Greve na Menzies cancelou 20 voos em Lisboa e chegou ao Porto pela primeira vez. Ameaça de bomba em avião da SATA era falso alarme.
A greve deste sábado dos trabalhadores da SPdH/Menzies (antiga Groundforce) provocou “alguns atrasos” e o cancelamento de 20 voos no aeroporto de Lisboa, avançou à agência Lusa a ANA — Aeroportos de Portugal.
“Devido à greve na Menzies (`handling`), até ao momento, ocorreram alguns atrasos e 20 voos cancelados (10 chegadas e 10 partidas) no Aeroporto Humberto Delgado“, referiu fonte da gestora aeroportuária.
A ANA aconselha os passageiros com voos operados pela Menzies, empresa responsável pelos serviços de assistência em escala, a contactar previamente a respetiva companhia aérea para confirmar o estado do voo antes de se dirigirem ao aeroporto.
A meio da manhã, o dirigente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA) Carlos Araújo destacou que a greve mobilizou “pela primeira vez em pelo menos 10 anos”, funcionários do aeroporto do Porto.
“Na escala do Porto, há 10 anos que não havia greves e há pessoas a fazer greve”, enfatizou.
Carlos Araújo antecipou também que neste sábado sejam ainda mais os voos a partir apenas com passageiros, sem bagagem nem carga, depois dos 25 em que tal aconteceu até às 18:00 de sexta-feira.
Em comunicado, o sindicato acusou ainda a SPdH/Menzies de estar “a violar flagrantemente o direito à greve” para tentar “neutralizar os efeitos da paralisação”, recorrendo a “práticas ilegais” como a “antecipação forçada de turnos e convocação de trabalhadores em dias de folga”, a “substituição de grevistas por trabalhadores de empresas de trabalho temporário” e a “reorganização abusiva de escalas”.
“O SIMA está a recolher provas destas ilegalidades e vai apresentar queixas formais à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) e ao Ministério Público, exigindo a responsabilização dos dirigentes da Menzies/SPdH”, refere.
Convocada pelo SIMA e pelo Sindicato dos Transportes (ST), o protesto iniciou-se às 00:00 de sexta-feira e prolonga-se até às 24:00 de segunda-feira.
Trata-se da primeira de cinco greves de quatro dias marcadas para os fins de semana até ao início de setembro.
Em agosto, os períodos de greve estão agendados para 8 a 11, 15 a 18, 22 a 25 e 29 de agosto a 1 de setembro.
Entre as reivindicações dos trabalhadores estão o fim de salários base abaixo do salário mínimo nacional, o pagamento das horas noturnas, melhores condições salariais e a manutenção do acesso ao parque de estacionamento nos mesmos moldes anteriores.
O Tribunal Arbitral determinou serviços mínimos para a assistência a todos os voos relacionados com situações críticas de segurança, voos de emergência, militares, de Estado e voos da TAP em `night-stop` em escala europeia, bem como ligações regulares entre Lisboa e os Açores e Madeira, e entre o Porto e os arquipélagos.
Ameaça de bomba
A ameaça de bomba num avião da SATA Azores Airlines, que obrigou a uma aterragem de emergência no aeroporto de Lisboa, foi “falso alarme”, disse a empresa açoriana.
“Na sequência deste falso alarme, dois passageiros foram detidos para interrogatório, por suspeita de responsabilidade na comunicação da ameaça”, indicou a empresa SATA Azores Airlines, num comunicado divulgado pelas 15:30.
Perante esta comunicação da companhia aérea, a agência Lusa questionou, novamente, a Polícia de Segurança Pública (PSP), que não adiantou qualquer informação.
De acordo com a SATA Azores Airlines, a ameaça de bomba que levou à divergência do voo S4 504, que esta manhã realizava a ligação entre Ponta Delgada e Bilbau (Espanha), “não foi validada pelas autoridades competentes, após uma inspeção rigorosa à aeronave e à bagagem”.
Neste momento, a companhia aérea disse aguardar o fim do processo para que “a aeronave possa retomar a operação, logo que possível”, encontrando-se a prestar acompanhamento e assistência aos passageiros afetados por esta ocorrência.
Antes, pelas 14:40, a empresa açoriana já tinha informado que o voo tinha sido desviado para o aeroporto de Lisboa, onde aterrou em segurança, cerca das 12:00.
Como previsto no protocolo de segurança, “a aeronave foi encaminhada para uma zona isolada e segura” no aeroporto de Lisboa, “permitindo o desembarque tranquilo e seguro de todos os passageiros e tripulantes”.
Nesse mesmo comunicado, a SATA Azores Airlines indicou que o impacto na operação no dia de hoje está circunscrito ao voo de e para Bilbau, mantendo-se a restante operação conforme planeado.
A empresa reforçou ainda que a segurança dos passageiros e colaboradores “é a prioridade absoluta”, lamentando os constrangimentos que esta situação possa ter causado, “totalmente alheia à companhia”.
Pelas 15:00, a PSP disse à Lusa que “as diligências ainda estão a ser formalizadas”, sem adiantar se se tratou de uma falsa ameaça de bomba, nem se os trabalhos no local ainda decorrem.
O Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa adiantou ter recebido um alerta pelas 12:32 e mobilizou meios para o local.
Numa nota enviada à Lusa, a ANA – Aeroportos de Portugal confirmou que o voo da SATA, com origem em Ponta Delgada e destino a Bilbau, declarou emergência e aterrou em segurança no aeroporto Humberto Delgado, referindo que “foram acionados todos os meios adequados a esta situação”.
Apesar desta situação, o aeroporto de Lisboa garantiu a “continuação da operação”, acrescentou a ANA, remetendo mais informações para as autoridades competentes, inclusive a PSP.
ZAP // Lusa