“Não vamos ceder”. Congressistas Democratas detidas durante protesto no Supremo em defesa do direito ao aborto

Jim Lo Scalzo / EPA

Entre o grupo de congressistas que participaram no protesto destacam-se com rostos da ala progressista como Alexandria Ocasio-Cortez, Ilhan Omar, Rashida Tlaib, Cori Bush ou Ayanna Pressley.

Várias congressistas Democratas foram ontem detidas por participarem um protesto em frente ao Supremo Tribunal dos Estados Unidos em defesa do direito ao aborto.

Usando bandanas inscritas com a frase “Won’t Back Down” (Não vamos ceder), as representantes marcharam desde o Capitólio até ao Supremo, gritando “o nosso corpo, a nossa escolha”.

Há semanas que o edifício do Supremo tem estado sob forte protecção policial depois da decisão dos juízes de reverter a decisão Roe v. Wade que garantia o direito federal do aborto, o que despoletou uma onda de críticas e manifestações. O edifício também está protegido com uma vedação que impede os manifestantes de a escalar.

Apenas dois minutos depois do início do protesto, a polícia ordenou que as representantes se retirassem, mas as congressistas sentaram-se na rua e continuaram a protestar. Os agentes começaram depois a detê-las, enquanto estas gritavam “O povo, unido, nunca será dividido“, escreve a CNN.

No total, foram detidas 34 pessoas, entre elas 18 membros do Congresso, incluindo os membros da “Squad”, o grupo de representantes progressistas composto por Ayanna Pressley, Alexandria Ocasio-Cortez, Ilhan Omar e Rashida Tlaib.

Outras congressistas da ala progressista, como Cori Bush ou Barbara Lee também foram levadas pelas forças policiais.

Num comunicado, Carolyn Maloney, representante de Nova Iorque que também foi detida, disse que o estava a fazer pelas mulheres de outros estados. “Tenho o privilégio de representar um estado onde os direitos reprodutivos são respeitados e protegidos, o mínimo que posso fazer é dar o meu corpo às balas pelos 33 milhões de mulheres que estão em risco de perder os seus direitos”, explicou.

Após a decisão história do Supremo, o aborto já foi banido em 12 estados e está ameaçado ou prestes a ser proibido em mais 16. Os estados do Utah e do Louisiana também tinham avançado com leis para proibir o procedimento, mas foram entretanto bloqueadas e aguardam a decisão da justiça.

A reversão motivou uma onda de protestos por todo o país, especialmente nos estados Republicanos onde as leis mais restritivas entraram em vigor. Os homens norte-americanos também começaram a marcar vasectomias como consequência da decisão do Supremo.

A maioria de juízes ultraconservadores do Supremo, tendo três dos nove sido nomeados por Donald Trump, também já levantou dúvidas e receios sobre se o casamento entre pessoas do mesmo sexo ou o acesso aos métodos contraceptivos também podem estar em risco de ser os próximos direitos a cair.

Adriana Peixoto, ZAP //

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