Terminou o El Niño. La Niña está à espreita

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As águas do Pacífico arrefeceram. El Niño acabou e entrou em fase neutra, notam as agências internacionais de meteorologia. Segue-se (provavelmente) o La Niña — que nos próximos três anos poderá trazer invernos mais frios e secos em algumas regiões e mais chuvosos e frescos em outras. 

Terminou o fenómeno ‘El Niño’ de 2023/24, que alimentou o aumento das temperaturas globais e das condições meteorológicas extremas no mundo, assinalou esta quinta-feira o Centro de Previsão Climática da agência de meteorologia norte-americana NOAA, que alterou o estado do fenómeno para “neutro”.

A caminho poderá estar agora o La Niña, adianta a NOAA, que considera haver uma probabilidade de 65% de que o fenómeno, caracterizado pelo arrefecimento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial e que pode alterar padrões climáticos em todo o mundo, se manifeste entre Julho e Setembro.

Também o Gabinete de Meteorologia da Austrália, BoM, deu esta sexta-feira a notícia do fim do fenómeno que marcou as condições meteorológicas nos últimos 12 meses. “O Gabinete mudou o alerta El Niño para um alerta de La Niña“.

Embora as condições no Oceano Pacífico tropical sejam atualmente neutras, diz a nota do BoM, “há alguns sinais de que se poderá formar uma La Niña no Oceano Pacífico no final de 2024″.

É importante notar, no entanto, que existe uma probabilidade semelhante de o Oceano Pacífico tropical permanecer neutro, salienta a agência australiana, que acrescenta que a mudança para o “estado de alerta de La Nina” não significa que o Bureau esteja a declarar que está em curso um evento La Niña.

No início do mês, uma nota da Organização Meteorológica Mundial (OMM) tinha adiantado que o El Niño estava a dar sinais de acabar. Este fenómeno meteorológico  ocorre em média a cada dois a sete anos e os episódios duram geralmente entre nove a 12 meses.

O fenómeno climático natural está associado ao aumento das temperaturas da superfície no centro e leste do Oceano Pacífico tropical, provocando seca, em algumas partes do mundo, e fortes chuvas, noutras. Gera um efeito em cadeia que influencia o estado do tempo em vários pontos de todo mundo.

Segundo as previsões então divulgadas pela OMM, havia uma probabilidade de 50 a 60% de que houvesse um retorno no segundo semestre deste ano às condições características do ‘La Niña’, probabilidade que aumentaria para 70% em setembro.

Sai El Niño, entra La Niña

Os fenómenos La Niña e o El Niño fazem parte de um ciclo climático natural conhecido como “El Niño Oscilação Sul” (ENSO), cuja dinâmica é extremamente importante para os agricultores de todo o mundo.

Ao contrário do El Niño, o La Niña, corresponde ao arrefecimento anómalo das águas superficiais do oceano Pacífico, formando o que vulgarmente se designa como ‘piscina de águas frias’ neste oceano, de acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

O fenómeno “produz fortes mudanças na dinâmica geral da atmosfera, alternando o comportamento climático”. Atinge a intensidade máxima no final de cada ano e dissipa-se, na maioria dos casos, em meados do ano seguinte.

De acordo com a agência da ONU, os efeitos de cada evento de ‘La Niña’ variam consoante a intensidade, duração, época do ano em que se desenvolvem e a interação com outras variáveis climáticas.

A OMM salienta, no entanto, que o padrão climático cíclico ‘El Niño’ Oscilação Sul – que inclui os fenómenos opostos ‘El Niño’ e ‘La Niña’ – acontece agora no contexto das alterações climáticas induzidas pelas atividades humanas que “estão a aumentar as temperaturas globais, a agravar as condições meteorológicas e climáticas extremas e a afetar os padrões sazonais de chuva e temperatura”.

“O nosso clima vai continuar a ser mais extremo por causa do calor e da humidade extras na nossa atmosfera”, alertou, citada no comunicado, a subsecretária-geral da OMM, Ko Barrett.

As previsões da OMM sugerem persistência de temperaturas acima do normal em quase todas as áreas terrestres e precipitação acima do normal no extremo norte da América do Sul, na América Central, no nordeste africano, na região do Sahel e em áreas do sudoeste asiático devido em parte aos “impactos típicos da fase inicial das condições do ‘La Niña'”.

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