/

Novas lentes de contacto permitem ver luz infra-vermelha (mesmo no escuro)

Ver no escuro sem que ninguém saiba? O sonho de qualquer militar pode estar mais próximo de se concretizar — tudo graças à nanotecnologia.

E se ver na escuridão completa fosse possível?

Novas lentes de contacto criadas por cientistas chineses e americanos contém nanopartículas artificiais que absorvem e convertem a radiação infravermelha — especificamente, uma gama de comprimentos de onda de 800 a 1600 nanómetros no infravermelho próximo — em luz azul, verde e vermelha visível ao olho humano.

Segundo a New Scientist, já se pensa em aplicações futuras para as novas lentes de contacto, que foram desenvolvidas por investigadores da Universidade de Ciência e Tecnologia da China, e apresentadas num artigo publicado na revista Cell este mês.

“A nossa investigação abre o potencial de dispositivos portáteis não invasivos para dar super-visão às pessoas”, afirmou o autor sénior do estudo, Tian Xue, em comunicado da universidade.

Estas lentes ainda não proporcionam visão noturna detalhada, porque só conseguem captar fontes de luz LED de “alta intensidade e banda estreita em vez de níveis mais baixos de luz infravermelha de fontes ambientais”, explica Peter Rentzepis, investigador da Texas A&M University, que realizou pesquisas semelhantes com as mesmas nanopartículas.

No entanto, “proporcionariam a pessoal militar capacidades de visão noturna discretas e sem necessidade de usar as mãos, ultrapassando as limitações dos volumosos óculos de visão noturna”, nota o investigador.

As nanopartículas (fluoreto de gadolínio de sódio, itérbio e érbio), em testes em humanos e ratos, converteram um flash normalmente invisível de luz infravermelha numa “grande mancha colorida de luz visível”, assegura Mikhail Kats, investigador da Universidade de Wisconsin-Madison, que não esteve envolvido na investigação.

Ainda há espaço para melhorias, e por agora a tecnologia não está totalmente desenvolvida — e só conseguem captar fontes de luz LED de “alta intensidade e banda estreita”.

Como afirma Kats, o estudo é “ousado”, mas “usando apenas as lentes de contacto, não seria possível ler um livro no infravermelho ou navegar por uma estrada escura”.

Porém, o avanço é significativo. Ultrapassada a fase de testes de segurança e conseguida a sua aplicação prática, estas discretas lentes podem dizer muito ao futuro da tecnologia de guerra — e do dia-a-dia.

ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.