Os dois dirigentes do PSD concordam na garantia de condições que devem concedidas aos cidadãos que entram nas fronteiras nacionais, mas discordam na implementação de contingentes.
As declarações de Carlos Moedas em entrevista ao jornal Público nas quais defendia a exigência de um contrato de trabalho para que os imigrantes entrassem em Portugal e a definição de contingentes revelaram uma divergência entre o presidente da Câmara de Lisboa e o líder do PSD, a qual foi reconhecida por Luís Montenegro.
Na Guarda, no ãmbito de mais uma ação do programa Sentir Portugal, Montenegro admitiu que não concorda a “100% com essa visão [defendida por Carlos Moedas].”
“Sou muito claro sobre isso: concordo que tem que haver regulação, mas nós temos que ser mais ousados. Temos que arriscar, procurar pelo mundo as comunidades que possam interagir melhor connosco, que se possam interagir melhor connosco, que se possam integrar melhor na nossa cultura, na nossa identidade, e que possam entrar, por via do mercado de trabalho e também por via da formação, para ingressarem no mercado de trabalho mais tarde”, disse.
Como tal, as duas principais figuras do partido social-democrata concordam quanto à necessidade de uma maior regulação na política nacional de imigração, em função das necessidades da economia.
“Tenho uma certeza: quer eu, quer o engenheiro Carlos Moedas temos o mesmo objetivo, que é ter uma política de imigração regulada, que possa servir o nosso mercado de trabalho. Aí estamos de acordo”, estabeleceu Montenegro.
Outro ponto em que os dois parecem estar de acordo são as condições que devem ser garantidas aos cidadãos que entram nas fronteiras nacionais. “O país tem de ser atrativo do ponto de vista das condições que dá até à garantia de coisas fundamentais como a habitação, o acesso à saúde, o acesso à educação“, destacou o líder dos sociais-democratas.
Carlos Moedas também esclareceu, na entrevista, que “não podemos ter, como nenhum país tem, uma política em que as pessoas chegam e depois estão nesta precariedade. Não podemos ter uma política em que recebemos as pessoas e depois elas estão ao abandono.”
As palavras de Carlos Moedas também mereceram um comentário de Marcelo Rebelo de Sousa que, em declarações aos jornalistas, destacou que não se deve confundir a necessidade de debater as regras da imigração com as condições em que os migrantes vivem em Portugal.
“É uma solução muito fácil o vir dizer: “Como não somos capazes de fazer funcionar os mecanismos de legalização e de controlo das condições de trabalho, o melhor é resolver o mal pela raiz, fecha-se.’ Como é evidente, esta é uma solução que é muito mais fácil, mas é, não sendo capaz de resolver certos problemas, estar a dar uma resposta ao lado que não tem a ver com certos problemas”, ressalvou.
«A fronteira é como a pele: serve para deixar passar o que é bom e evitar o que é mau» – Marine Le Pen