O lince-do-deserto Bores, que foi retirado pela GNR à família com quem vivia na Madeira, morreu – há quem diga que foi de “desgosto”. O Instituto de Florestas e Conservação da Natureza (IFCN) já “decretou a necropsia” para apurar as causas da morte.
A história de Bores, um lince-do-deserto, ou caracal, ou lince-persa, está a comover o país após a apreensão do animal pela GNR da Madeira em Julho passado.
Bores voltou para a casa da família onde sempre viveu como um gato doméstico nesta semana, depois de uma petição que angariou mais de 21 mil assinaturas que pedia a sua devolução aos donos.
Mas acabou por morrer nesta quarta-feira, na clínica veterinária onde estava internado.
A associação Ajuda a Alimentar Cães denuncia nas suas redes sociais que o animal foi “sedado para regressar a casa através de um dardo tranquilizante” e que, desde então, “não recuperou”.
Esta associação já tinha anunciado que o animal estava “entre a vida e a morte”, apontando também que “chegou sedado a casa e durante mais de um dia não acordou”, tendo sido “levado para uma clínica veterinária de urgência”.
O estado de saúde do lince foi piorando e acabou por deixar de “reagir a qualquer estímulo”, nota ainda a mesma entidade. “Desde que foi sedado perdeu a capacidade de andar e de comer“, adianta também.
Um comunicado da família do animal que é citado pela Ajuda a Alimentar Cães no Instagram, refere que “o estado clínico do Bores começou a deteriorar-se rapidamente” ainda durante a sua transferência da clínica para a casa onde sempre viveu.
A associação acusa as “entidades responsáveis por este caso” de não terem feito “um bom trabalho” e nota que “Bores jamais deveria ter saído do local onde sempre viveu, até porque foi levado para um local inadequado”.
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Família quer “apurar responsabilidades” pela morte de Bores
A Ajuda a Alimentar Cães também revela que a família de Bores está em contacto com uma advogada para “apurar responsabilidades” pela morte do lince-do-deserto.
O Instituto de Florestas e Conservação da Natureza (IFCN) já “decretou a necropsia do animal” para apurar as causas da morte, segundo revela o comunicado da Secretaria Regional de Agricultura, Pescas e Ambiente da Madeira citado pelo Jornal da Madeira.
“Não foi este o desfecho alguma vez pretendido”, aponta ainda a Secretaria Regional.
O IFCN apela ainda à “colaboração e compreensão” dos cidadãos para o cumprimento da lei de conservação e protecção dos animais, nomeadamente da Convenção para Prevenção do Tráfico e Comércio de Espécies Selvagens (CITES).
Lince-do-deserto apreendido após denúncia
O lince foi apreendido pela GNR da Madeira em Julho deste ano, após uma denúncia ao Ministério Público e buscas à casa da mulher de 38 anos que o terá comprado “há seis anos”, segundo o Público.
O lince-do-deserto é uma espécie selvagem protegida e, desse modo, a mulher não podia manter o animal em casa.
Por isso, foi aberto um processo de contra-ordenação com o IFCN a justificar a apreensão do animal com o facto de a família não ter apresentado “qualquer documento” relativo ao animal, ou ao seu licenciamento.
Desgosto? Sedação? Ou negligência do Estado?
Nas redes sociais, poucos ficam indiferentes à morte de Bores e há quem desabafe que “morreu de desgosto”, ou de uma “sedação muito suspeita”.
“Morreu por causa de uma acção grosseiramente errada da autoridade do Estado“, escreve também um utilizador do X, o antigo Twitter.
Já o professor e biólogo Nuno Franco considera numa publicação no X, que “Bores morreu desta forma porque foi traficado quando bebé“.
“A GNR fez o seu trabalho, que é proteger a natureza e punir traficantes“, escreve ainda Nuno Franco, notando que “se nunca tivesse sido tirado do seu habitat, nada disto teria acontecido”.
PAN quer que MP investigue morte de Bores
A líder do PAN (Partido Animais Natureza), Inês Sousa Real, também manifesta pesar pela morte de Bores, considerando que “os animais pagam sempre a factura”, segundo uma publicação no X.
“O lugar de um animal selvagem, como o Bores, não é numa casa, não é num zoo, teria sido na natureza e no seu habitat natural, do qual foi privado desde que nasceu”, salienta ainda a deputada do PAN.
Inês Sousa Real espera, agora, que o Ministério Público investigue o caso, “tendo em conta as circunstâncias da morte”, e que “promova urgentemente a apreensão do seu corpo e a realização da necropsia”.
“Mesmo que estejamos perante um caso de negligência, custou a vida a este animal”, realça.
A líder do PAN também destaca que é “fundamental que sejam adoptados procedimentos para estes casos, que envolvam diferentes especialistas, e em que o bem-estar animal, do indivíduo, esteja sempre o mais possível salvaguardado”.
Os animais pagam sempre a fatura….
O lugar de um animal selvagem, como o Bores, não é numa casa, não é num zoo, teria sido na natureza e no seu habitat natural, do qual foi privado desde que nasceu.https://t.co/XEc3Qfg8IX— Inês Sousa Real (@InesSousaReal) August 7, 2024
Há que levar a tribunal os criminosos responsáveis por tudo isto! Já chega de tolerar a incompetência, a inconsciência e o laxismo!
…os verdadeiros responsáveis são os seres irracionais que de forma direta ou indireta, fizeram com que um animal selvagem fosse retirado do seu habitat natural.
Quais criminosos? A pessoa que o comprou e manteve como animal doméstico sabendo que estava a cometer um crime de tráfico de animais selvagens?
Culpado numero 1, a pessoa que comprou um animal selvagem e que incentiva esse tráfico, ao fazer essa asneira e ao lavar a culpa nas redes sociais com videos fofinhos. Culpado numero 2 o anormal que não sabe dosear os dardos. A única vitima é o pobre do animal, coitado…
Sedar o animal para ser transportado!!!!, nos transportes feitos que tenho visto em varios programas na TV o Lince toma um leve calmante, e introduzido dentro de uma jaula, que e tapada com varios cobertores, e depois e transportado, o que estou a ver e que na impossibilidade de fazerem o transporte nestas condicoes, quem o transportou, resolveu o problema sedando o animal, nao para beneficio do Lince, mas sim, para beneficio de quem o transportou!!!!!
A questão aqui não e de onde veio o Bores, mas sim quem o MATOU.