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Nave espacial secreta chinesa volta à Terra nove meses depois

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Uma nave espacial reutilizável chinesa voltou esta segunda-feira à base, terminado a sua misteriosa missão com sucesso. O veículo espacial esteve 276 dias em órbita.

A agência de notícias estatal chinesa Xinhua News e a fabricante da nave espacial, a Corporação de Ciência e Tecnologia Aeroespacial da China, anunciaram o sucesso da missão. O horário, o local de pouso e outros pormenores da viagem espacial não foram revelados.

No comunicado pode ler-se que “este teste marca um avanço importante na pesquisa de tecnologia de naves espaciais reutilizáveis, que fornecerá uma maneira mais conveniente e barata de fazer um uso pacífico do espaço no futuro”.

A nave já tinha passado dois dias em órbita, em 2020, numa primeira missão. No entanto, nem fotografias nem dados técnicos foram divulgados pelas autoridades espaciais da China.

A misteriosa nave espacial, segundo o South China Morning Post, tem o potencial de pôr em órbita satélites – de comunicação e navegação – ou outros tipos de sensores, que podem ser usados para fins militares ou governamentais.

Semelhanças com o X-37B

Com base na capacidade de carga do foguetão Long March 2F, que lançou a nave chinesa para o espaço no dia 4 agosto do ano passado, os especialistas acreditam que o tamanho e o desenho desta nave chinesa são muito semelhantes ao Boeing X-37B, da Força Aérea dos EUA. Afinal, não é só no secretismo que se assemelham.

 

O Boeing X-37B tem cerca de nove metros de comprimento, três metros de altura e um peso de cerca de cinco toneladas. O desenho compacto e simplificado permite que o X-37B opere com eficiência, e ao mesmo tempo encaixe nas restrições dos veículos de lançamento existentes.

Vantagens e desafios das naves reutilizáveis

Nos últimos anos, a China e os EUA têm vindo a desenvolver naves espaciais reutilizáveis não tripuladas.

Estas aeronaves trazem algumas vantagens: são mais baratas; mais fáceis de projetar e operar; por norma, também são mais pequenas e, por isso, podem ser lançadas por foguetões mais modestos.

Além disso, ao contrário da maioria das naves, que normalmente são de uso único, este tipo de naves pode ser utilizada várias vezes – o que permite viagens espaciais mais eficientes, a um custo menor.

No entanto, existem ainda muitos desafios no desenvolvimento de naves espaciais reutilizáveis.

No que diz respeito à blindagem térmica, as naves devem ser capazes de resistir a flutuações extremas de temperatura, à medida que alternam entre a exposição solar e a sombra.

É necessário também que as naves estejam ornamentadas de sistemas de propulsão e de pouso robustos e confiáveis. O sistema de propulsão deve ser projetado de forma cuidada, para garantir que a nave possa fazer pequenos ajustes de trajetória necessários.

Os períodos muito longos em órbita podem trazer complicações, nomeadamente no fornecimento de energia à nave, pelo que é preciso equipar as naves com painéis solares avançados ou outros sistemas que consigam operar no espaço.

Por fim, estando a nave no espaço por um longo período de tempo, é necessário que haja um controlo preciso sobre a sua trajetória e orientação – fator que pode ser sempre afetado por forças gravitacionais, ventos solares e outros fenómenos atmosféricos.

Miguel Esteves, ZAP //

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