O Novo Banco impediu a distribuição de dividendos do seu banco nos Açores, que iria beneficiar os acionistas, entre os quais as misericórdias do arquipélago.
A notícia avançada este sábado pelo semanário Expresso dá conta que a Santa Casa da Misericórdia de Ponta Delgada era uma das principais beneficiárias.
Em 2020, o Novo Banco dos Açores registou um lucro de 2,8 milhões de euros, mas a administração decidiu não distribuir nada pelos acionistas. Há um total de 14 misericórdias açorianas entre os acionistas do banco.
A decisão é justificada com a recomendação do Banco Central Europeu (BCE), que aconselhava aos bancos “extrema prudência” ao distribuir dividendos. Em causa está a incerteza gerada pela pandemia de covid-19.
“É entendimento que, apesar das recomendações do BCE, não há nenhum impedimento legal para a não distribuição de dividendos, e atendendo à natureza dos acionistas, com grande responsabilidade social, seria justificável a distribuição de dividendos, dado os bons indicadores financeiros que o banco apresenta”, lê-se na ata da assembleia-geral de 30 de março do Novo Banco dos Açores, que contou com a presença de algumas misericórdias.
A Santa Casa da Misericórdia de Ponta Delgada considera que devia receber dividendos tendo em conta o seu trabalho de assistência social. A Santa Casa do Nordeste e a Misericórdia da Ribeira Grande partilham da mesma opinião.
O representante do Novo Banco, o administrador Luís Ribeiro, entendeu que é “importante manter uma gestão sã e prudente que siga as recomendações emanadas pelas autoridades de supervisão para o banco continuar a desenvolver o seu papel”.
“Dada a conjuntura atual, é importante manter e reforçar a capacidade do Novo Banco dos Açores, dado o seu peso regional, de apoiar localmente todas as empresas e famílias açorianas”, defendeu o administrador.
Travam os dividendos, mas não travam os prémios. è mesmo gozo.