Misterioso animal em forma de tubo é imortal. Cientistas revelam o seu segredo

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ZAP // Wikipedia

Chama-se hydractinia e é um estranho animal em forma de tubo que parece ser imune ao envelhecimento. A razão por detrás desta aparente imortalidade foi, finalmente, desvendada pelos cientistas.

A hydractinia é um extraordinário animal marinho que habita nas cascas dos caranguejos.

Ambos os seres vivos estabeleceram uma interessante relação de simbiose – a hydractinia confere proteção aos crustáceos, contra o ataque de predadores, e beneficia da movimentação dos caranguejos para melhor se alimentar.

Uma das particularidades mais interessante da hydractinia está a sua notável capacidade de resistir ao envelhecimento.

A razão pela qual este hidrozoário em forma de tubo consegue ser imune à passagem do tempo tem intrigado os cientistas ao longo dos anos. No entanto, o mistério está cada vez mais próximo de ser desvendado.

De acordo com um novo estudo, recentemente publicado na Cell Reports, a hydractinia parece usar o envelhecimento para desenvolver um corpo completamente novo.

Esta nova investigação ajuda os cientistas a compreender como é que estas criaturas imortais continuam a viver mesmo quando, em teoria, já deveriam ter morrido.

“Estes estudos podem abrir novas portas para compreendermos como é que o envelhecimento do corpo humano funciona”, afirma Charles Rotimo, co-autor da investigação e diretor do Programa de Investigação Intramural do Instituto Nacional de Investigação do Genoma Humano (NHGRI).

Num estudo anterior, os cientistas descobriram que a hydractinia tem células estaminais que utiliza para regenerar os tecidos dentro do seu corpo.

As células estaminais são células indiferenciadas capazes de se especializar em qualquer tipo de célula do organismo.

Os seres humanos também têm células estaminais, mas num número bem mais reduzido, existindo principalmente ao nível do cordão umbilical, medula óssea, pele e músculos. Já na hydractinia, as células estaminais encontram-se num número muito maior e, aparentemente, são capazes de regenerar todo o ser vivo.

Os investigadores estão, neste momento, a tentar perceber que genes é que estão envolvidos na aparente “imortalidade” da hydractinia. Tudo indica que estes genes estejam envolvidos na senescência e regeneração de células deste organismo.

A senescência é um processo natural de envelhecimento celular de um organismo como um todo. É um estado irreversível, em que as células param de se dividir e entram num estado de repouso permanente.

A hydractinia parece ser capaz de utilizar a senescência a seu favor, conseguindo regenerar células senescentes através de células estaminais indiferenciadas.

Em experiências anteriores, foi possível observar que, quando este conjunto de genes foi apagado, a hydractinia foi incapaz de utilizar células estaminais para regenerar partes do seu corpo.

Esta estudo pretende entender como é que animais como a hydractinia, e até mesmo outros seres vivos que utilizam métodos semelhantes, reparam danos nas suas células e regeneram partes inteiras do seu corpo.

Este conhecimento poderá ajudar-nos a perceber de que forma é que as nossas próprias células envelhecem e, assim, abrir novos caminhos para retardar o envelhecimento.

Patrícia Carvalho, ZAP //

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