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Investigadores espanhóis descobrem nova estirpe do vírus num caso de reinfeção

Alejandro Garcia / EPA

Uma equipa de investigadores do serviço de Microbiologia e Doenças Infeciosas do Hospital Gregorio Marañón de Madrid descobriu que a reinfeção pelo novo coronavírus numa mulher teve origem numa estirpe diferente do SARS-CoV-2.

O estudo baseia-se no caso de uma mulher que ficou infetada com covid-19 em abril, sendo que, quatro meses depois, voltou a surgir a reinfeção. A segunda infeção foi considerada mais grave do que a primeira, e a doente teve mesmo de ser hospitalizada.

Ainda que já tenham sido descobertos outros casos de reinfeção, é a primeira vez que há um registo fiável de que “duas infeções independentes ocorreram na mesma pessoa”, afirma Darío García de Viedma, investigador no serviço de Microbiologia no hospital de Madrid.

A equipa conseguiu, através do ambiente epidemiológico da paciente, determinar que a origem da segunda infeção foi diferente da primeira e que um doente reinfetado também é capaz de transmitir o vírus.

Até agora, ainda não existiam provas se a reinfeção pela covid-19 podia ou não transmitir o vírus a outras pessoas, sublinham os investigadores, citados pelo jornal “El Mundo”.

Durante a pesquisa, foi reconstruída uma sequência do genoma do vírus e realizadas investigações epidemiológicas aprofundadas que permitiram ordenar toda a cadeia de transmissão.

Segundo Darío García de Viedma, para demonstrar que se está perante um caso de reinfeção não basta identificar um paciente que esteve duas vezes infetado em diferentes períodos de tempo, “é necessário demonstrar microbiologicamente que a estirpe SARS-CoV-2 que causou a reinfeção é diferente da que causou o primeiro episódio de doença, porque podem ocorrer casos de reativação do vírus“, explica o médico.

“Foi proposta uma forma alternativa de documentar a reinfeção, determinando as estirpes que circulavam na população no momento de cada episódio e demonstrando que a estirpe que causou a reinfeção não estava a circular em Madrid no momento do primeiro episódio”, afirma Viedma.

A pesquisa só foi concretizada porque o serviço de Microbiologia e Doenças Infecciosas tem cerca de 1000 amostras de SARS-CoV-2 já sequenciadas e que representam a evolução da pandemia. O especialista espanhol assegura que estas amostras são “uma fonte de informação fundamental tanto para o estudo epidemiológico da pandemia como para determinar possíveis reinfeções, como este caso”.

De acordo com o Consórcio Nacional Multicêntrico Covid-Espanha, que se foca no estudo do genoma do vírus, “50% dos casos atualmente em circulação na Europa correspondem à variante 20A.EU1“, revela o “El Mundo”. Até agora, são conhecidos 27 casos de reinfeção pelo novo coronavírus em todo o mundo.

ZAP //

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