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Redescoberta de mundo “perdido” é um passo em frente para encontrar planetas habitáveis

(dr) Universidade de Warwick

O NGTS (Next-Generation Transit Survey) situado no Deserto do Atacama, no Chile

A redescoberta de um planeta perdido poderá pavimentar o caminho para a deteção de um mundo dentro da zona habitável de um sistema solar distante.

O planeta, do tamanho e massa de Saturno com uma órbita de 35 dias, está entre centenas de mundos “perdidos” onde astrónomos da Universidade de Warwick estão a utilizar um novo método para rastrear e caracterizar na esperança de encontrar planetas mais frios como aqueles no nosso Sistema Solar, e até planetas potencialmente habitáveis.

Relatado The Astrophysical Journal Letters, o NGTS-11b orbita uma estrela a 620 anos-luz de distância e está localizado cinco vezes mais perto da sua estrela do que a Terra do Sol.

O planeta foi originalmente descoberto por um levantamento exoplanetário em 2018 usando dados do telescópio TESS da NASA. O TESS usa o método de trânsito para avistar planetas, procurando a luz reveladora da estrela que indica que um objeto passou entre o telescópio e a estrela.

No entanto, o TESS apenas analisa secções do céu durante 27 dias. Isto significa que muitos dos planetas de período maior apenas transitam uma vez nos dados do TESS.

A equipa liderada pela Universidade de Warwick acompanhou um destes planetas “perdidos” usando os telescópios NGTS (Next-Generation Transit Survey) no Chile e observou a estrela durante setenta e nove noites, eventualmente avistando o planeta a transitar pela segunda vez quase um ano após o primeiro trânsito detetado.

Samuel Gill, do Departamento de Física da Universidade de Warwick, disse: “Ao perseguir o segundo trânsito, encontrámos um planeta de período mais longo. Esperamos que seja a primeira de muitas descobertas levando a períodos mais longos.

“Estas descobertas são raras, mas importantes, pois permitem-nos encontrar planetas com períodos mais longos do que outros astrónomos estão a encontrar. Planetas com períodos mais longos são mais frios, mais parecidos com os planetas do nosso próprio Sistema Solar.

“NGTS-11b tem uma temperatura de apenas 160º C – mais frio que Mercúrio e Vénus. Embora ainda seja quente demais para suportar vida como a conhecemos, está mais perto da zona habitável do que muitos planetas descobertos anteriormente, que normalmente têm temperaturas acima dos 1000º C.”

A zona habitável refere-se à gama de órbitas que permitem que um planeta ou lua suporte água líquida: demasiado perto da sua estrela e será demasiado quente, mas muito distante e será demasiado frio.

Daniel Bayliss, coautor do estudo e também da Universidade de Warwick, explicou que “este planeta está numa órbita de 35 dias, o que é um período muito mais longo do que normalmente encontramos. É excitante ver a zona habitável quase ao nosso alcance.”

Pete Wheatley, professor e também coautor e da mesma universidade, acrescentou que “o trânsito original apareceu apenas uma vez nos dados do TESS, e foi o trabalho de detetive da nossa equipa que nos permitiu encontrá-lo novamente um ano depois com o NGTS.

“O NGTS possui doze telescópios de última geração, o que significa que podemos monitorizar várias estrelas por meses a fio, à procura de planetas perdidos. A diminuição de brilho durante o trânsito corresponde apenas a 1% e ocorre apenas uma vez a cada 35 dias, colocando-o de fora do alcance de outros telescópios.”

“Existem centenas de trânsitos únicos detetados pelo TESS que vamos estar a monitorizar usando este método. Isto permitirá descobrir exoplanetas mais frios de todos os tamanhos, incluindo planetas mais parecidos com os do nosso próprio Sistema Solar. Alguns serão pequenos planetas rochosos na zona habitável, frios o suficiente para hospedar oceanos de água líquida e potencialmente vida extraterrestre”, rematou Gill.

// CCVAlg

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