Hezbollah tem novo líder. Quem é o xeque Naim Qassem?

Eleição “em linha” com os ideais do grupo. Novo líder defende o sacrifício a qualquer custo para contornar ocupação e prometeu recentemente: esta guerra é sobre quem chora primeiro — e não será o Hezbollah a fazê-lo.

O Conselho Shura do Hezbollah, o mais alto órgão do grupo xiita libanês, anunciou esta terça-feira Naim Qassem como novo secretário-geral, substituindo Hassan Nasrallah, que morreu num bombardeamento de Israel a 27 de setembro.

O alegado substituto de Nasrallah, Hashem Safieddine, foi eliminado por Israel dias mais tarde, ainda antes de ser oficialmente nomeado novo líder do Hezbollah.

A recente decisão foi adotada “em linha com o mecanismo existente” para eleger o líder do movimento, segundo informações recolhidas pela cadeia de televisão Al-Manar, ligada ao Hezbollah.

“O Conselho Shura aprovou a eleição da sua eminência, o xeque Naim Qassem, como secretário-geral do Hezbollah”, referiu o canal. “Pedimos a Deus Todo-Poderoso que guie sua eminência, o secretário-geral Naim Qassem, nesta nobre missão de liderar o Hezbollah e a resistência islâmica”, indicou ainda.

Quem é Qassem?

Nascido em Beirute em 1953, numa família oriunda do sul do Líbano, Qassem deu início ao ativismo político no Movimento Libanês Xiita Amal, mas foi a Revolução Islâmica do Irão, em 1979, que transformou a sua visão política, tal como a de muitos jovens xiitas libaneses da época.

Vice-secretário-geral do Hezbollah desde 1991, Qassem é figura central e influente dentro do grupo. Para além do seu papel político, é visto como um prolífico autor e ideólogo, tendo publicado vários livros sobre a ideologia e os objetivos do Hezbollah, nomeadamente em defesa do conceito de “resistência” como uma luta contínua contra o que considera ser a opressão dos Estados Unidos e Israel.

Sublinha frequentemente a importância da aliança com o Irão, em reforço o alinhamento do Hezbollah com a política iraniana no Médio Oriente. No passado 8 de outubro, garantiu: nesta guerra, que é sobre quem chora primeiro, não será o Hezbollah a derramar lágrimas.

Uma das suas frases mais famosas refere que “quaisquer que sejam os custos em termos de sacrifício, o fruto da resistência é sempre maior do que o dano que vem da resignação à ocupação, do sucumbir aos seus golpes e condições”.

Escalada na guerra no Líbano

O fogo cruzado entre o grupo libanês Hezbollah e Israel, iniciado em 8 de outubro de 2023, evoluiu nas últimas semanas para uma situação de guerra, com bombardeamentos constantes das forças israelitas, que também têm efetuado incursões terrestres.

Os ataques israelitas mataram dirigentes de topo do Hezbollah, incluindo o líder do grupo xiita pró-iraniano, Hassan Nasrallah, e provocaram a fuga de dezenas de milhares de pessoas, tanto para outras zonas do Líbano como para a Síria.

O Hezbollah iniciou ataques contra o norte de Israel a partir do sul do Líbano em apoio ao Hamas, um dia depois de um ataque do grupo extremista palestiniano ter desencadeado uma ofensiva israelita na Faixa de Gaza.

ZAP // Lusa

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