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Museu do Prado admite discretamente o erro e volta a atribuir “El Coloso” a Goya

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“El coloso”, de Francisco de Goya

O Museu do Prado reacendeu um debate sobre uma das pinturas mais conhecidas de Francisco de Goya, reatribuindo-a ao artista espanhol depois de ter defendido, durante mais de uma década, que se tratava do trabalho de um seguidor do pintor.

A autoria do quadro suscitou uma grande controvérsia entre os especialistas nos últimos 10 anos, mas chegou agora ao fim. El coloso terá sito pintado por Francisco de Goya, entre 1818 e 1825, e é uma alegoria da melancolia espanhola depois das forças francesas sob o domínio de Napoleão terem derrotado e ocupado Espanha durante a Guerra Peninsular.

Segundo o Heraldo, a polémica estalou em 2008, quando Manuela Mena, diretora da Conservação da Pintura do século XVIII do museu, disse que El coloso não era obra de Goya. Meses depois, o website da galeria de arte publicou um relatório no qual Mena defendia a sua tese.

Pouco tempo depois, no rótulo que acompanhava a pintura, lia-se que o seu autor era um “seguidor de Goya“. E assim continuou, até terça-feira.

A questão tornou-se bastante controversa porque, em 2010, universidades espanholas e vários peritos assinaram um manifesto de apoio à autoria do artista aragonês.

Historiadores como Jesusa Vega, Nigel Glendinning ou Carlos Foradada publicaram artigos e livros nos quais defendiam a atribuição da pintura ao artista. Glendinning, que faleceu em 2013, dedicou inclusive o seu último artigo ao assunto, tendo sido publicado postumamente no Bulletin of Spanish Studies.

Perante o engano, o museu espanhol retificou a autoria da pintura e devolveu-a a Goya. O El Diario escreve que a direção do Prado aproveitou a apresentação da reorganização das 12 salas dedicadas à arte do século XIX para colocar novamente o quadro em exposição.

El coloso é uma figura masculina de proporções gigantescas, rodeada de nuvens, com o punho esquerdo levantado. Na parte inferior, há homens e mulheres, carruagens e animais, todos de tamanho muito reduzido.

A obra chegou ao Museu do Prado em 1931, tendo sido aceite e admirada como a expressão máxima de Goya. Ao longo do século XX, tornou-se uma das obras mais citadas na bibliografia do artista e uma das mais populares.

Liliana Malainho, ZAP //

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