Nenhum sindicato assume cartazes. Porque um é um porco e o outro não?

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José Coelho / LUSA

Os sindicatos de professores demarcaram-se este domingo dos “insultos e actos de populismo” nas caricaturas que visaram a imagem do primeiro-ministro, durante as comemorações do Dia de Portugal. Racismo ou mau gosto? Teor dos cartazes teve a condenação (quase) unânime de políticos e comentadores.

A Fenprof, a Federação Nacional da Educação e o STOP demarcaram-se agora do protesto desses professores e disseram que não se identificam com insultos nem com atos de populismo.

Quando se luta, também se ensina, e aos professores compete ensinar de uma forma que não seja violenta, insultuosa”, disse este domingo em declarações à RTP o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, que considera que os cartazes “foram longe demais“.

Também a FNE repudia as imagens insultuosas para António Costa, e o STOP garante que o protesto não foi convocado pelo sindicato.

“Os profissionais de educação que ali se manifestaram exerceram o seu direito de manifestação de forma livre, enquanto cidadãos. Recusamos qualquer acusação de incitação a atitudes de teor racista. Os estatutos do STOP expressam claramente o repúdio da discriminação com base na raça“, lê-se em comunicado do sindicato, citado pela RTP.

Mas, realça a estação televisiva, não é a primeira vez que cartazes com teor semelhante foram usados em protestos de professores — como foi o caso da manifestação organizada pelo STOP a 25 de fevereiro entre o Palácio de Justiça e a residência oficial do primeiro-ministro.

José Sena Goulão / Lusa

Protesto de professores entre o Palácio de Justiça e a residência oficial do primeiro-ministro, organizado pelo STOP, Lisboa, 25 de fevereiro de 2023

Em comunicado enviado às redacções, a Fenprof afirma por sua vez que “a meio da cerimónia surgiu, no local em que a Fenprof se encontrava, um grupo de cerca de uma dezena de professores envergando T-shirts com caricaturas de mau gosto“.

“A Fenprof demarca-se daquelas imagens, considerando que para se exigir respeito é necessário saber respeitar. Se a lutar também se está a ensinar, não se podem usar como armas o insulto e populismo. Imagens como as que foram exibidas não dignificam os professores e a sua justa luta“.

A Fenprof sustenta que em Portugal existe “um grave problema” de falta de professores nas escolas, o que atribui à desvalorização da profissão, e reitera que continuará a lutar para exigir “respeito”, como fez no sábado durante as celebrações do 10 de Junho.

Condenação unânime

Os cartazes de protesto dos professores durante as comemorações do Dia de Portugal gerou controvérsia e indignação entre várias personalidades da esfera pública nacional.

Na edição deste domingo de “O Princípio da Incerteza“, da TSF e CNN Portugal, António Lobo Xavier, José Pacheco Pereira e Alexandra Leitão expressaram o seu descontentamento perante tais representações, caracterizando-as como uma expressão inaceitável de agressividade.

António Lobo Xavier manifestou a sua indignação, afirmando que tais cartazes “fazem qualquer pessoa, decente e de bem, estar do lado do primeiro-ministro e também até do ministro da Educação”. Lobo Xavier acrescenta ainda que esta situação causou dano à imagem dos professores e às suas reivindicações.

José Pacheco Pereira também reagiu negativamente aos cartazes, atribuindo-os a uma parte radicalizada dos professores e apontando o dedo ao Chega e STOP. Segundo o historiador, estes grupos aproveitaram-se do ambiente de radicalização para inflamar as manifestações, uma atitude que considera perigosa para a democracia portuguesa.

Por sua vez, Alexandra Leitão critica o caráter violento e odioso dos cartazes, afirmando que os mesmos ultrapassaram uma “linha vermelha” da liberdade de expressão e manifestação. A ministra notou que o uso de caricaturas ofensivas tem sido recorrente nos protestos de professores, o que vê como preocupante.

A antiga Ministra da Modernização e Administração Pública realça que as caricaturas com olhos furados têm sido uma constante noutros protestos de professores, nomeadamente com um cartaz que representa o ministro da Educação, João Costa, com um lápis a trespassar um dos olhos – uma imagem que associa à violência e ao ódio.

