Da Mona Lisa a Guernica. Eis sete obras de arte famosas que foram vandalizadas

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(cv)

Os ataques de grupos ambientalistas a obras de arte têm feito manchetes nas últimas semanas, mas o fenómeno não é novo. Há um grande historal de vandalismo a pinturas e esculturas famosas motivado por razões políticas, artísticas ou simplesmente por distúrbios mentais.

No mês passado, o grupo de activismo ambiental Just Stop Oil causou um frenesim mediático, quando duas activistas atiraram sopa à famosa pintura “Girassóis”, de Vincent van Gogh enquanto gritaram: “O que vale mais, a arte ou a vida?“. Só um vidro valeu de protecção ao quadro, que ficou intacto.

Este foi só o primeiro de vários recente casos de activistas ambientais que têm feito da arte os seus alvos, em nome de chamarem atenção para a crise climática. “O Grito”, de Edvard Munch, também foi salvo por pouco após um ataque na Noruega, onde activistas lhe atiraram cola.

“Campbell Soup”, de Andy Warhol, “Rapariga com Brinco de Pérola”, de Johannes Vermeer, “Les Meules” de Claude Monet e uma figura de cera do rei Carlos III juntaram-se à lista de obras vandalizadas recentemente por grupos ambientalistas.

Em Portugal, a estátua de D. Afonso Henriques ou o Padrão dos Descobrimentos são exemplos conhecidos que já foram alvo de actos de vandalismo. Mas os “Girassóis” estão longe de ser a última obra de arte famosa a ser destruída ou danificada.

Mona Lisa

A Mona Lisa de Leonardo da Vinci é uma das pinturas mais famosas do mundo, por isso não é de espantar que tenha sido o alvo de vários potenciais actos de vandalismo, tanto que até está protegida com vidro à prova de bala.

Em Maio deste ano, um activista ambiental disfarçou-se idosa numa cadeira de rodas e entrou no Museu do Louvre. Quando se aproximou da Mona Lisa, o homem levantou-se da cadeira e tentou partir o livro, tendo atirado um bolo à pintura.

“Estas são as pessoas que estão a destruir a Terra… Todos os artistas, pensem na Terra. Foi por isso que fiz isto. Pensem no planeta“, declarou o vândalo.

A obra também já foi anteriormente atacada com pedras e uma chávena de café, tendo até sido roubada em 1911.

Guernica

Guernica é uma das pinturas mais influentes da história da arte e talvez a obra mais famosa de Pablo Picasso. Foi inspirada pelas atrocidades da Guerra Civil Espanhola e é considerada como uma das obras que melhor reflecte a devastação da guerra.

Em 1974, quando a obra estava a ser exposta no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, a enorme tela foi vandalizada por um jovem chamado Tony Shafrazi que escreveu “KILL LIES ALL” com graffiti na obra. Felizmente, a pintura estava protegida com uma camada de verniz, o que permitiu a remoção fácil e rápida da frase.

Chamem o curador, sou um artista“, terá ainda dito Shafrazi na altura, quando foi detido. O vândalo chegou a soletrar o seu nome à audiência e tudo indica que este ataque não passou de um golpe de marketing para divulgar o seu nome. E parece que o golpe resultou: Shafrazi é agora um famoso vendedor de arte em Nova Iorque e já foi entrevistado por vários órgãos de comunicação.

O Pensador

A estátua “O Pensador”, do escultor francês Auguste Rodin, é outra obra de arte que ganhou vida própria e que é frequentemente referida na cultura popular.

Desde 1917 que a obra está situada à porta do Museu de Arte de Cleveland, mas em Março de 1970, a estátua sofreu um ataque com uma bomba que destruiu as suas pernas permanentemente. O Museu optou por não restaurar a estátua, receando poder interferir com o trabalho original de Rodin, relata o Grunge.

Até hoje, ninguém foi acusado pelo ataque, apesar de vários grupos políticos terem sido apontados como suspeitos ao longo dos anos. O Museu continua a colaborar com o FBI na esperança de encontrar os responsáveis.

