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Morte de menina de oito anos com bala perdida revolta Brasil

A morte de Ágatha Félix, uma menina de oito anos atingida, alegadamente, por uma bala perdida da polícia do Rio de Janeiro, está a provocar indignação no Brasil.

Ágatha Felix tinha oito anos e foi baleada na última sexta feira no Complexo do Alemão, Rio de Janeiro. A criança foi atingida quando seguia numa carrinha com a mãe a caminho de casa. Segundo o Expresso, a bala terá sido disparada por um agente da Unidade Pacificadora da Polícia Militar numa alegada troca de tiros com marginais que terão atacado os polícias.

A família da menina acusa a polícia da autoria do disparo, que tinha como objetivo acertar num motociclista. Por sua vez, as autoridades adiantam que respondiam a desacatos no Complexo do Alemão, o maior conjunto de favelas do município do Rio de Janeiro. Durante a intervenção, os agentes foram atacadas por um grupo de traficantes e iniciou-se uma troca de tiros.

No entanto, a família já negou a versão da polícia, negando a existência de um tiroteio. “Veio um maluco de moto e a polícia mandou parar. O maluco não parou, foi embora, sem arma nem nada, e a polícia atirou. Não teve tiroteio, o único tiro que teve foi o deles, fatal, foi o que tirou a vida da nossa sobrinha”, contou Elias Cesar, tio de Ágatha Félix, citado pelo Observador.

O caso está a ser investigado pela polícia, mas nem essa garantia afasta os manifestantes das ruas. Este sábado, centenas de moradores do Complexo do Alemão protestaram contra a violência policial, defendendo o fim das operações policiais na zona do Complexo do Alemão, que este ano já mataram seis pessoas no bairro.

No Twitter, Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal, lamentou a morte da criança, sublinhando que a menina “é a quinta criança morta em tiroteios no Rio de Janeiro” este ano. No mesmo período e ao todo, 16 foram baleadas. O responsável apelou à polícia para que tenha “respeito à dignidade e à vida humana”.

De acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP) do Brasil, entre janeiro e agosto deste ano, já foram mortas 1.249 pessoas pela polícia no Estado do Rio de Janeiro, uma média de cinco mortes por dia. A Ordem dos Advogados do Brasil diz que se trata de “um recorde macabro que este governo do Estado aparenta ostentar com orgulho”.

Muitos manifestantes culpam Wilson Witzel, governador do Rio de Janeiro, pelo aumento da violência na região. O governante tem defendido abertamente o recurso a disparos em operações policiais, assim como o uso de atiradores de elite e de snipers.

Witzel já reagiu à morte da criança em comunicado, lamentando a morte de Ágatha. Ainda assim, frisou que “a política de segurança do Governo do Estado do Rio de Janeiro é baseada em inteligência, investigação e reaparelhamento das polícias. Desde o início de 2019, as polícias Civil e Militar têm trabalhado para reduzir os índices criminais e retomar território ocupados pro-frações criminosas ao longo dos últimos anos”.

ZAP //

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