Manuel Fernando Araujo / Lusa

Também Isabel Moreira teceu fortes críticas ao teor dos cartazes de protesto dos professores contra António Costa. Numa publicação no seu perfil no Twitter, a deputada socialista questiona os comentadores que classificam os cartazes como “mau gosto“.

“Alguma leitura sobre a iconografia do racismo ajudaria. Animalizar seres humanos foi sempre, sempre , mas sempre uma arma do racismo“, escreve Isabel Moreira.

“Ainda há quem não se lembre que isto da raça e do racismo não é coisa do ‘eu acho que’. António Costa, que é racializado, viu naqueles cartazes racismo. Ele sabe. Ele sabe que animalizar daquela forma a sua cara não é a mesma coisa que animalizar quem nunca sofreu ‘por causa’ da sua etnia”, diz a deputada.

Isabel Moreira referia-se aparentemente a um comentário de Mafalda Anjos na CNN Portugal, que considerou que “nem toda a ofensa a pessoas é racismo“.

“O problema de banalizar a acusação de racismo, tal como aliás a de populismo, é que as palavras perdem significado. Não é racismo, é sim muito insultuoso“, escreve a comentadora no seu perfil no Twitter, em resposta à deputada.

Em resposta a esta publicação, um utilizador questiona: porque é que um é retratado como porco e o outro não?”

Fazem parte da liberdade”

Nas comemorações do 10 de junho, após ter terminado a cerimónia militar, António Costa percorreu a pé o trajecto desde a Avenida do Douro até ao local escolhido para o almoço, tendo sido sempre seguido por muitos docentes que gritavam, entre outras palavras de ordem, “respeito”.

A mesma mensagem estava escrita nos cartazes, em alguns dos quais era também possível ler “demissão” e ver a imagem do primeiro-ministro com dois lápis nos olhos e um nariz de porco.

A mulher do primeiro-ministro, Fernanda Tadeu, que foi professora, exaltou-se com alguns dos comentários dos professores em protesto. Inicialmente, António Costa pediu à mulher para não responder aos comentários, mas, depois, virou-se para trás e gritou “racista”, visivelmente exaltado.

Costa tentou acalmar a sua esposa quatro vezes em poucos segundos, durante a conversa com uma professora. Logo a seguir, disse aos jornalistas: “Os protestos fazem parte da liberdade e da democracia”.

Quando voltou à conversa com a professora exaltada, e perante as interrupções constantes, soltou: “O respeito tem de ser dos dois lados”.

“Pronto, muito bem”, disse Costa a certa altura – e continuou a caminhar, deixando a professora para trás.

ZAP // Lusa

35 Comments

  1. O que fizeram os Sindicatos nessa altura , en que marcharam lado a lado com estas histéricas e arruaceiras personagens ? ……nada ? …..então permitiram !

    • Agora não foi ninguem, o Mario nogueira é um santinho e os outros sindicalistas iguais. é o espelho da educação que dão aos alunos, um grande exemplo sem duvida..

  2. Bando de covardes. É aqui que se vê a responsabilidade dos sindicatos e professores. Como queremos que os jovens assumam as suas responsabilidades se os supostos adultos “professores” nãoi o fazem.

  3. Que vergonha, não quero pensar que é esta gente que está a educar os nossos filhos.
    Com gente desta no ensino, vamos sem dúvida nenhuma ter um futuro brilhante.
    Mais preocupante é ver que ninguem se assume, autenticas ratazanas a abandonar o barco, foi tudo obra do acaso como é que querem ser respeitados se não se dão ao respeito.

      • Roubado é quem tem que sustentar uma casa com o salário mínimo e tem reforma quase aos 67 anos. Que não tem direito a pontes nem greves à sexta e segunda. Que passa uma vida a trabalhar para ter uma reforma de 400€ sem quaisquer regalias.

      • A ser roubados ? tenham vergonha ,os professores manifestantes mostram nestas greves a que
        tipo de pessoas está entregue a educação das nossas crianças .
        Com exigências excessivas e greves que prejudicam inúmeras famílias ,que têm de perder dias de trabalho ,para que eles andem nesta fantochada …..

  4. Os sindicatos. Ao assumem, porque sao naus por is do que aqueles que quersm insultar, Queles que di,em insuktar os outros faz parte da liberdade. Eu lembro um Maxima, da propria ljberdade, a liberdade de uns termina quando a libefdade dos outros, quem pede redpeito e se kntitula como, defensores e se intitulam como efucadores. Deveriam ter eles meducação , e mais redpeito par com os outros.
    Dedactovomo eles dizem que o ensino esr a decair cada ve, maus. Extou plenamente de acordo, mas isto porque quem e sina, cads vez maiz tem menos capa idadd e inteligencia, para ensi ar e educar.

