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“Sentimento anti-Modi.” Pandemia deixa primeiro-ministro indiano debaixo de fogo

presidenciamx / Flickr

O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi

A segunda vaga de covid-19 na Índia tem alfinetado Narendra Modi. Restam saber quais serão as consequências políticas para o primeiro-ministro indiano.

Narendra Modi chegou ao poder em 2014, cheio de promessas de crescimento e prosperidade na algibeira. Além de ter evitado a agitação civil, afastou também o declínio económico, tendo os seu índice de aprovação atingido os 80% no início deste ano.

No entanto, face à crise sanitária que se vive na Índia, com um sistema de saúde subfinanciado e com poucos recursos à beira do colapso, a competência e liderança do primeiro-ministro estão em xeque.

“A imagem de Modi vai depender de como é interpretado o sofrimento em massa e se consegue usar com sucesso as suas capacidades de mudança narrativa. Ainda assim, acho que Modi terá que pagar um preço“, disse Ashutosh Varshney, diretor do Centre for Contemporary South Asia da Brown University, nos Estados Unidos.

“Este é um período de sofrimento imenso e será muito difícil convencer as pessoas de que isso se deveu apenas à ‘vontade divina’ ou às falhas individuais relacionadas com a rejeição do uso de máscara”, acrescentou, citado pelo The Guardian.

O partido Bharatiya Janata party (BJP), liderado por Modi, enfrenta agora uma onda de raiva pública sem precedentes.

O diário britânico dá o exemplo de Haryana, uma aldeia que anteriormente votou no BJP, mas que agora centra as atenções no “sentimento anti-Modi“, que é agora tão marcante que foi erguida uma placa a proibir qualquer político do partido de entrar na aldeia.

O primeiro-ministro indiano é acusado de fechar os olhos aos sinais de alerta da segunda onda de covid-19, ignorando os conselhos dos cientistas e alimentando uma cultura de complacência nos níveis mais altos do Governo ao permitir que as eleições estaduais, os comícios políticos e os festivais religiosos prossigam.

O programa de vacinação também foi prejudicado por uma grave escassez causada por falta de ordens do Governo.

Modi, que construiu uma reputação de político forte, destaca-se agora pelas acusações de abandono da população e abdicação de responsabilidade.

“Assim como as vacinas, o oxigénio e os medicamentos, o primeiro-ministro também desapareceu”, escreveu, no Twitter, o líder da oposição Rahul Gandhi. Atualmente, a estratégia do Governo baseia-se na descentralização da culpa, transferindo a responsabilidade pela disseminação da segunda onda para os governos estaduais.

Resta saber se o golpe que a pandemia deu em Modi vai afetar politicamente a sua imagem bem cultivada de competência e força.

A derrota do BJP nas eleições estaduais de Bengala Ocidental é encarada por muitos como um indicador de que a deterioração da imagem de Modi se concentra a nível estadual, onde a insatisfação face ao primeiro-ministro pode prejudicar o seu partido e até abrir caminho para a possibilidade de uma aliança de oposição entre poderosos partidos para desafiar o BJP a nível nacional.

O The Guardian avança que as eleições estaduais em Uttar Pradesh, em março do próximo ano – onde o governo controlado pelo BJP é liderado por um dos aliados mais próximos de Narendra Modi -, serão o primeiro teste para o impacto político da pandemia no político e no partido.

Liliana Malainho, ZAP //

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