O bancário da Marinha Grande, conhecido por Mata Sete, por ter assassinado sete pessoas à facada, a tiro e à paulada, em março de 1987, foi encontrado morto em casa, em França, onde vivia há 16 anos, após ter cumprido 14 de pena.
Vítor Jorge tinha 69 anos e vai ficar sepultado na ilha francesa de Córsega e o funeral só deverá realizar-se durante esta semana.
O bancário matou cinco jovens na praia do Osso da Baleia, Pombal, numa espiral de violência que prosseguiu horas depois, quando assassinou a mulher e a filha mais velha com múltiplas facadas, num pinhal a 2,5 quilómetro de casa, na Amieira, Marinha Grande.
As circunstâncias da morte ainda não são conhecidas, mas, segundo o Correio da Manhã, que avançou a notícia, a prima do homicida que o acolheu em França quando saiu da prisão afirma que este morreu de uma doença da qual já padecia há algum tempo.
“Ele andava doente há muito tempo, tinha um cancro no estômago e sofria do coração”, contou Isabel Jorge. A familiar explicou que Vítor Jorge estava em casa, que ainda chamaram um médico para o assistir, mas acabou por morrer.
No entanto, “amigos atuais”, também citados pelo jornal, negam esta versão e garantem que se suicidou com medicamentos. O amigo Jean Michel Grimaldi, que diz ter “grande estima e consideração” por Vítor Jorge, recorreu às redes sociais para “recordar os bons tempos” que passaram juntos, sobretudo nos últimos dez anos.
Vítor Jorge morreu a 29 de dezembro, mas o corpo só foi encontrado entre dia 30 e 31 do mesmo mês.
O crime
Vítor Jorge foi o responsável por um dos crimes que mais chocou Portugal. Na noite de 1 para 2 de março de 1987, na praia do Osso da Baleia, assassinou a tiro e à pancada cinco jovens entre os 17 e os 24 anos.
O grupo de amigos tinha estado na festa de anos de uma das raparigas. Depois do fim das festividades, os jovens seguiram para a praia do Osso da Baleia à boleia de Vítor Jorge.
Pouco depois, dirigiu-se para casa, na Amieira, e atraiu a mulher e uma filha para um pinhal, onde as matou à facada. Ao massacre escaparam a filha de 14 anos, que suplicou ao pai que não a matasse, e um filho de Vítor Jorge.
A filha de 14 anos que escapou alertou a GNR, que descobriu pouco depois os corpos da mãe e da irmã. O outro irmão, o filho mais novo de apenas dez anos, foi encontrado na sua cama a dormir, com uma “elevada quantia de dinheiro a seu lado”.
Quando a GNR chegou à praia, Vítor Jorge tinha deixado pistas. Dentro do carro foram encontradas as armas e um papel onde se lia: “Mato a minha mulher porque não era virgem quando casou, mato as minhas filhas para não serem pasto para os prazeres do mundo, poupo o meu filho para perpetuar a semente do mal”.
Num diário que foi encontrado mais tarde, Vítor Jorge tinha detalhado um plano para matar outras 14 pessoas.
Vítor Jorge não se entregou às autoridades e andou fugido durante dois dias, mas foi detido a 5 de março deitado no chão numa casa em ruínas em Porto de Mós. Confessou ter sido o autor do múltiplo homicídio e foi levado poucos dias depois à praia do Osso da Baleia pelo juiz de instrução criminal de Leiria para uma reconstituição do crime. Tinha na altura 38 anos e seria condenado a 20 anos de prisão.
Recluso exemplar nos Estabelecimentos Prisionais de Leiria e, depois, em Coimbra, Vítor Jorge acabou por ser libertado após 14 anos de prisão, beneficiando das amnistias aprovadas durante o cativeiro. A sua libertação foi recebida com indignação, desta vez pela alegada brandura das leis penais portuguesas. Foi viver para Inglaterra quando foi libertado e, mais tarde, para a Córsega, onde faleceu.
Em Portugal o crime parece compensar, matou sete nem pela morte de um sequer chegou a pagar e depois foi de férias para a Córsega, que belo exemplo de justiça!
Só mesmo neste país…..