Montalegre gastou 7,6 milhões em 61 contratos com familiares do autarca

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Orlando Alves / Facebook

Orlando Alves, presidente da Câmara Municipal de Montalegre

A maioria dos contratos foi assinada pelo vice-presidente, mas a PJ descobriu provas de que havia um conluio entre a autarquia e os empresários através de escutas telefónicas.

Nos últimos oito anos, a Câmara Municipal de Montalegre gastou 7,6 milhões de euros em 61 contratos com duas empresas do setor da construção civil onde os sócios são familiares de Orlando Alves, autarca socialista que entretanto renunciou ao cargo após ter sido detido pela Polícia Judiciária.

Entre Janeiro de 2014 e 2022, a autarquia assinou 49 contratos com a empresa Gafaestruturas, que tem como sócio Edgar Alves, irmão do presidente. O valor total ultrapassa os 4,6 milhões de euros, escreve o Público.

A Paula Cunha, Fábio & Ana, uma sociedade que tem como sócios a cunhada de Orlando Alves e dois sobrinhos, também assinou 12 contratos com esta empresa, num valor de mais de três milhões de euros. Já a Altura Dinâmica foi contratada 42 vezes desde 2014, com um custo de 8,5 milhões de euros.

A autarquia já celebrava estes contratos pelo menos desde 2010, antes de Orlando Alves assumir a presidência em 2013. Nesta altura, o presidente detinha outros cargos dentro da Câmara Municipal.

O vice-presidente foi quem assinou a maioria dos contratos, dado que Orlando Alves se declarava impedido devido aos laços familiares com os titulares das empresas. No entanto, a Judiciária descobriu provas de que haveria um cartel entre a autarquia e os empresários através de escutas telefónicas.

Em causa estão suspeitas de crimes de associação criminosa, prevaricação, recebimento indevido de vantagem, falsificação de documentos, abuso de poder e participação económica em negócio.

Esta quinta-feira, Orlando Alves foi detido, assim como o seu vice-presidente, David Teixeira, e o chefe de divisão responsável pelas obras municipais. A renúncia de Orlando Alves terá como objetivo travar a prisão preventiva ao tirar um argumento ao Ministério Público, o perigo de continuação de atividade criminosa.

ZAP //

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