Esposa de Alexei Navalny emociona o mundo (e deixa um aviso a Putin)

Yulia Navalnaya, esposa de Alexei Navalny, esteve na Conferência de Segurança em Munique, logo depois do anúncio da morte do marido numa prisão russa. Fez um discurso que está a emocionar o mundo, com recados a Putin, e acabou aplaudida de pé.

“Pensei, durante muito tempo, se devia vir aqui ou voar directamente para junto dos meus filhos. E depois, pensei no que Alexei faria no meu lugar. E tenho a certeza de que ele estaria aqui”. Estas foram as primeiras palavras de Yulia Navalnaya no discurso perante a audiência da Conferência de Segurança em Munique.

Depois, a mulher do principal opositor de Putin, presidente da Rússia, nos últimos anos, apontou que não sabe se deve, ou não, “acreditar nas terrríveis notícias que só recebemos de fontes governamentais na Rússia”.

“Não podemos acreditar em Putin e no Governo de Putin. Estão sempre a mentir”, sublinhou.

Mas “se for verdade, quero que Putin e todos à sua volta, os amigos de Putin, o seu Governo, saibam que vão ser responsabilizados pelo que fizeram ao nosso país, à minha família e ao meu marido. E esse dia virá muito em breve“, avisou Yulia Navalnaya.

A mulher de Navalny também pediu “a toda a comunidade mundial” e “a todas as pessoas pelo mundo” para que “nos unamos todos juntos e derrotemos este diabo” e o “regime horrível que agora é a Rússia“.

“O regime e Vladimir Putin têm que assumir a responsabilidade pessoal por todas as coisas terríveis que estão a fazer ao meu país”, acrescentou Yulia.

Navalny terá morrido durante caminhada

O advogado de Navalny está a caminho da localidade onde o activista político estava preso, para confirmar a sua morte.

Navalny tinha 47 anos e estava a cumprir uma pena de prisão de 19 anos no Ártico, depois de ter sido condenado por extremismo.

Fontes governamentais russas informaram que se sentiu mal durante uma caminhada e que acabou por morrer depois da chegada de uma ambulância e de tentativas de reanimação. A causa da morte está ainda a ser apurada.

Alexei Navalny era o principal opositor de Vladimir Putin e fez uma campanha contra a corrupção no país, organizando protestos massivos contra o Kremlin. Chegou a ser vítima de uma tentativa de envenenamento quando se encontrava na Alemanha.

Apesar disso, resolveu voltar à Rússia em 2021, mesmo sabendo que, provavelmente, seria detido. Nessa altura, alegou que voltava para defender “as suas convicções”.

“Não quero desistir do meu país ou das minhas crenças. E não posso trair nem o primeiro, nem as segundas”, sublinhou. “Se as tuas crenças valem alguma coisa, deves estar disposto a defendê-las. E se necessário, a fazer alguns sacrifícios“, reforçou também.

Detenções em Moscovo durante homenagens a Navalny

Mais de cem pessoas foram detidas em diversas concentrações na Rússia em memória de Navalny, conforme dados da organização não-governamental (ONG) OVD-Info.

Segundo a contabilização publicada pela ONG, “mais de 101 pessoas foram detidas em dez cidades, a maioria das quais em São Petersburgo”.

Ao longo da noite, foram colocados tributos florais a Navalny junto a vários memoriais, mas acabaram removidos por grupos de desconhecidos enquanto a polícia observava, conforme se vê em vídeos e fotografias colocados nas redes sociais.

Homens mascarados, provavelmente agentes do FSB, a agência que sucedeu o KGB, retirando flores que foram depositadas em homenagem a Alexei Navalny, que morreu ontem em uma prisão na Sibéria em circunstâncias ainda não esclarecidas. pic.twitter.com/7OmISkTqpy

— Hoje no Mundo Militar (@hoje_no) February 17, 2024

Em Moscovo, os tributos foram retirados de um memorial junto à sede dos serviços de segurança russos, mas de manhã já havia novamente flores no local.

No sábado, a polícia bloqueou o acesso a um memorial na cidade siberiana de Novosibirsk e deteve várias pessoas, segundo a OVD-Info.