Nobel da Paz para a iraniana Narges Mohammadi. Está presa e foi condenada a 154 chicotadas

Julien Warnand / EPA

Protestos em Teerão, no Irão, pela morte da jovem Mahsa Amini.

O Prémio Nobel da Paz 2022 foi atribuído à activista iraniana Narges Mohammadi que está presa há quase duas décadas. A distinção destaca a “luta das mulheres no Irão contra a opressão”.

O Comité Nobel Norueguês escolheu Narges Mohammadi, vice-presidente do Centro de Defensores dos Direitos Humanos do Irão, como Nobel da Paz 2022 pela “sua luta contra a opressão das mulheres no Irão, e a sua luta para promover os direitos humanos e a liberdade de todos”.

Em 2022, o Nobel da Paz foi atribuído a Ales Bialiatski, da Bielorrússia, e às organizações de defesa dos direitos humanos Memorial, da Rússia, e Centro de Liberdades Civis, da Ucrânia.

Narges Mohammadi tornou-se conhecida como activista pelos direitos humanos no Irão. Está presa há quase duas décadas, tendo sido condenada, sucessivamente, pelas suas posições contra a pena de morte e pelos direitos das mulheres.

Na mais recente sentença, foi condenada a 10 anos e nove meses de prisão, e mais 154 chicotadas, por “acções contra a segurança nacional e propaganda contra o Estado” iraniano. Não se sabe se o “castigo” das chicotadas já lhe foi aplicado.

Narges Mohammadi continua a luta na prisão

A activista está encarcerada na afamada (pelos piores motivos) prisão de Evin, em Teerão, onde tem continuado a sua luta pelos direitos humanos.

A CNN divulgou, recentemente, um áudio onde se ouve Narges Mohammadi a liderar um coro de cânticos de protesto, com gritos de “mulher, vida, liberdade”, dentro da prisão.

Este cântico marcou os protestos que se levantaram no Irão depois da morte de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos que foi detida por não usar o véu correctamente.

Em Agosto passado, Narges Mohammadi foi condenada a mais um ano de detenção pelo seu activismo atrás das barras, após ter dado uma entrevista onde denunciou agressões sexuais na prisão.

Também foi condenada por ter publicado um livro sobre os brutais métodos prisionais do Irão. Intitulado “Tortura Branca: Entrevistas com Mulheres Prisioneiras Iranianas”, o livro conta histórias de mulheres que passaram pelo confinamento solitário, algo que a própria Narges também experimentou.

A activista que tem dois filhos menores está impedida de receber visitas. E o marido que também é activista político foi obrigado a exilar-se em Paris, onde vive actualmente.

Em Maio, a activista iraniana recebeu o Prémio PEN América Liberdade para Escrever e enviou uma mensagem da prisão que foi lida durante a gala no Museu Natural de História dos EUA.

“Vão prender-me novamente, mas nunca vou parar de fazer campanha até que os direitos humanos e a justiça prevaleçam no meu país”, garantiu nessa mensagem.

Susana Valente, ZAP // Lusa

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