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Morreu Bárbara Virgínia, a primeira realizadora portuguesa

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Bárbara Virgínia, a primeira realizadora portuguesa de cinema

Bárbara Virgínia, a primeira realizadora portuguesa de cinema

A primeira realizadora portuguesa de cinema, Bárbara Virgínia, a primeira mulher a apresentar um filme no Festival de Cannes, em 1946, morreu no passado domingo, aos de 92 anos.

Bárbara Virgínia, que também foi atriz e locutora de rádio, era o nome artístico de Maria de Lourdes Dias Costa, nascida em Lisboa, a 15 de novembro de 1923.

Paulo Borges, autor do blogue Os anos de ouro do cinema português, que foi amigo da cineasta, afirmou à Lusa que Bárbara Virgínia frequentou o Conservatório Nacional e, “aos 15 anos, já fazia parte das vozes promissoras da então Emissora Nacional”. Chegou a atuar como bailarina clássica, no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, e colaborou na revista Modas e Bordados, dirigida por Maria Lamas.

Estreou-se como atriz cinematográfica em 1945, em “Sonho de Amor”, de Carlos Porfírio, dois anos depois do exame final do Conservatório, em julho de 1943, em que se cruzou com Maria Barroso, no palco do Teatro da Trindade, e que levaria o Diário Popular, à época, a escrever “nasceram duas atrizes”.

Com apenas 22 anos, Bárbara Virgínia tornou-se na primeira mulher portuguesa a assumir a realização de um filme, função que acumulou com a representação”, disse Paulo Borges.

O filme, intitulado “Três dias sem Deus“, estreou-se nas salas de cinema, em agosto de 1946, e conta a experiência de uma professora primária, numa remota aldeia do interior, onde enfrenta a desconfiança e as superstições dos aldeões.

Produzido pela Invicta Filmes, o filme foi selecionado para a primeira edição do Festival Internacional de Cinema de Cannes, em 1946, a par de “Camões”, de Leitão de Barros.

A Cinemateca exibiu na passada segunda-feira escassos minutos desta longa-metragem – apenas imagem -, no âmbito de um encontro dedicado à igualdade de género no cinema.

“Se pensarmos como era o país em 1940, era único, excecional e muito difícil ser mulher no cinema em Portugal“, afirmou o diretor da Cinemateca Portuguesa, José Manuel Costa, nesse encontro a propósito do trabalho de Bárbara Virgínia.

Segundo José Manuel Costa, Bárbara Virgínia ainda teve um projeto de outro filme, uma adaptação de um texto de António Nobre, mas não chegou a ser concretizado, com a realizadora a viajar para o Brasil, em 1952, onde se manteve até morrer.

Ainda como atriz, fez parte do elenco do filme “Aqui Portugal”, (1947), de Armando de Miranda, onde também se cruzou com Maria Barroso, e prosseguiu carreira como atriz, locutora de rádio e declamadora.

Fez parte da companhia teatral de Alves da Cunha, do elenco da opereta “Sua majestade o amor”, de Silva Tavares, e participou no popular programa radiofónico “Comboio das seis e meia”, realizado por Igrejas Caeiro.

“No fim de um recital no Teatro S. Luiz, em Lisboa, um empresário brasileiro convenceu-a a dar o salto até ao Brasil, onde assinou contrato com a TV Tupi, que foi pioneira da televisão naquele país, e foi lá que continuou a trabalhar sempre com êxito”, contou à Lusa Paulo Borges.

A realizadora e atriz encontra-se sepultada no cemitério de Morumbi, em São Paulo.

/Lusa

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