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Os Neandertais conseguiam matar à distância

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Os Neandertais faziam armas que conseguiam matar à distância, de acordo com um novo estudo arqueológico. Os especialistas acreditam que os homens antigos eram mais avançados cognitivamente do que se pensava anteriormente.

Os resultados do estudo, publicado a 25 de janeiro na revista Scientific Reports, fornece mais luzes acerca do desenvolvimento das inovações técnicas no nosso passado – que incluíam armas desenhadas para matar.

O Neandertal era uma espécie de humano arcaico que viveu na Euroásia há 450 mil anos até há 45 mil anos. O humano moderno, não só partilha um ancestral comum com os Neandertais, como 2% dos genomas dos humanos atuais da Euroásia têm ADN neandertal.

Sabe-se que os neandertais dependiam dos animais como uma importante fonte de comida, mas a forma como adquiriam a carne ainda não é completamente compreendida. Pensava-se que os neandertais eram caçadores oportunistas, mas novas evidências sugerem que, pelo menos há 120 mil anos, eram caçadores suficientemente sofisticados que frequentemente colaboravam em caças com lança.

O artefacto mais antigo que os Neandertais terão usado na caça será uma ponta de lança de madeira com cerca de 400 mil anos, encontrada em 1911 em Clacton-on-Sea, em Inglaterra. Como a lança de Clacton é apenas um fragmento, tem sido difícil determinar como foi usada: seja para caçar, para assustando outros predadores ou para escavar.

Nos fim dos anos 1990, muitas outras pontas de lança e cerca de 16 mil ossos de animais foram descobertos numa mina de lignito em Schöningen, na Alemanha.

Análises revelaram que as “lanças de Schöningen” tinham pelo menos 300 mil anos, colocando-as na época dos neandertais, e também tornando-as as mais antigas armas completamente preservadas no registo arqueológico pré-histórico da Europa. A maioria das lanças foi feita de hastes de abeto e variavam em comprimento de 1,82 a 2,25 metros e em diâmetro de 29 a 47 milímetros.

No entanto, não se sabe como foram usadas. O peso das lanças – entre 760 e 800 gramas – levou a sugestões de que, se atiradas, não teriam viajado muito longe – talvez uns dez metros ou mais. Além disso, não seriam suficientemente rápidas para serem letais.

Mas os investigadores Annemieke Milks e Matt Pope, do Instituto de Arqueologia da University College London, queriam saber se era realmente verdade. Afinal, dardos modernos variam entre 600 e 800 gramas de peso. Também como os dardos modernos, as lanças de Schöningen têm um diâmetro maior – e, portanto, centro de gravidade – no terço dianteiro do eixo.

Para isso, chamaram Owen O’Donnell, um ex-aluno do mesmo instituto e especialista em fazer réplicas das tecnologias da era paleolítica.

Com madeira de árvores norueguesas cultivadas no Reino Unido, O’Donnell fez duas réplicas das lanças de Schöningen, uma com o peso de 760 gramas e outra com 800 gramas. Este processo incluiu o uso de ferramentas de pedra para finalizar as superfícies das lanças, a fim de reproduzir com precisão os originais.

Os investigadores pediram a um grupo de habilidosos lançadores de dardos que usassem as réplicas para a prática de alvos, já que tinham a capacidade de atirar as lanças em alta velocidade, como os caçadores neandertais teriam de fazer.

Os atletas atingiram alvos de até 20 metros de distância com um impacto que teria matado presas – como veados. Vinte metros podem não parecer muito, mas em termos de caça de presas, teria sido suficiente nas condições certas.

O estudo mostra que os neandertais eram suficientemente inovadores para desenvolver armas que expandissem o seu repertório de caça.

Annemieke Milks, que liderou a investigação, explica, “este estudo é importante porque acrescenta ao corpo de evidências que os Neandertais eram tecnologicamente experientes e tinham a habilidade de caçar grandes animais através de uma variedade de estratégias de caça, não apenas encontros próximos arriscados”.

Além disso, demonstra que a flexibilidade comportamental dos Neandertal espelha a nossa própria espécie. “Esta é mais uma evidência que reduz a distância entre os neandertais e os humanos modernos”, disse. “Isto contribui para as visões dos neandertais como nossos primos inteligentes.”

“O surgimento de armas – tecnologia projetada para matar – é um limiar crítico, mas mal estabelecido na evolução humana”, referiu Matt Pope, co-autor do estudo. “Baseamo-nos em ferramentas e ampliamos as nossas capacidades através da inovação técnica. Entender quando desenvolvemos as capacidades para matar à distância é, portanto, um momento sombrio, mas importante, na nossa História.”

ZAP // Forbes

3 Comments

  1. Esta gente tem noção do que escreve, matar á distância? lol

    Morreram de frio, cada uma melhor que a outra, não admira que andem ás voltas com o aquecimento global com um frio destes.

    • Matar à distância, o significado dessa afirmação é bastante óbvio. Sem ler a noticia já sabia que se referiam a lanças ou pedras

    • Devia ser com mísseis! Já agora aprenda a colocar os acentos nos “A”… não vá um Neandertal mandar-lhe um míssil.

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