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Nenhum país do mundo deve alcançar a igualdade de género até 2030

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Nenhum país do mundo está no caminho certo para alcançar a igualdade de género até 2030, de acordo com o primeiro índice a medir o progresso em relação a um conjunto de metas internacionalmente acordadas, às quais aderiram 193 países em 2015.

Mesmo os estados nórdicos, que têm uma pontuação alta na análise, precisariam dar passos largos para cumprir os compromissos de género nas 17 Metas de Desenvolvimento Sustentável (SDG’s, sigla em inglês), constituintes de um modelo que visa acabar com a pobreza e a desigualdade e deter a crise climática até 2030, noticiou o Guardian.

Desenvolvido pela Equal Measures 2030, o Índice de Género SDG, divulgado há uma semana, revelou que 2,8 mil milhões de mulheres vivem atualmente em países que não estão a fazer o suficiente para melhorar as suas vidas.

Nesta análise foram medidos os progressos em 129 países, pontuados de 0 a 100 – em que 100 significa que a igualdade foi alcançada – em 51 aspetos de 14 das metas. Essas metas referem-se especificamente à igualdade de género ou abordam questões que afetam as mulheres, tais como o acesso a serviços bancários móveis, à Internet ou a água potável.

De acordo com o índice, os países com uma pontuação geral de 90 ou mais estão a fazer excelentes progressos, enquanto os que pontuaram 59 ou menos têm um progresso muito fraco no que diz respeito ao cumprimento das metas.

A pontuação geral média para os 129 países – onde moram 95% das mulheres do mundo – foi de 65,7, considerado um resultado fraco. Apenas 21 países alcançaram pontuações acima de 80, com o principal – a Dinamarca – a pontuar 89,3. Outros 21 totalizaram menos de 50 pontos, ocupando o Chade o último lugar da lista, com 33,4.

Portugal ocupa o 16.lugar da tabela, com 83.1 pontos, à frente da Itália (19.ª posição, 81.8 pontos), da Espanha (23.ª posição, 79.7 pontos) e da Grécia (29.ª posição, 77.4 pontos), mas atrás da França (14.ª posição, 84 pontos).

A sub-representação das mulheres no parlamento, as disparidades salariais entre homens e mulheres e a violência baseada no género estavam entre as áreas que todos os países estavam a tentar resolver.

Particularmente preocupante para os envolvidos na compilação do índice foi que mais da metade dos países ter tido uma pontuação fraca nos esforços para alcançar a SDG 5, a meta autónoma para eliminar a desigualdade de género e “empoderar” as mulheres.

Essa meta contém objetivos específicos para eliminar todas as formas de violência contra mulheres, acabar com a mutilação genital feminina e com o casamento infantil, garantir o acesso universal aos cuidados de saúde sexual e reprodutiva e defender os direitos reprodutivos das mulheres.

“Não vejo nenhum país a tomar as ações necessárias para enfrentar problemas intratáveis ​​- até mesmo os países com melhor pontuação”, disse a diretora do Equal Measures 2030, Alison Holder. “Não vejo quão naturalmente esses problemas vão desaparecer. Mesmo entre os melhores países, ainda há problemas enormes”.

Além das preocupações com o lento progresso, afirmou temer que as conquistas possam ser desfeitas, dada a atual reversão das leis de aborto nos Estados Unidos (EUA) e os desafios aos compromissos com os direitos das mulheres na Organização das Nações Unidas (ONU). Os EUA ficaram em 28.º lugar no índice, com uma pontuação de 77,6.

“Está claro que, mesmo em países no topo do índice, o progresso nunca é garantido”, continuou. “Precisamos nos proteger contra países que estão a regredir”.

A diretora executiva da Rede Africana de Desenvolvimento e Comunicação da Mulher (Femnet), Memory Kachambwa, referiu que o que está a acontecer nos EUA, e o poder que o Governo de Donald Trump tem para influenciar os acordos internacionais, estabelecem um precedente preocupante.

“É preocupante a nível internacional, porque permite que outros governos continuem a reprimir as mulheres”, frisou. “As partes que são contra os direitos das mulheres e a igualdade de género estão cada vez mais fortes e são capazes de ter muita influência nos espaços políticos a nível global”.

Embora desapontada com o ritmo da mudança, considera que o índice oferece uma imagem mais clara sobre como os países se estão a sair quanto ao alcance das metas estabelecidas em 2015.

“Quando falamos com os formuladores de políticas, eles dizem que querem as evidências [das desigualdades de género]. Agora temos essas evidências”, acrescentou.

A Europa e os países da América do Norte lideraram o índice, enquanto os últimos lugares foram dominados por estados africanos. No entanto, a análise mostrou que todos os países tinham “pontos de partida diferentes” e, em algumas metas, os estados com um PIB baixo estavam a progredir mais do que outros países mais ricos ou desenvolvidos.

A Dinamarca, por exemplo, está atrás da Geórgia, do Cazaquistão e da Lituânia em educação, em parte porque o país tem uma percentagem menor de mulheres jovens que concluíram o ensino médio. Também tem menos deputadas do sexo feminino do que o Senegal e o Ruanda, apesar de ter um PIB ‘per capita’ 56 vezes superior ao do Senegal.

Os 20 países com menor pontuação totalizaram mais do que as 20 principais nações no que toca a dividir os orçamentos por fatores como o sexo, a idade, a receita ou a região. É mais provável que as mulheres tenham as necessidades de planeamento familiar atendidas no Brasil, na China e no Nicarágua do que no Canadá, na Holanda e na Noruega, por exemplo.