A Pequena Sereia

Uma das principais atracções turísticas de Copenhaga, A Pequena Sereia é uma estátua de bronze que representa a famosa personagem do conto de Hans Christian Andersen, que inspirou depois a adaptação da Disney.

Talvez por estar mais exposta e não estar num museu, a obra já foi alvo de vários actos de vandalismo, que começaram nos anos 60, quando o seu cabelo foi pintado de vermelho com grafitti e quando lhe desenharam roupa interior provocadora.

A estátua foi até decapitada em 1964 pelo artista Jørgen Nash, que o fez por estar frustrado com a sua vida amorosa. 20 anos mais tarde, dois homens bêbados cortaram o seu braço, mas acabaram por o devolver mais tarde. Em 1998, a sereia voltou a ficar sem cabeça, tendo esta sido depois devolvida anonimamente.

Niels Christian Vilmann / EPA

Em 2017, a estátua voltou a ser atacada com grafitti vermelho por activistas dos direitos dos animais, que protestaram contra a caça de baleias nas Ilhas Faroé. Em 2020, também foram escritas as palavras “peixe racista” na estátua.

Pietá

Nem todos os ataques têm motivações políticas. A famosa Pietá de Michelangelo foi um alvo de homem com uma doença mental, que em 1972 atacou a estátua que retrata Jesus Cristo nos braços de Maria. O vândalo foi um húngaro-australiano de 33 anos chamado Laszlo Toth, que deu com um martelo na estátua enquanto declarava ser a reincarnação do messias.

Sou Jesus Cristo, ressuscitado dos mortos“, gritou enquanto martelava na estátua. O homem foi declarado inimputável e não foi condenado pelo ataque, tendo antes passado dois anos numa instituição a ser tratado num hospital psiquiátrico.

Composição em Vermelho, Branco e Azul

O valor das pinturas geométricas de Piet Mondrian é sempre colocado em causa e quem não é adepto de arte muitas vezes questiona se não seria capaz de pintar um quadro igual.

E não são só os leigos do mundo da arte que têm reservas sobre os trabalhos de Mondrian. Em 1996, o jovem estudante de arte Jubal Brown orquestrou três ataques às obras do pintor neerlandês, que considerava “opressivamente triviais e dolorosamente banais”.

A sua repulsa pelas pinturas era tal que chegou a vomitar sobre a Composição em Vermelho, Branco e Azul de Mondrian.

Inicialmente, o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque acreditava que se tinha tratado de um acidente, no entanto, soube-se mais tarde que Brown tinha ingerido propositadamente uma mistura de gelatina azul, iogurte de mirtilos e cobertura de bolo, de forma a que o seu vómito fosse colorido e arruinasse a obra.

Este foi o segundo ataque que Brown levou a cabo contra uma obra de Mondria, mas foi impedido de levar a cabo o terceiro e completar o seu “tríptico”.

A Fonte

O movimento do Dadaísmo ganhou notoriedade durante a época modernista por questionar as fronteiras e o significado da própria arte. A Fonte, de Macel Duchamp, é talvez a obra mais famosa deste movimento, não passando de um urinol virado ao contrário. Afinal, se uma pintura com quadrados de Mondrian pode ser arte, quem disse que um urinol também não o pode ser?

A versão original da escultura foi perdida pouco depois da sua criação, mas Duchamp autorizou a criação de um pequeno número de réplicas que foram expostas em galerias prestigiadas em todo o mundo.

Nos anos 90, houve um movimento de artistas que procuraram devolver A Fonte ao seu propósito original e vandalizaram a obra ao urinarem nela. Mas o seu ataque mais famoso foi em 2006, quando o artista conceptual Pierre Pinoncelli foi detido por ter acertado com um martelo na obra, causando uma lasca na porcelana.

Pinocelli defendeu o acto afirmando que estava precisamente a honrar o espírito vanguardista de Duchamp e as questões sobre o valor da arte levantadas pelo próprio movimento Dada.

 

Adriana Peixoto, ZAP //

1 Comment

  1. Estes “Gretistas” caíram no Cretinismo ! . Se na base , o facto de se mobilizarem legitimamente en prol de uma causa justa , merecem o nosso apoio , mas perdem qualquer respeito e credibilidade quando se tornam puros VANDALOS !

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