Há uma misteriosa barreira na Via Láctea a bloquear os raios cósmicos

NASA/CXC/SAO

O centro da Via Láctea é um poderoso acelerador de partículas. Uma nova investigação revela agora que há também um misterioso mecanismo a impedir os raios cósmicos de penetrarem na zona molecular central da nossa galáxia.

Restos de supernovas, nebulosas de vento pulsar e o buraco supermassivo no coração da Via Láctea, Sagitário A* – são três importantes componentes da nossa galáxia que poderiam desempenhar um importante papel como aceleradores de raios cósmicos.

Os raios cósmicos emergem dos aceleradores e propagam-se no campo magnético galáctico, onde são provavelmente abrandados e reacelerados para resultar no que os astrónomos chamam de “mar de raios cósmicos”.

Quando interagem com o Espaço interestelar, produzem fotões de raios gama de alta energia, com cerca de 10% da energia das partículas originais.

Recentemente, uma equipa de cientistas analisou essa radiação na nuvem molecular central da Via Láctea, usando dados do Telescópio de Grande Área Fermi, e entrou algo desconcertante.

Além de confirmarem que o centro galáctico é um acelerador de partículas de alta energia, os cientistas concluíram que a densidade dos raios cósmicos na nuvem molecular central é inferior à que seria de esperar.

Esta descoberta sugere a presença de algum tipo de barreira que impede que os raios cósmicos penetrem na densa nuvem molecular central.

Para já, os cientistas não sabem no que consiste esta barreira, mas há já algumas explicações plausíveis.

O colapso de partes mais densas da nuvem, por exemplo, poderia resultar na compressão de campos magnéticos, que podem ser uma barreira para as partículas energizadas. Outra possibilidade colocada em cima da mesa pela equipa está relacionada com os ventos galácticos.

No futuro, simulações tridimensionais mais detalhadas do centro da Via Láctea podem ajudar a encontrar a origem e os meios de transporte dos raios cósmicos, assim como a natureza da barreira que os impede de atravessar a nuvem molecular central.

O artigo científico foi publicado, esta terça-feira, na Nature Communications.

ZAP //

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