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Mestrado com notas falsificadas deixa líder do Governo de Madrid na “corda bamba”

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Cristina Cifuentes / Twitter

A líder do governo regional de Madrid, Cristina Cifuentes.

A líder do Governo regional de Madrid, Cristina Cifuentes, está no centro de um escândalo que abala a política espanhola, depois de uma investigação ter descoberto que obteve o seu mestrado com notas falsificadas. Ela nega e recusa demitir-se, mas a sua saída do cargo parece inevitável.

O escândalo rebentou depois de uma notícia do jornal digital El Diario ter revelado que Cristina Cifuentes terá obtido o seu mestrado em Direito Autonómico, na Universidade pública Rei Juan Carlos, com recurso a duas notas falsificadas.

A política do Partido Popular, o mesmo do primeiro-ministro Mariano Rajoy, que lidera o Governo regional de Madrid desde as eleições de 2015, matriculou-se no mestrado no ano lectivo 2011/2012, mas terá deixado duas cadeiras por fazer, com a indicação “Não apresentado”.

“A Intranet de gestão de alunos revela que uma funcionária de outro campus da Universidade entrou no sistema, em 2014, e mudou os dois “Não apresentado” para “Notável“”, como se escreve no Eldiario. Uma destas notas alegadamente forjadas reporta-se à tese final do mestrado que é fundamental para obter o título.

Cifuentes defende a legalidade do processo, notando que fez de novo exames em 2014, mas o jornal sublinha que “não há registos” disso.

O El Diario avança ainda que a Universidade, que é financiada em mais de 120 milhões de euros por ano pelo governo regional madrileno, contratou como professora a irmã de Cifuentes de “forma ilegal”.

Margarita Cifuentes terá sido funcionária administrativa até 2016, altura em que “o ex-reitor Fernando Suárez lhe fez um contrato reservado a professores de reconhecido prestígio”, embora não cumpra “nenhum dos requisitos” definidos para essa posição, segundo o jornal.

Fernando Suárez é conhecido como “o reitor dos plágios”, depois de ter sido apanhado a copiar partes de textos de professores catedráticos e até de alunos, sem os citar, em diversas publicações que assinou.

Cifuentes fala em “difamações e falsidades”

Entre os pedidos de demissão e as moções de censura dos socialistas do PSOE e do partido de esquerda Podemos, Cifuentes recusa demitir-se. Mas pode vir a ser obrigada a afastar-se do cargo, uma vez que venceu as eleições sem maioria absoluta, estando nas mãos do Partido Cidadãos que apoia o seu governo regional.

“Está mais do que nunca na corda bamba”, já avisou o porta-voz do Cidadãos em Madrid, Ignacio Aguado.

A líder do Governo madrileno foi à Assembleia Regional defender-se, mostrando documentos que diz comprovarem que o seu título de mestrado é “perfeitamente real e legal”.

No Twitter, lamenta que está a ser “objecto de ataques continuados”, para a “destruir pessoalmente”. “Levantar tapetes e regenerar a vida política e as instituições tem um preço alto. Mas as difamações e falsidades não me vão parar”, garante também.

https://twitter.com/ccifuentes/status/978242109437333505

Todavia, é muito provável que Cifuentes não passe incólume pela polémica. Até porque a professora Alicia López de los Mozos, suposta presidente do júri que examinou a sua tese e lhe atribuiu uma nota de 7,5, garante que não assinou a acta de avaliação do trabalho final do mestrado, embora o seu nome conste da mesma.

Também garantiu que nunca avaliou Cifuentes, como avança o jornal El País, contradizendo a versão da política que assegura que defendeu a sua tese.

Defendi-a de forma presencial no campus da Universidade Rei Juan Carlos de Vicálvaro”, disse Cifuentes numa conferência de imprensa, cita o El Mundo.

A Universidade, que tinha começado por abordar o assunto como um “erro administrativo” e que, depois, foi forçada a abrir uma investigação, já reconheceu ter encontrado “indícios de delito”, remetendo o caso para o Ministério Público.

Em causa está um crime de “falsidade em documento público” que, no caso de governantes ou funcionários públicos, é punível com pena de prisão de três a seis anos, além de multa e “inabilitação especial” de dois a seis anos, como salienta aquele jornal espanhol.

SV, ZAP //

2 Comments

  1. Já não estranho nada, porque ainda temos um ex qualquer coisinha… que fez um exame de Inglês num domingo, julgo que é assim que se escreve “Sunday”? 🙂 que faz projetos de “engenharia” ao que se julga não deve ser ter “assassinado” os projetos… 🙂

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