O mundo era “mais seguro na Guerra Fria”. Rússia colocou agentes na Ucrânia antes da invasão

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U.S. Pacific Fleet / Flickr

Stephen Lovegrove, à esquerda

A Europa e os Estados Unidos (EUA) correm o risco de entrar numa guerra nuclear porque não dialogarem o suficiente com a Rússia e com a China, disse o conselheiro de segurança nacional do Reino Unido, Stephen Lovegrove, afirmando as potências rivais se entendiam melhor durante a Guerra Fria.

Nos próximos dias, o Presidente dos EUA, Joe Biden, e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, devem conversar por telefone. Será a primeira ligação entre os dois líderes desde março, na qual devem discutir as tensões sobre Taiwan e tarifas impostas por Donald Trump sobre as importações chinesas.

Durante uma palestra no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais em Washington, Lovegrove indicou que, ao longo das décadas da Guerra Fria, as potências ocidentais se beneficiaram de negociações que “melhoraram a nossa compreensão sobre a doutrina e as capacidades soviéticas – e vice-versa”.

“Isso deu-nos um nível mais alto de confiança de que não erraríamos o nosso cálculo (…) hoje não temos os mesmos fundamentos com outros que nos podem ameaçar no futuro – em especial a China. A confiança e a transparência construídas através do diálogo também nos permitem ser mais ativos em denunciar maus comportamentos”.

Citado pela BBC, Lovegrove disse que o risco de um “conflito descontrolado” está a aumentar devido repetidas violações da Rússia a tratados, ao ritmo de expansão do arsenal nuclear da China, ao perigo do avanço da tecnologia e ao número de governos que desenvolvem armas.

“Devemos tomar medidas precoces para renovar e fortalecer a construção de confiança, reduzindo – ou mesmo eliminando – as causas da desconfiança, do medo, das tensões e das hostilidades”, disse ainda.

Rússia colocou agentes na Ucrânia antes da invasão

Moscovo enviou agentes secretos para a Ucrânia muito antes do início da invasão ao país, a 24 de fevereiro, revelou uma investigação divulgada na quinta-feira pela Reuters, que descobriu provas de uma operação do Kremlin para infiltrar espiões no Estado ucraniano.

A agência informou que a queda da cidade e central de Chernobyl, no primeiro dia da invasão, “não foi um acidente”, mas parte de uma “longa” operação de infiltração. Assim, não terá sido só a superioridade das forças russas que levou a que os 169 membros da Guarda Nacional da Ucrânia se rendessem em menos de duas horas.

“Além do inimigo externo temos, infelizmente, um inimigo interno e este não é menos perigoso”, revelou em entrevista o secretário do Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia, Oleksi Danilov.

Segundo o responsável, para quem os informadores têm de ser “neutralizados” a todo o custo, no início da invasão russa existiam agentes nos setores da defesa, segurança e justiça.

Uma outra fonte disse ainda à Reuters que, no ano passado, foram enviados agentes para Chernobyl com o objetivo de subornar os oficiais e preparar a captura da fábrica.

Cinco fontes que conheciam os preparativos militares russos explicaram também que os planeadores da guerra acreditavam que, com os agentes infiltrados, seria preciso apenas uma pequena força militar e alguns dias para forçar a saída da administração do Presidente Volodymyr Zelenskyy.

Ucranianos “forçados” a juntar-se ao exército russo

Os ucranianos detidos estão a ser enviados “em massa” para uma rede de prisões e campos de filtração, divulgou na quinta-feira o serviço secreto polaco, citado pela SkyNews. Nesses campos, é verificada a experiência em combate das pessoas, se são funcionárias de administrações ucranianas e qual a posição sobre a Rússia.

O serviço polaco disse que aqueles que não colocam objeções são deportados para a Rússia e alguns são “recrutados à força” para o exército russo. Posteriormente são enviados para lutar na Ucrânia. Já os que não cumprem são “forçados a testemunhar” contra o país ou levados para um tribunal como parte de “propaganda”.

Os EUA estimam que 75 mil combatentes russos já foram mortos ou ficaram feridos desde o início da invasão. “Fomos informados de que mais de 75 mil russos foram mortos ou feridos, o que é enorme”, confirmou na quarta-feira a deputada Elissa Slotkin à CNN.

Sobre os dados avançados, o porta-voz do Kremlin, Dimitry Peskov, reagiu: “Este não é um comunicado da administração americana (…) Atualmente nem mesmo os jornais mais conceituados se coíbem de espalhar todo o tipo de falsidades”.

Na quarta-feira, o Presidente ucraniano já tinha divulgado que a Rússia perdeu até agora 40 mil membros do exército e que outras dezenas de milhares de russos ficaram feridos ou mutilados.

Taísa Pagno , ZAP //

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2 Comments

  1. Coitadas das pessoas que viviam nos países de leste durante a guerra fria. Não tinham direito a nada, nem qualquer liberdade, passavam fome……etc , etc….quem defende da cortina de ferro é um nabo.

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