  5. Alguns professores dizem e eu acredito que estão á mais de 25 anos sem progressão na carreira e sem terem sido aumentados por isso muito bem têm razão para protestarem mas o porquê de somente ao fim de 25 anos é que o fazem onde estiveram durante os restantes 24 anos que ficaram para trás seria por os governos anteriores não terem maioria absoluta ? ou seria porque não podiam incomodarem o Sr. Passos Coelho sim esse primeiro ministro que tirou aos reformados da função pública uma parte da reforma para pagar á TRÓIKA só que a TRÓIKA já se foi embora como tal já recebeu e os reformados continuam a pagar á TRÓIKA.
    Só na minha casa a reforma da minha esposa que trabalhou perto de 40 anos na função pública foram retirados 480,00 €
    e nunca mais foram repostos será que alguém se anda a amanhar com eles não me acredito pois é muito dinheiro.
    Já agora porque é que o sindicato da função pública nada faz sobre este roubo que efetuaram a tantos trabalhadores seus associados ?.

    • Fernando Mendes dos Santos nunca vamos vê-los com coragem para lutar contra o maestro da Bando. Quase todos os funcionários do Estado ( alguns deveriam pagar para o ser, mesmo alguns professores) ficaram prejudicados nas progressões. Mas ninguém usa esta forma insultuosa pessoal que me indigna. O dinheiro que retiraram serve para dar a pessoas que não dão nada em troca e com capacidade para o trabalho. Ninguém com capacidade para trabalhar devia receber dinheiro a troco de nada.

  6. Para um cartaz que ja andava nas ruas há mais de 3 meses, este boom agora é tardio! Porque nao era ofensivo ha 3 meses e agora é? Da jeito a quem?
    Quem está em cargos públicos tem de ter a noção que vai ser criticado de várias formas esta não é diferente nem novidade, como disse ja disse anteriormente, o cartaz já rola há mais de 3 meses. Esta é uma reacção tardia e calculada para aproveitamento e mais uma criação de nevoeiro.

    • 100% de acordo.
      É apenas uma manobra de lançamento de nevoeiro sobre a Vergonha de desGoverno que temos.
      O KostaVirus até ficou favorecido!
      Os comentadores tem medo, muito medo, porque eles também servem propaganda ao PS!
      Fim do regime JÁ, não apenas deste consulado PS!

      • Claro que isto é para desviar a atenção dos portugueses para a miséria e palhaçada governativa. Este Costa não vale nada como executivo, mas como político é muito matreiro. O povo de abra as pestanas.

    • Esta dos cartazes foi uma jogada política do Costa. Aproveitou-se de ser o 10 de Junho para se armar em vítima e tentar conquistar alguns votos. Ainda não perceberam? Este gajo só tem esperteza nestes truques. No resto tem um país adiado e os portugueses a sofrerem bastante. Fora com este bandalho.

  7. Há falta de professores, de médicos e enfermeiros no SNS, de Polícias, de pessoal das Finanças, de varredores das vias públicas, dos Tribunais e ninguém se manifestou da forma vergonhosa, insultuosa e indigna como este bando em nome dos professores na pacífica Cidade de Peso da Régua e num dia da Raça! E agora, mostram a cobardia de não se assumirem. Pensam que ganham o apoio do Povo com ataques pessoais desta natureza? E se estes professores chegassem á sala de aulas e os seus alunos, por causa da incompetência dos seus “Mestres” fizessem uma caricatura deles com a fronha de porco com pregos nos olhos no quadro? E se chamassem os filhos desses professores, que, porventura, frequentassem essa escola, para verem o “lindo” desenho da cara dos pais- professores estampados no quadro? Magnífico!!! Professores, tenham vergonham e hajam em conformidade com a importância que querem ter mas nada fazem por merecer. Respeito não é falta de força na vossa luta. A luta pode e deve fazer-se com dignidade. As nossas Leis poem ao vosso dispor imensas formas de lutarem legalmente e sem serem insultuosos. O Insulto só se usa se não tiverem Razão. Quantos anos fingiram que lutavam mas aproveitavam as greves do funcionários escolares para se manifestarem? Quantas vezes lutaram pelos vossos direitos sem perderem um dia de salário, a “cavalo” nas greves dos funcionários escolares? Outra coisa: só em Portugal os professores querem ser tratados por dr. Sem dr não se sentem nada. “Se as pessoas não souberem que têm uma licenciatura, sentem-se despidos. Logo, não valem nada”.. Vão até França e vejam, no dia a dia, quem se trata por dr.. Não precisam porque são!

