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Mosca negra. A praga que alastra pelo Rio Tejo

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Há uma praga a multiplicar-se pelos rios espanhóis, incluindo o Tejo, que está a levar milhares de pessoas às urgências dos hospitais e a afectar os produtores de animais. Trata-se da mosca negra que prolifera sem fim à vista e que pode alastrar-se até Portugal.

Este insecto desenvolve-se nos cursos médios e inferiores dos rios e está a beneficiar de zonas com águas “um pouco mais limpas devido ao trabalho das depuradoras, mas sem qualidade suficiente para prosperarem nelas espécies como sanguessugas e outros insectos aquáticos e peixes que as matariam”, como referem especialistas que têm estudado o fenómeno ao El País.

A diminuição das chuvas e as modificações das condições dos rios motivadas pelas alterações climáticas estão a contribuir para a multiplicação da mosca negra, a tal ponto de o problema já ter atingido a dimensão de uma praga.

“Em 2011, começaram os problemas no rio Henares e alcançaram Manzanares, o Jarama e o Tejo”, conta ao El País o cientista Óscar Soriano do Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC).

Se o problema não for atacado, pode proliferar até dimensões incontroláveis, temem os especialistas que estão preocupados com o facto de não haver planos específicos para controlar a praga, nomeadamente em Madrid. Tudo isto devido às burocracias e à falta de entendimento quanto às entidades competentes para lidar com a situação.

A solução passa por “tratar os rios afectados e para isso, as Administrações têm que pôr-se de acordo, não vale aplicar o controlo num ponto do rio e esquecer-se do resto”, alerta o investigador Ignacio Ruiz-Arrondo do Departamento de Doenças Infecciosas do Centro de Investigação Biomédica de La Rioja (CIBIR), também em declarações ao El País.

A forma de resolver o problema passará por verter uma bactéria no caudal dos rios que é inócua para o resto da fauna e do ecossistema, só matando as larvas de mosca negra. Além disso, será preciso cortar as plantas aquáticas (macrófitas) onde elas se criam.

“7 picadas numa pessoa podem ser 400 numa ovelha”

As fêmeas de mosca negra precisam de sangue para maturarem os ovos e a sua picada é muito dolorosa, além de poder provocar alergias a pessoas mais sensíveis.

Milhares de espanhóis têm sido assistidos nas urgências devido a picadas do insecto. Em Madrid, foram atendidas mais de 300 mil pessoas nos últimos quatro anos devido à mosca negra, e em Saragoça, são cerca de 20 mil casos por ano, relata o El País.

Mas a mosca negra é ainda mais perniciosa para os animais, nomeadamente para rebanhos de ovelhas e cabras ou para manadas de vacas. “É pior do que nos humanos porque não têm mãos para as matar, nem onde esconder-se”, explica ao mesmo jornal Luis Figueras do Gabinete Técnico Veterinário de Saragoça.

“Seis ou sete picadas numa pessoa podem transformar-se em 300 ou 400 numa ovelha”, refere ainda o veterinário, contando que já viu “um cão de um rebanho a tentar enfiar a cabeça na terra para se livrar das moscas“.

Já há pastores que optam por levar os animais a comer à noite, evitando as horas matinais que é quando a mosca negra costuma atacar. Para evitar o sofrimento a que ficam sujeitos e para tentar evitar as perdas de produção devido ao facto de os animais comerem menos, quando estão sob ataque dos insectos.

ZAP //

2 Comments

  1. O problema é que os rios estão transformados em canais de esgoto, tal como as veias num corpo animal assim deveriam ser os rios mas infelizmente a incompreensão e ganância humana não o permitem.

  2. É verdade. As estações de tratamento são uma mentira. A poluição continua. Alguém ganhou com isso. A natureza fica sempre a perder. A contaminação aumenta. No verão não funcionam nas zonas balneares. Devido a população se multiplicar. O esgoto sai negro igual ao crude para a agua cristalina. Já vi com os meus olhos. Tudo é uma farsa.

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