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Só o “Mata Sete” foi mais cruel do que o assassino de Barcelos

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Hugo Delgado / Lusa

Família e amigos choram a perda das quatro vítimas de Adelino Briote, o homicida de Barcelos

Fica em prisão preventiva o homem suspeito de ter matado quatro pessoas em S. Veríssimo, Barcelos, entre as quais uma grávida. Está indiciado por quatro crimes de homicídio qualificado e por um crime de aborto, confirmou à Lusa fonte da Polícia Judiciária.

O suspeito foi ouvido neste sábado de manhã, no Tribunal de Braga, para primeiro interrogatório judicial e aplicação das respectivas medidas de coacção. Vai ficar em prisão preventiva com base no artigo que referencia o perigo de fuga, a continuação da actividade criminosa e a perturbação da investigação.

De acordo com a SIC, Adelino Briote, de 62 anos, manteve-se em silêncio no tribunal, não respondendo a qualquer pergunta e não confirmando, assim, as motivações para o facto de ter morto os quatro vizinhos – um casal de 84 e 80 anos, uma mulher de 62 anos e outra mulher de 37 anos, grávida de sete meses.

“Neste caso, como a gravidez era visível, além de que o alegado agressor era vizinho da vítima e como tal, saberia perfeitamente do seu estado, em causa estarão um crime de homicídio e um crime de aborto”, referiu a fonte da Polícia Judiciária (PJ) à Lusa.

Agrediu a sogra e a filha grávida com um ferro

O quádruplo homicida já teria prometido vingar-se dos vizinhos que testemunharam contra ele ou que se recusaram a depor em seu abono, num processo em que foi condenado por violência doméstica, devido a agressões à filha e à sogra, com um ferro, em Março de 2015.

O Correio da Manhã relata que a sogra do suspeito ficou com “uma perna fracturada e vários ferimentos no corpo”, enquanto a filha que, na altura, estava grávida de 17 semanas, foi encontrada “com muito sangue na cara e ferimentos por todo o corpo, excepto na barriga, que foi a única coisa que protegeu”.

No âmbito destas agressões, Briote foi condenado a três anos e dois meses de prisão com pena suspensa, em Novembro de 2016, confirma fonte policial ao Diário de Notícias.

“Perturbado” desde que a ex-mulher emigrou

A imprensa relata que o suspeito tem um historial de violência, nomeadamente contra a ex-mulher que se divorciou dele em 2012. Ela acabou por emigrar para o estrangeiro com os filhos, o que o deixou “perturbado”, conforme refere o CM.

No ano passado, Adelino Briote esteve mesmo internado na ala psiquiátrica do Hospital de Braga, durante um mês, por causa de uma depressão, segundo noticia o DN.

“Sabe, é que eu não ando bem da cabeça“, terá desabafado Adelino Briote, na véspera dos crimes, ao proprietário de uma padaria-restaurante junto à zona industrial de Tamel, em São Veríssimo, como este relata ao DN.

“Ele entrava, sentava-se, almoçava e ia embora. Não era de grandes conversas, mas notava-se que era um homem algo perturbado”, refere o mesmo proprietário ao jornal.

“Crueldade” só igualada pelo “Mata Sete”

O CM relata que Adelino Briote atirou a faca com que matou as quatro vítimas “para o telhado de uma casa vizinha” e que foi a casa tomar banho, só se entregando às autoridades depois disso.

Aquilo que surpreende nos crimes é a “crueldade fora do comum”, realça ao DN o ex-coordenador de investigação criminal da secção de Homicídios da PJ, António Teixeira.

“Estamos a falar de um indivíduo que foi, armado com uma faca, à procura das pessoas, vítima por vítima. Matou por vingança e fê-lo com uma violência inacreditável“.

“Foi preciso pegar nas vítimas e desferir o golpe no pescoço”, nota António Teixeira que se diz “convencido” de que a ex-mulher e a filha “não seriam poupadas se ainda vivessem naquela localidade”, diz António Teixeira.

O ex-inspector da PJ compara este caso ao do chamado “Mata Sete”, Vítor Jorge, que, a 4 de Março de 1987, matou cinco pessoas a tiro, à facada e à paulada na praia do Osso da Baleia, em Leiria, e depois ainda esfaqueou até à morte a mulher e a filha mais velha.

O “Mata Sete” foi julgado como imputável e condenado a 20 anos de prisão, em cúmulo jurídico. Cumpriu 14 anos e foi libertado em Outubro de 2001 da prisão de Coimbra.

Vive actualmente, na Ilha da Córsega, em França, onde recebeu a ajuda de uma prima que contou ao Observador como, ainda hoje, 30 anos depois dos crimes, vai ao psiquiatra regularmente, toma medicamentos todos os dias e “continua a ser internado ciclicamente em hospitais psiquiátricos”.

ZAP // Lusa

6 Comments

  1. Este país está-se a transformar num paraíso de bandidos onde a justiça é branda para com eles e os políticos estão-se borrifando para os verdadeiros interesses do povo!.

  2. É um problema cultural, social,mas também aqui falhou ou faltou a observação e acompanhamento do caso;quando gerou o caso (grave ) da agressão à própria familia,da maneira como foi de tal forma também violento,não era de esperar que a coisa não ficasse por aí.Infelizmente isto que sirva de exemplo e que a questão da violência doméstica sendo visto como um problema atual,séria,e que haja mecanismos de prevenção,denunciando no anonimato às autoridades e instituições a que compete estes casos.Outra questão também importante é o caso jurídico,pergunto:havendo provas de ter havido violência doméstica da primeira vez,implicaria testemunhas de acusa?Se a lei sobre violência doméstica for mais radical,ação direta ,a justiça será mais atuante e exemplar para o problema

  3. Violência doméstica deu em tragédia.Seria necessário as pessoas que infelizmente pereceram fossem constituídas testemunhas de acusação? Ou aqui a lei (não vendo)está a favorecer e a causar mais distúrbios ao acusado?poder-se-ia ter evitado estas mortes,se se dispensassem estas pobres testemunhas e se a lei tivesse neste caso de crime já confirmado uma ação mais atuante,eficaz e de exemplo sério para futuros criminosos

  4. Como é possível que um assassino que mata sete pessoas gratuitamente ao fim de 14 anos esteja na rua como se nada tivesse acontecido?… isto é um incentivo aos potenciais candidatos ao assassinato… rsss. Justiça da treta…

  5. Não sou advogado nem jurista, mas acho que deveria haver em cada distrito um tribunal especial, ou arbitrário só para estes casos, investigação e condenação no máximo seis meses, e nada de contemplações…..

  6. Não é inteiramente verdade. Investiguem melhor. Lembro-me de um homicidio ocorrido na zona de Ourém em que o homicida matou um casal jovem e os filhos, de seis e quatro anos, se a memória não me atroiçoar.

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