  8. Vou mandar-te uma caricatura TUA com focinho de porco e pregos nos olhos. E envio para os teus colegas. E para os teus familiares. Não tens que te indignar, já viste muito disso e é normal a partir do momento em que viste a primeira vez está legitimado. Ficavas lindo! Aproveita e faz o CCidadão com a foto dessa caricatura. O País não é pobre ou de 3º Mundo. Os subsdio-cidadãos é que são. Já recebeste o subsídio para a renda?

  9. É lamentável ver o mau exemplo que os sindicatos e os professores têm estado a dar aos jovens portugueses.
    Por um lado vemos os sindicatos deixarem gritar palavras de ordem e levarem cartazes ofensivos da dignidade das pessoas. Os alvos desses ataques são seres humanos que também têm filhos e família a ver esta pouca vergonha. Os professores dizem ser contra a ofensa, o buling e a violência gratuita que, infelizmente, é tudo o que eles fazem nas manifestações, e não só, na própria escola entre colegas o comportamento é o mesmo. Depois têm o desplante e a pouca vergonha de dizer que a educação vem de casa. Por muito bons educadores que os pais sejam, com professores destes não há qualquer hipótese de se conseguir algo de bom para os nossos filhos. Depois é vermos todos os dias na televisão professores completamente histéricos com uma verborreia digna de um filme de terror que nos humilha a todos. Infelizmente, existem bons professores, muitos deles humilhados com as condições degradantes que o estado os obriga a trabalhar e que estão a ser altamente prejudicados por colegas e sindicatos que não têm a noção do ridículo e que estão a defender principalmente os professores que estão em final de carreira com bons ordenados, colocados perto de casa e com poucas horas letivas para dar. Quando melhoram um pouco as condições dos professores mais prejudicados, os que estão bem e ganham bem ficam muito melhor.

  10. É esta gente que quer educar a juventude,gente que no meu tempo era á pancada que educavam,agora andam a chorar por aumentos .Mudem de profissão a Construção Civil e a agricultura está a precisar de mão de obra.

  11. Os cartazes não se referiam a António Costa mas ele diz que sim porque apresentavam um focinho de porco. Mas na realidade eles diziam respeito a João Costa, ministro da educação. Isto é que vai uma crise!

  12. José Pacheco Pereira CHEGA de seres garoto. Estás a armar-te em esquerdoide para manteres o tacho na CNN. É muito giro ver a ginástica equilibrista de alguns faladores nas televisões só para não serem escorraçados. Dão duas de direitoide e logo de seguida dão duas de esquerdoide. E assim lá vão mamando.

  13. Na minha opinião não vejo racismo nos cartazes, pelo contrário vejo uma falta de princípios ao nível do praticado na bruxaria vodu haitiana com agulhas (neste caso lápis) espetadas nos olhos, que sinceramente nunca pensei ver praticada pela classe que deve acima de tudo ensinar e inculcar princípios de boa convivência e nunca de ódio levado à sua mais escabrosa expressão. Não estavam lá representantes dos sindicatos que poderiam não ter permitido a exposição dos mesmos ou esperaram ver a reação e agora manifestarem-se como virgens ofendidas !

    • Quando é para nomearem miúdos e miúdas de amigos a ganharem mais de 3000€ por mês, para pouco fazerem, a malta acha normal… Pagarem o justo a um professor, a um médico ou a um enfermeiro ou polícia já não! Povo parvo este!

    • Sem dúvida e essa iliteracia leva a que sejam comidos de q.q. maneira, fiando-se nos subsídios, mas como não há almoços grátis mais tarde vão pagá-los e não saímos deste ciclo vicioso.

  14. O problema deste país já não é a corrupção, a incompetência dos governos que governam para eles mesmos. Já não há problema em roubar o povinho! Pagar à banca e à TAP… Malvados dos professores racistas!

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