Mudanças no vórtice polar estão a mergulhar partes dos EUA num congelamento profundo

Os cientistas descobriram que alterações no vórtice polar que estão a congelar partes dos EUA. Há padrões estratosféricos a controlar estas vagas de frio.

Apesar de as temperaturas globais estarem a aquecer, os Invernos no Hemisfério Norte continuam a ser marcados por vagas de frio e episódios extremos de queda de neve.

Um estudo publicado recentemente na Science Advances sugere que estes extremos de frio se devem a um padrão cada vez mais comum no vórtice polar, a zona de baixa pressão que normalmente circula sobre o Ártico.

As perturbações nessa zona fazem com que se deforme e estique, lançando ar frio no Canadá e nos EUA; tornando-se mais comuns à medida que o Ártico aquece.

“O frio extremo e o inverno rigoroso, as fortes tempestades de neve e a neve profunda estão associados a estes fenómenos de estiramento”, explicou um dos líderes do estudo, Judah Cohen do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), à Live Science.

A equipa de investigação analisou a forma como estes eventos evoluem na estratosfera, a camada intermédia da atmosfera que começa a cerca de 19 quilómetros de altitude.

Normalmente, o vórtice polar circula à volta do Pólo Norte como um pião. Ocasionalmente, entra em colapso dramático, o que normalmente leva o ar polar a precipitar-se para o norte da Europa e da Ásia. Estes colapsos podem, por vezes, provocar vagas de frio na América do Norte.

Dois padrões “especiais”

O novo estudo analisou dados da estratosfera provenientes de observações por satélite entre 1980 e 2021, bem como registos meteorológicos de inverno do mesmo período. Descobriu-se que, sem um colapso total, o vórtice polar oscila e estica-se frequentemente, como um “patinador artístico que estende um braço para se equilibrar numa rotação complicada”.

Havia cinco padrões comuns diferentes na estratosfera. Dois deles em particular estavam ligados ao facto de o tempo frio chegar ao Canadá e aos EUA, durante estes fenómenos de alongamento.

Um dos padrões estratosféricos tende a trazer ar frio para a costa leste, enquanto o outro cria um frio na região do meio-oeste e das planícies.

Desde 2015, o padrão ocidental tem sido mais comum. Não se sabe muito bem porquê, mas esta mudança parece estar associada ao La Niña, um padrão de temperaturas invulgarmente frias no Oceano Pacífico equatorial.

Nas últimas duas décadas, registaram-se vários eventos La Niña plurianuais.

Hemisfério Norte é o Sul do futuro?

Uma grande questão é saber como é que astendências do vórtice polar podem mudar ao longo do tempo à medida que o globo aquece. Cohen e a sua equipa têm estado a analisar essa questão.

“Atualmente, o derretimento do gelo marinho está a aumentar as diferenças de temperatura entre o oeste e o leste, reforçando a onda que pode perturbar o vórtice”, disse Cohen.

Se o gelo marinho desaparecesse, o padrão poderia entrar em colapso e inverter-se. Nesse cenário, em vez de invernos surpreendentemente frios, apesar do aquecimento global, o inverno poderia tornar-se subitamente muito mais quente.

Poderíamos tornar-nos mais parecidos com o Hemisfério Sul, onde raramente se dá uma rutura do vórtice polar; e isso significaria provavelmente latitudes médias mais quentes e um Ártico mais frio”, referiu Cohen, à Live Science.

ZAP //

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