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Morreu Carlos do Carmo

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Tiago Petinga / Lusa

Carlos do Carmo durante o último concerto da sua carreira, em Novembro de 2019

O fadista Carlos do Carmo morreu hoje de manhã aos 81 anos no hospital de Santa Maria, em Lisboa, disse o filho à Lusa.

Morreu esta sexta-feira o cantor e fadista Carlos do Carmo. A notícia foi avançada à agência Lusa pelo filho Alfredo do Carmo. Segundo o jornal Expresso, a morte terá sido causada por um aneurisma na aorta.

Nascido em Lisboa, em 21 de dezembro de 1939, Carlos do Carmo era filho da fadista Lucília do Carmo (1919-1998) e do livreiro Alfredo Almeida, proprietários da casa de fados O Faia, onde começou a cantar, até iniciar a carreira artística em 1964.

Vencedor do Grammy Latino de Carreira, que recebeu em 2014, o seu percurso passou pelos principais palcos mundiais, do Olympia, em Paris, à Ópera de Frankfurt, do ‘Canecão’, no Rio de Janeiro, ao Royal Albert Hall, em Londres.

Foi, por duas vezes, agraciado pela Presidência da República com graus honoríficos. Em 1997 foi agraciado com o Grau de Comendador da Ordem do Infante Dom Henrique pelo presidente Jorge Sampaio. Em 2016, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa fê-lo Grande-Oficial da Ordem do Mérito.

A Enciclopédia da Música Portuguesa no Século XX aponta Carlos do Carmo como “um dos maiores referenciais” no fado.

As transformações que Carlos do Carmo operou no fado foram influenciadas pelos seus gostos musicais que incluíram referências externas como a Bossa Nova, do Brasil, e os estilos próprios de cantores como Frank Sinatra (1915-1998), Jacques Brel (1929-1978) e Elis Regina (1945-1982).

Desde a década de 1970, acentuou as inovações musicais, tornando-o no representante máximo do chamado ‘fado novo’, com trabalhos como o álbum “Um Homem na Cidade” (1977).

Foi um dos principais e mais determinantes embaixadores da Candidatura do Fado a Património Imaterial da Humanidade, e desempenhou um “papel fundamental na divulgação dos maiores poetas portugueses“, como destacou o júri do Prémio Vasco Graça Moura de Cidadania Cultural.

Celebrizou canções como “Bairro Alto”, “Fado Penélope”, “Os Putos“, “Um Homem na Cidade”, “Uma Flor de Verde Pinho”, “Canoas do Tejo”, “Lisboa, Menina e Moça“.

Despediu-se dos palcos no passado dia 9 de novembro de 2019, com um concerto no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, tendo recebido na altura a Medalha de Mérito Cultural, do Ministério da Cultura, pelo seu “inestimável contributo” para a música portuguesa. Foi a última, entre várias distinções que recebeu, ao longo de um percurso artístico de 57 anos.

Quando da despedida dos palcos, disse, em entrevista à agência Lusa: “Fiz este meu caminho que não foi das pedras, mas que considero um caminho sempre saudável e que me levou sempre a ter uma perspetiva de ser solidário com os meus companheiros. Não me recordo de ter feito uma sacanice a um colega de profissão. E, para esta nova geração, estou de braços abertos”.

ZAP // Lusa

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