O índice, divulgado na conferência Women Deliver, em Vancouver, será atualizado em 2021 e em reuniões internas regulares, até atingir o prazo de 2030. Os dados para as atualizações serão fornecidos pelas agências da ONU, pelo Banco Mundial, por Organizações Não-Governamentais e por empresas de consultoria.

A Equal Measures 2030 surgiu de uma parceria entre a sociedade civil e o setor privado e inclui a Fundação Bill e Melinda Gates, a International Women’s Health Coalition, a KPMG, a Femnet, a Plan International e a Women Deliver. Criada em 2016, fornece aos defensores dos direitos das mulheres os dados de que necessitam para responsabilizar os governos pelos compromissos com as SDG’s.

TP, ZAP //

1 Comment

  1. Os géneros não são iguais, por isso falar em igualdade de género é uma estupidez sem explicação. Tem de haver equivalência ou equilíbrio de direitos entre homem e mulher. Quere fazer igualdade/paridade forçada, na maioria dos casos leva a brutais injustiças… Da mesma forma que a experiência comunista da URSS ao querer fazer à viva força que as pessoas fossem todas iguais socialmente, levou ao cataclismo que se viu.

    Falar em diversidade e a seguir querer precisamente anular a diversidade, é uma alarvidade sem nome. Não perceber que se os géneros são diferentes, o que é normal é que uns procurem e tenham mais aptidões para certas profissões, e outros para outras, é de uma mentecaptice avassaladora. Não tem de haver igual número de homens e mulheres em todas as profissões. Aliás… Alguém se preocupa se há igual número de mulheres e homens nas profissões pesadas como trolha, ou de alto risco como construção de arranha-céus ou reparação de postes de alta-tensão? Não, claro!.. Aí pára logo a ganância das feministas em querer paridade. É aí e é nas frentes de batalha, na infantaria, nas tropas dos comandos e dos fuzileiros… Ora mandem lá um pelotão de mulheres de tropas especiais combater com um pelotão de homens numa guerra!.. É o mandas!.. Ninguém quer perder a guerra.

    O que se deveria pretender era igualdade de oportunidades e não igualdade de resultados. Para ter igualdade de resultados forçada, tem de se ser desigual nas oportunidades. Havería de facto muito a fazer em relação à igualdade de género, mas isso não passa por obrigar os empregadores a terem igual número de mulheres e homens nas empresas e em cargos de chefia, porque há muitas outras coisas onde há desigualdade:

    – Os tribunais tendem a favorecer sempre as mulheres na guarda dos filhos.
    – Os homens são os maiores causadores de crimes violentos mas também são a maioria das vítimas dos crimes violentos.
    – As mulheres tendem a receber sempre penas mais leves para os mesmos crimes.
    – As mulheres tendem a ter mais sucesso universitário (isso se calhar é mérito mas a sua ausência em posições profissionais é descriminação).
    – Os homens morrem mais nas guerras do que as mulheres.
    – Os homens predominam em trabalhos perigosos e pesados.

    Até frases nos media como “Morreram 300 civis, das quais 130 mulheres e crianças”, são altamente discriminatórias contra o sexo masculino. Crianças eu entendo que se faça ênfase mas… Dar a entender que os homens são “descartáveis” ou que a morte de uma mulher é sempre mais dramática do que a de um homem, é algo que se fosse ao contrário, geraria mais 27 revoltas meetoo.

    Enfim a lista poderia continuar, mas nem vale a pena porque todos este tema está contaminado de ideologia e para quem ainda não percebeu, desde os anos 60 que o feminismo é um lobby de influência política e económica… Não é um movimento pela igualdade.

    MAs a questão da paridade de género no trabalho é mais um exemplo de propaganda ideológica que nada tem a ver com igualdade de oportunidades. Nos países onde a liberdade de escolha é maior, como na Escandinávia, é onde são mais acentuadas as diferenças entre o número de mulheres e homens em certas profissões como Engenheiro vs Enfermeira. Isto acontece precisamente porque quando as pessoas escolhem livremente tendem a fazer aquilo de que gostam… E homens e mulheres tendem naturalmente a gostar de coisas diferentes, não por imposição social/cultural, mas por predisposição inata natural, resultante de diferenças biológicas. Por muito que chateie uma certa ala das ciências sociais de matrix ideológica feminista, estas diferenças naturais tão comprovadas experimental e estatísticamente por métodos científicos actuais. A questão aqui é que este feminismo de matriz marcadamente ideológico, quer por força afirmar que as diferenças entre talentos inclinações naturais de homens e mulheres, são socialmente impostas. Que são adquiridas e não inatas. Mas toda a evidência e dados científicos provam o contrário. Já este feminismo das ciências sociais não é baseado nem corroborado por qualquer estudo controlado ou científico. É meramente ideológico e como tal, muito perigoso. Os géneros não são iguais e, embora haja muitas excepções, em média os homens escolhem LIVREMENTE certos tipos de profissões e as mulheres outros. Por isso quanto mais se implementa liberdade de escolha, maior a diferença de escolhas, fruto das diferenças naturais. Igualdade de oportunidade e igualdade de resultados, não são uma e a mesma coisa. A mim parece-me é que se quer impôr paridade social à força, contra as próprias diferenças biológicas.

    Nunca houve tanta “igualdade” de género no mundo como hoje em dia nos países ocidentais. No entanto é hoje em dia e é nos países ocidentais, que mais se protesta contra desigualdades de género… Não há qualquer coisa de doentio e de suspeito nisto tudo?

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