeiros da tabela.

Segundo o secretário de Estado da Educação, João Costa, as primeiras simulações feitas com base neste novo indicador mostram “escolas que habitualmente ficam colocadas em 300º lugar nos rankings a subirem ao top 5”. “No topo há uma mancha mais rica de públicas e privadas”, frisa.

O ME decidiu apresentar novos indicadores que “permitem comparações de qualidade”, disse na terça-feira o secretário de Estado da Educação, sublinhando que o ministério não quer rankings que “estimulem a seleção de alunos” ou que “estimulem a retenção” de estudantes que poderiam baixar as médias, caso fossem a exame.

Assim, a comparação dos desempenhos dos alunos e das escolas é feita tendo em conta estudantes com resultados académicos semelhantes e passa a haver critérios que complementam a avaliação externa (os resultados dos exames nacionais) com a avaliação interna (os resultados ao longo do ano), explicou o responsável.

O portal do Ministério da Educação apresenta dados estatísticos dos cerca de 725 mil alunos do ensino básico e secundário que frequentam as quase três mil escolas públicas e privadas situadas no continente.

“Percursos diretos de sucesso”

O InfoEscolas divulga as taxas de retenção ou desistência de cada escola, as médias nas provas nacionais e – uma novidade – a percentagem de percursos diretos de sucesso dos alunos do ensino secundário.

Este novo indicador (até agora só havia dados para os 2º e 3º ciclos) analisa apenas os alunos que não chumbaram no secundário e obtiveram positiva nos exames nacionais do 12º e depois compara-os com estudantes com resultados académicos semelhantes à entrada no secundário.

“Este indicador não premeia a retenção e ao mesmo tempo não premeia a seleção de alunos, porque estamos a comparar alunos comparáveis. Uma escola que recebe alunos de nível dez e os leva a 17 é uma escola muito melhor do que uma que recebe alunos de 15 e os leva a 17, porque o resultado daquela escola é muito mais rico”, explicou o secretário de estado, defendendo que “comparar apenas médias é muito pobre”.

Segundo o subdiretor-geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), João Batista, “com este indicador vão aparecer dois tipos de escolas no topo: as que normalmente já estão no topo dos rankings, que já recebem alunos muito bons, e escolas que recebem alunos medianos ou com dificuldades, mas que conseguem recuperá-los e ter resultados sólidos”.

O novo indicador do desempenho das escolas vem confirmar que o nível de insucesso no secundário é elevado, mesmo nas escolas públicas que mais se destacam nos rankings feitos com base nas notas dos exames. Contudo, permite também observar variações que dependem mais do trabalho desenvolvido pelas escolas do que do contexto de origem social dos alunos.

Outra das novidades é a apresentação dos resultados académicos dos alunos nos exames das diferentes disciplinas do secundário: “Há vida para além do Português e da Matemática“, sublinhou João Costa.

O site apresenta os resultados das escolas nas provas nacionais realizadas a 22 disciplinas, sendo que o número de disciplinas pode variar porque o ME não disponibiliza resultados nos estabelecimentos de ensino em que se realizaram menos de 20 provas.

“Com a análise de mais disciplinas, as escolas podem perceber se há algum problema com alguma disciplina”, sublinhou o secretário de estado.

Será possível perceber se a nota que obtiveram a determinada disciplina está dentro da média esperada para estudantes com percursos académicos semelhantes, graças a outro novo indicador: a evolução do percentil nacional da escola medido pela classificação média dos seus alunos.

“Nós temos um histórico de muitos anos em que não temos dados sobre uma série de disciplinas. Nós não sabemos como é o ensino da disciplina de História ou da Físico-Química em Portugal e precisamos de dados sobre isso”, sublinhou João Costa, garantindo que caso sejam detetados problemas a nível nacional a uma disciplina então “serão canalizados recursos de formação”.

Outro dado novo é o indicador de desigualdade, que permite perceber se, dentro de uma escola, os alunos tiveram notas próximas, uns dos outros, ou se existem grandes disparidades: “É aquela ideia da média em que cada um come meio frango, mas depois quando vamos ver eu comi um frango e a pessoa ao meu lado não comeu nenhum”, exemplificou o secretário de Estado.

Este novo indicador permite perceber se, por exemplo, numa escola com média de 15 os alunos tiveram todos 15 ou se um teve 20 e outro teve dez. “Uma escola em que todos têm 15 é menos preocupante”, concluiu João Costa.

O governante garantiu ainda que serão reforçados os mecanismos de apoio àquelas que consistentemente apresentem piores desempenhos.

Em declarações ao Público, o presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDE), Filinto Lima, aplaude as novidades.

“Os rankings de escolas feitos exclusivamente com os resultados dos exames são muito redutores e estes dados são uma mais-valia porque permitem avaliar o valor acrescentado para os alunos desde que entram numa escola até que saem”, comenta o dirigente. “É essa a forma de perceber a importância que o ensino tem no percurso de um estudante“, remata.

ZAP / Lusa

3 Comments

  1. Depois de muitas simulações, lá conseguiram encontrar indicadores que possam se-lhes favoráveis…
    A politica é uma coisa muito suja! Lá vão andando à custa da cosmética.

  2. Os rankings das escolas são o que de mais injusto apareceu no âmbito do ensino, em Portugal! Como se pode comparar o incomparável! As consequências destas avaliações são desastrosas porque os meninos sobreavaliados, que beneficiaram de turmas pequenas, com ensino quase individualizado, com pais letrados e excelentes explicadores irão passar à frente de todos os outros no acesso a cursos como por exemplo o de medicina pagos pelos impostos de todos nós, E quando acabarem os seus cursos irão ingressar em clinicas privadas que não investiram um avo na sua formação!!!!!! Algo está mal no reino de Portugal!!!!

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