/

Na Polónia que preparem os “pezinhos” (desta vez não é Fernando Santos)

MICAM

Há um ano, Fernando Santos foi despedido da seleção de futebol da Polónia. Não correu bem e deixou más memórias. Contudo, agora, os polacos terão de voltar a preparar os pés para o que aí vem de Portugal.

O mercado polaco é a próxima paragem na estratégia de diversificação da indústria portuguesa de calçado para mercados “pouco tradicionais”, estando a associação empresarial a preparar uma ação promocional naquele país em outubro.

“Depois da Coreia do Sul e dos EUA, a Polónia”, avança a Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS) em comunicado, detalhando que “Cracóvia é o novo destino que se segue no horizonte do calçado português”.

Com uma população de 37 milhões de habitantes, a Polónia viu o Produto Interno Bruto (PIB) ‘per capita’ crescer 37% nos últimos cinco anos, para 28.200 euros, e, embora este indicador se situe abaixo da média de 35.500 euros da União Europeia (UE), o país representa já 3,9% do PIB total da União.

Neste cenário, a APICCAPS diz estar a preparar uma ação promocional aquele país em outubro, em conjunto com a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) e com o apoio do programa Compete 2030, dando continuidade à “ofensiva promocional do calçado português por novas oportunidades de negócio em mercados pouco tradicionais”.

“Começámos estas ações cirúrgicas no último ano na Hungria, continuamos este ano na Coreia do Sul e é chegado o momento de investirmos na Polónia. Em simultâneo, estamos a reforçar de forma significativa as nossas ações nos EUA”, destaca o presidente da APICCAPS, Luís Onofre.

“Continuamos a viver um período conjunturalmente muito complexo, que exige das nossas empresas uma atitude comercial mais agressiva”, enfatiza.

De acordo com o World Footwear Yearbook, todos os anos a Polónia importa cerca de 250 milhões de pares de calçado, num valor superior a 4.000 milhões de dólares (cerca de 3.630 milhões de euros). Em 2022, último ano para o qual há dados disponíveis, a China detinha uma quota de 60% das importações.

Ainda assim, a APICCAPS nota que “havia espaço para outros ‘players’, como Itália, que exportou para a Polónia 190 milhões de dólares (cerca de 172,4 milhões de euros).

Citado no comunicado, o coordenador do Plano Estratégico do Cluster do Calçado 2030, Vasco Rodrigues, destaca que o esforço de promoção internacional do setor “carece de foco geográfico”: “Os meios ao dispor não são ilimitados e a sua eficiente aplicação requer que sejam canalizados para os mercados em que a probabilidade de tradução em vendas adicionais seja mais elevada”, sustenta.

O responsável refere que “mercados em crescimento oferecem, obviamente, melhores perspetivas de sucesso comercial”, sendo a quantidade de calçado adquirida num determinado país “fundamentalmente determinada pelo número e pela situação económica dos seus habitantes”, embora “muitos outros fatores, desde o clima à estrutura etária da população, sejam também relevantes”.

Neste contexto, salienta, “as perspetivas de evolução da população e do PIB ‘per capita’ de cada país sugerem que, na próxima década, será sobretudo na Ásia e em África que o consumo de calçado mais aumentará”.

Já entre as economias avançadas, o plano estratégico do calçado aponta destaca os EUA como o país que oferece melhores perspetivas, nomeadamente quando se considera, adicionalmente, a dimensão do mercado.

Quanto à Europa, dado “o menor crescimento previsional do PIB ‘per capita’” que apresenta, entre todos os continentes, e a “forte probabilidade de diminuição e envelhecimento da população”, é “o continente onde o crescimento do consumo de calçado deverá ser mais reduzido”.

Ainda assim, a APICCAPS ressalva que “a quantidade de calçado consumido em cada país não é um indicador suficiente para orientar os esforços comerciais da indústria portuguesa de calçado”: “Diferentes países apresentam diferentes padrões de consumo e uns adequam-se melhor do que outros à sofisticação e criatividade, e consequente preço, que caracterizam a oferta portuguesa”, nota.

ZAP // Lusa

Siga o ZAP no Whatsapp

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.