Ia viver um mês em Marte, acabou por durar três anos. Irá descansar, para sempre, num antigo delta de rio em Jezero, muito perto do seu melhor amigo e “mentor”, o rover Perseverance.
O inovador helicóptero Ingenuity da NASA, a primeira aeronave a conseguir voo motorizado noutro planeta, concluiu a sua missão em Marte com grande sucesso.
A histórica aeronave chegou ao planeta vermelho como parte da missão do rover Perseverance em fevereiro de 2021 e estava prevista para voar durante um mês. Temia-se que nem passasse da primeira noite; quando o fez, sozinho em Marte após se soltar do Perseverance, deu um “grande passo” na conquista do espaço. Três anos depois — e até ao passado dia 18 de janeiro — ainda “batia as asas”.
O veículo encontrou o seu fim este durante o seu 72º voo na Cratera Jezero, após sofrer uma avaria fatal que o deixou permanentemente em terra, conforme confirmado pela NASA esta quinta-feira.
Muito possivelmente foi uma das suas hélices que atingiu o solo e provocou a sua morte. Irá descansar, para sempre, num antigo delta de rio em Jezero, a algumas centenas de metros a noroeste da localização atual do Perseverance.
Semelhante a um drone com hélices de fibra de carbono de 1,2 metros, o veículo foi desenhado pelo Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da NASA para testar a viabilidade do voo na fina atmosfera marciana.
Inicialmente previsto para realizar apenas cinco voos ao longo de cerca de um mês, o Ingenuity superou — em muito tempo — esses objetivos. Ao longo de quase três anos, percorreu 17 quilómetros e voou durante quase 129 minutos.
Ingenuity e Preserverance, juntos a apalpar terreno
Ao estudar a formação de nuvens de poeira na fina atmosfera de Marte causadas pelas suas hélices, o Ingenuity contribuiu para a pesquisa científica comandada pela NASA e, ao fazer reconhecimento à frente para potenciais obstáculos, auxiliou o rover Perseverance — embora este tivesse de esperar, por vezes, pelo helicóptero mais lento.
Ambos os veículos tinham o objetivo de descobrir a história geológica e potencialmente biológica da cratera. Até ao momento, o Perseverance percorreu mais de 24 quilómetros, recolhendo 23 amostras de núcleos de rocha e solo. Dez destas amostras estão armazenadas na superfície de Marte para recuperação futura, enquanto as restantes permanecem a bordo do rover.
“O Ingenuity destruiu completamente o nosso paradigma de exploração ao introduzir esta nova dimensão de mobilidade aérea”, disse Lori Glaze, chefe da divisão de ciências planetárias da NASA, sobre o revolucionário helicóptero, citada pela Nature.
O sucesso do helicóptero abriu caminho para futuras missões com tecnologia semelhante.
A NASA está a desenvolver um helicóptero de oito rotores para uma missão na lua de Saturno, Titan, prevista para lançamento até 2028.
Além disso, engenheiros do JPL estão a explorar designs avançados de helicópteros para futuras missões a Marte capazes de transportar cargas maiores e aceder a terrenos mais desafiantes, como falésias.
A próxima fase da missão envolve o esforço conjunto da NASA e da Agência Espacial Europeia (ESA) para trazer essas amostras de volta à Terra para análise detalhada. No entanto, este plano está atualmente em revisão devido a uma recente avaliação independente que estima o custo em cerca de 11 mil milhões de dólares (cerca de 10 mil milhões de euros).
“Inicialmente previsto para realizar apenas cinco voos ao longo de cerca de um mês, o Ingenuity superou — em muito tempo — esses objetivos. Ao longo de quase três anos, percorreu 17 quilómetros e voou durante quase 129 minutos”
Portanto, o que eu gostaria de saber é se fizesse 5 voos num mês, estaria previsto fazer exactamente o quê? 100 metros, 1 minuto???!