Sarah Yenesel / EPA

Hulk Hogan na Convenção Republicana de outubro de 2024
Hulk Hogan, cuja extravagância e poder de estrela ajudaram a transformar o wrestling profissional de uma atração regional de baixo orçamento numa indústria multimilionária, morreu esta quinta-feira em Clearwater, Flórida. Tinha 71 anos.
O lutador norte-americano Hulk Hogan, figura emblemática do ‘wrestling’, morreu aos 71 anos, na sequência de uma paragem cardíaca, na Florida, confirmou hoje o seu representante.
De acordo com a TMZ, médicos e agentes da autoridade locais apareceram esta manhã em casa do lutador em Clearwater, no centro-oeste da Florida, com Hogan a ser transportado de maca para uma ambulância.
Hogan foi o rosto do wrestling profissional durante décadas, com o seu cabelo loiro e bigode em ferradura, bandanas coloridas e bíceps enormes, aos quais se referia como “pítons de 61 centímetros“.
Mesmo depois dos seus dias de wrestling terem terminado, Hogan continuou em destaque. No ano passado, interveio na Convenção Nacional Republicana em Milwaukee, rasgando a camisa para revelar uma t-shirt Trump / Vance por baixo.
Esteve envolvido num processo judicial mediático em 2012, financiado pelo bilionário Peter Thiel, contra a Gawker, a irreverente empresa mediática, depois de a Gawker ter publicado um vídeo de Hogan a fazer sexo com a mulher de um amigo.
Hogan ganhou o caso por invasão de privacidade, colhendo milhões em danos.
A rotina de Hogan antes de um combate de wrestling era montada para garantir que os fãs entravam em frenesi. Punha a mão em concha junto ao ouvido para encorajar a multidão rugidora e rasgava a camisa, que estava pré-rasgada para facilitar o processo. Os fãs adoravam-no tanto pelo seu charme e físico como pela sua capacidade de luta à moda antiga, recorda o The New York Times.
Hogan nasceu Terry Gene Bollea, a 11 de agosto de 1953, em Augusta, Geórgia. O seu pai, Peter, era capataz de construção; a sua mãe, Ruth (Moody) Bollea, era professora de dança. Frequentou a Universidade do Sul da Flórida, que abandonou, tendo escolhido o ringue de wrestling em vez da sala de aula.
Começou a lutar em 1977. Como muitos no seu desporto, era um homem grande, com um peso de 136 quilos no seu auge. Era também excecionalmente alto, 2,03 metros, ajudando a promover uma tendência para homens muito grandes no wrestling.
Adotou o nome “Hulk” devido a comparações com a personagem musculosa da banda desenhada no programa televisivo da CBS “The Incredible Hulk“. Em 1979, chegou à World Wrestling Federation (agora World Wrestling Entertainment) e adotou o apelido aliterativo Hogan.
Estes eram os dias em que os bons do wrestling, ou “faces”, eram o típico americano de corte de cabelo limpo, e um fã experiente podia adivinhar que um lutador ia tornar-se no mau da fita quando o seu cabelo crescia um pouco mais.
Nesse ambiente, o Hogan de cabelo comprido e mais irreverente claramente encaixava no modo de mau, ou “heel”. Desenvolveu uma rivalidade com o campeão Bob Backlund, um tradicional “bom rapaz” do Midwest que bebia leite.
Hogan catapultou-se para a fama depois de aparecer no filme “Rocky III” em 1982. Interpretou um lutador, Thunderlips, que enfrenta Rocky (Sylvester Stallone) num combate de caridade lutador-contra-boxeador. O Thunderlips vaidoso e egotista espanca um Rocky despreparado, atirando-o para fora do ringue e para a multidão.
Apesar do seu breve tempo de ecrã, Hogan criou uma personagem que ficou na mente dos espetadores — uma proeza assinalável num filme que também tinha como estrela o bombástico Mr. T.
Após um breve período afastado, Hogan regressou à W.W.F. em 1983. A sua popularidade tinha crescido tanto que parecia claro que estava destinado a ser um “bom rapaz”, apesar da sua aparência menos que conservadora.
A sua reformulação de imagem ajudou a abrir caminho para o alargamento da categoria de faces para incluir todos os tipos de lutadores.