A múmia mais antiga do mundo foi encontrada em Portugal

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Hayley L. Mickleburgh

Registo do processo de mumificação.

A múmia mais antiga do mundo foi encontrada em Portugal através de fotografias tiradas há cerca de 60 anos, no vale do Sado.

Nos anos 1960, o arqueólogo Manuel Farinha dos Santos tirou várias fotografias a esqueletos encontrados em sepulturas com 8 mil anos, dos concheiros de Arapouco e de Poças de São Bento, no vale do Sado.

As escavações, feitas há cerca de 60 anos, foram orientadas por Manuel Heleno, então diretor do Museu Nacional de Arqueologia (MNA).

Agora, uma equipa de investigadores liderada pela bio-arqueóloga Rita Peyroteo-Stjerna analisou os três rolos de filme por revelar que estavam “perdidos” no arquivo pessoal de Manuel Farinha dos Santos.

Pelo menos um dos corpos tinha sido mumificado, para que provavelmente fosse mais fácil transportá-lo para a sepultura. Os resultados sugerem que as múmias humanas mais antigas não vêm do Egito ou do Chile, mas sim da Europa.

Os resultados foram recentemente publicados na revista científica European Journal of Archaeology.

Rita Peyroteo-Stjerna et al.

“O que dizemos, e pela primeira vez no contexto do Mesolítico europeu, é que estas populações já estavam preocupadas com a forma como o corpo ia a enterrar e que recorriam à dessecação através da mumificação para manter a sua integridade anatómica”, explica a coautora Rita Peyroteo-Stjerna, em declarações ao Público.

A múmia identificada em Portugal é a mais antiga já encontrada, escreve o Live Science, e antecede outros recordistas — como as múmias do deserto do Atacama, no Chile, em cerca de 1.000 anos.

“Nos concheiros do Sado os indivíduos estão completamente esqueletizados, o que significa que já não têm uma aparência mumificada”, salienta Peyroteo-Stjerna.

A observação foi feita apenas a partir de fontes documentais, já que as ossadas dos indivíduos estudados estão à guarda do Museu Nacional de Arqueologia, alguns dos quais distanciados do contexto de enterramento.

Manuel Farinha dos Santos / Arquivo

Esqueleto escavado em Arapouco, em 1962.

Esqueleto escavado em Arapouco, em 1962.

“É muito difícil fazer essas observações, mas é possível com métodos combinados e trabalho experimental”, disse a arqueóloga ao Live Science.

Apesar das limitações, os investigadores concluíram que os corpos tinham sido preparados antes de serem sepultados, de maneira até aqui desconhecida. Tendo em conta a posição do corpo, é provável que tenham sido colocados assim com recurso a cordas ou faixas — das quais, hoje, já não há vestígios.

“Há um padrão de hiperflexão extrema nestes corpos. As pernas estão fletidas contra o peito e os braços sobre o abdómen”, retrata a investigadora ao jornal português.

Os autores sugerem que o tratamento aplicado aos cadáveres antes do enterramento passaria por deixar o corpo a curar — a secar ao calor do fogo ou do sol.

Daniel Costa, ZAP //

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9 Comments

  1. Isto prova que os portugueses são dos povos mais antigos do mundo aliás facto reconhecido pelo estudo genético onde se fala na especificidade de certas combinações unicas do nosso povo.

      • Precisamente, a única coisa que encontra é esse vídeo que é simplesmente um documentário do canal História que apenas faz vídeos sensacionalistas.
        Não há uma única publicação científica que faça tais afirmações.
        A questão dos genes HLA (que estão relacionados co, o sistema imunitários), apenas diz “Apesar do Norte, Centro e Sul de Portugal não serem significativamente diferentes nas frequências dos alelos, este estudo mostra que as frequências dos alelos e haplótipos HLA não são homogéneas no país. O Norte e o Sul de Portugal mostram mais semelhança com os norte-africanos em oposição ao Centro, que parece mais próximo dos europeus.”
        Esta frase está publicada nas conclusões de um estudo científico, o resto é apenas teatro (ou vídeo) para americano ver.
        https://digituma.uma.pt/handle/10400.13/2150

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