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Preços “loucos” das casas: 8 motivos para números sem precedentes

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Steven Fruitsmaak / Wikimedia

Apartamentos na Praia da Rocha, Portimão

Ao longo dos últimos cinco anos, comprar uma casa ficou (no mínimo) 50% mais caro em 66 concelhos. E a descida não será em breve.

Quem comprou uma casa por 100 mil euros há cinco anos, provavelmente, conseguiria agora vender a mesma casa por 150 mil euros. Ou mais.

O mercado da habitação atingiu números inéditos. Nem a pandemia, nem a guerra travaram está subida.

As tabelas do Instituto Nacional de Estatística confirmam a tendência que se acentuou desde 2018.

Em Agosto desse ano, o preço médio do metro quadrado era menor do que 1.000 euros em 87 concelhos; agora isso só acontece em 24 concelhos.

Além disso, entre Agosto de 2018 e Agosto de 2023, entre os 116 concelhos analisados, o preço mediano das casas subiu – no mínimo – 50% em mais de metade (66 concelhos). Sem surpresas, 45% desses municípios ficam nas áreas metropolitanas de Porto e Lisboa.

Os números partilhados pelo Jornal de Notícias não causam escândalo.

Mas porque sobem tanto?

Por vários motivos. Uns óbvios, um ou outro não tão óbvio.

Uma consultora imobiliária contactada pelo ZAP começou por mencionar o turismo: mais estrangeiros em Portugal, com capacidade financeira superior, compram casa; mesmo que não seja para residência permanente.

As rendas também “sofrem” por causa disso: há mais pessoas dispostas a pagar mais.

Relacionado (parcialmente) com o turismo está a massificação do alojamento local, que acrescentou a consultora, contribui para a actual falta de oferta.

A inflação dos preços na construção tradicional também se reflecte no valor de venda em planta – também ela inflacionada – o que afastou uma fatia da população de adquirir habitação.

Por fim, comenta a consultora imobiliária, existe muita construção no momento em que já deveria dar resposta.

Outra origem é uma básica e transversal: lei da oferta e da procura.

E aqui entra um comentário de Paulo Caiado, presidente da Associação dos Profissionais e das Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal, que explicou no JN que “os preços mais elevados nos centros urbanos fazem com que as pessoas se afastem, criando pressão nos preços em concelhos onde os patamares de valor eram mais baixos”. A procura é outra nesses subúrbios, os preços são outros.

No meio da lei da oferta e da procura, a oferta agora é bem menor: entre 2013 e 2022 construíram-se cerca de 150 mil alojamentos, quando nos 10 a os anteriores se tinham construído cerca de 630 mil. É menos de 25% da contabilidade anterior.

Há mais agregados familiares – e cada agregado familiar tem menos pessoas (menos 14% em média). Ou seja, são precisas mais casas, a procura aumenta, os preços também.

A imigração também é relevante neste assunto. Só nos últimos sete anos chegaram a Portugal 400 mil estrangeiros. São pessoas que, obviamente, “precisam de casa, de uma casa digna, tendo absorvido a oferta de baixo valor que estava disponível no mercado de arrendamento nos últimos cinco a seis anos”, descreveu Paulo Caiado.

O especialista no sector deixou um lamento: “Não se percebeu que isto ia acontecer”.

E não se prevê uma descida de preços para breve. Há menos compras e vendas de casas (23%) mas os preços subiram em média 9%.

“Clientes para casas baratas não faltam. Mas, ao custo do terreno, junta-se o custo de construção e a estrutura fiscal associada, o que não permite que haja casas baratas”, justificou Paulo.

ZAP //

2 Comments

  1. Não esquecer o aumento de custos devido às alterações de regulamentação, havidas na última década e que o mercado agora está a refletir.
    Assim se explica que os promotores queiram efectuar reabilitação de fracções existentes, em detrimento de construção nova que tem um acréscimo de custo não negligenciavel.
    Não obstante pensar que é justa, notar que, apenas a introdução da legislação para acessibilidade a todos os fogos novos projetados, reduz em aproximadamente 10% o número de fogos possível construir num terreno. Consumindo assim a correspondente área de construção.
    Por outro lado a legislação relativa à certificação energética também introduz custos acrescidos apreciáveis.

  2. Não esquecer Paulo da aumento devido a “uma agência imobiliária debaixo de cada pedra da calçada”! Ganhando à comissão, claro que inflacionará, e muito, o mercado. Eu chego a tentar vender por 100 000€ e o que é que acontece? Convencem-me que o valor é de 150000 ou 200000€… estão preocupados com a minha saúde financeira?! Claro que não! Estão preocupados com a sua saúde financeira! A comissão deveria ser único, desde sempre! Acabava-se o negócio num instante!!!

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