James Gathany / CDC

Um mosquito tigre (Aedes Albopictus) na pele humana
Com a chegada do calor, é difícil resistir a um passeio ao fim da tarde no parque ou a uma escapadela para o campo, onde podemos desfrutar da natureza em todo o seu esplendor.
O verão pode ser maravilhoso, mas muitas vezes somos obrigados a partilhar esses momentos pitorescos com companheiros indesejados. Insetos como mosquitos, abelhas, carraças, aranhas e pulgas podem transformar um dia perfeito numa experiência irritante — ou até preocupante.
É comum notarmos uma comichão súbita ou uma erupção cutânea misteriosa ao regressarmos a casa após um passeio estival. No entanto, o tipo de comichão, a sua intensidade e o aspeto da pele podem dar-nos pistas importantes sobre o tipo de inseto que nos mordeu. Esses indícios ajudam-nos a aliviar os sintomas — e a saber se devemos ou não dirigir-nos a um centro de saúde.
Com a informação certa e algumas precauções, podemos evitar sustos desnecessários, visitas médicas que podiam ser evitadas e até complicações de saúde.
As picadas mais comuns
Embora haja semelhanças entre as picadas e mordidelas de insetos, cada uma tem características, sintomas e tratamentos específicos.
Aqui ficam as chaves para distinguir seis das mais comuns:
1. Mosquitos
Sintomas: vermelhidão, ligeiro inchaço e comichão intensa. Costuma desaparecer ao fim de três dias.
Recomendações: lavar com água e sabão, aplicar compressas frias e anti-histamínicos tópicos em caso de prurido intenso.
2. Abelhas e vespas
Sintomas: dor imediata, ligeiro inchaço e ardor intenso. As abelhas deixam o ferrão; as vespas, não.
Recomendações: retirar o ferrão (se necessário), aplicar gelo, tomar anti-histamínicos orais em caso de reação localizada e vigiar sinais de alergia.
3. Carraças
Sintomas: mordidas muitas vezes impercetíveis. Pode surgir uma mancha vermelha em forma de alvo.
Recomendações: remover com pinça, sem torcer ou esmagar o corpo do inseto. Desinfetar e vigiar febre ou erupções nos dias seguintes.
4. Pulgas
Sintomas: manchas vermelhas pequenas, em grupos, com prurido intenso, geralmente nos tornozelos ou onde a roupa aperta.
Recomendações: lavar com água e sabão, usar anti-histamínicos tópicos e orais. Verificar animais de estimação e têxteis da casa.
5. Percevejos
Sintomas: múltiplas mordidas agrupadas e comichão intensa, especialmente à noite.
Recomendações: lavar e aplicar anti-histamínico tópico. Inspecionar o ambiente e eliminar percevejos.
6. Aranhas
Sintomas: dor localizada, vermelhidão e, por vezes, duas marcas dos ferrões.
Recomendações: lavar com sabão e aplicar frio. Procurar ajuda médica se houver febre, necrose ou mal-estar.
Quando devemos preocupar-nos?
Na maioria dos casos, as picadas são apenas um incómodo temporário. No entanto, podem originar complicações sérias:
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Reação alérgica grave (anafilaxia): dificuldade em respirar, inchaço nos lábios e pálpebras, tonturas ou perda de consciência.
Ação: ligar para o 112. Se tiver uma injeção de adrenalina, utilizar imediatamente. -
Infeção: vermelhidão crescente, calor local, pus e febre.
Ação: consultar um profissional de saúde. Pode ser necessário antibiótico. -
Doenças transmitidas por carraças (ex. doença de Lyme): manchas vermelhas em forma de alvo, febre, dores musculares ou articulares.
Ação: procurar assistência médica.
Repelentes: o que realmente funciona?
A melhor forma de evitar as picadas é preveni-las. Os repelentes com DEET ou icaridina são eficazes e disponíveis em farmácias e supermercados.
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DEET: em uso desde os anos 50, eficaz contra mosquitos, carraças e moscas. A duração depende da concentração (ex: 30% dura cerca de 6 horas). Pode irritar a pele ou danificar tecidos sintéticos.
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Icaridina: alternativa mais moderna, eficaz e duradoura (20% dura 6–8 horas). Menos oleosa e com odor mais suave, é preferível para crianças ou peles sensíveis.
Para zonas com alto risco de doenças (dengue, malária, Zika), usar repelentes com pelo menos 30% DEET ou 20% icaridina.
Outras formas de proteção
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Usar roupa protetora em zonas rurais ou com vegetação densa.
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Instalar redes mosquiteiras e evitar água parada.
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Fazer uma inspeção corporal após passeios no campo (as carraças escondem-se em axilas, virilhas ou atrás das orelhas).
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Levar sempre uma injeção de adrenalina se tiver uma alergia conhecida.
As picadas são comuns na primavera e no verão. O importante é saber identificá-las, cuidar delas corretamente e procurar ajuda quando necessário.
Uma ação informada pode ser a diferença entre uma comichão passageira e uma emergência médica.
ZAP // The Conversation