Mistério das múmias de babuínos do Egito desvendado após 118 anos

Richard Barnes

Em 1905, a descoberta de babuínos mumificados no Egito desencadeou mais de um século de especulação sobre a sua origem. Agora, após 118 anos, um estudo inovador fornece respostas aos mistérios que os rodeiam.

Os babuínos mumificados, que datam de 800-540 a.C., foram encontrados em Gabbanat el-Qurud, conhecido como o “Vale dos Macacos”. No entanto, os babuínos hamadryas, a espécie em questão, não são nativos do Egito, mas sim do Corno de África e da região sudoeste da Península Arábica.

Estes babuínos tinham um significado cultural para os antigos egípcios, que os mumificavam e ofereciam como lembranças votivas para honrar Thoth, o deus da aprendizagem e da sabedoria, representado por um babuíno hamadryas. Mas como é que estes babuínos foram parar ao Egito?

Em 2020, os investigadores localizaram o seu local de nascimento no Corno de África. Agora, um novo estudo não só refinou ainda mais esta localização, como também realizou a primeira análise bem sucedida de ADN antigo de primatas não humanos mumificados.

A análise genética inovadora envolveu o estudo dos genomas mitocondriais dos babuínos mumificados e a sua comparação com os babuínos atuais. Ao extrair ADN de um espécime de museu, os cientistas identificaram o local de origem dos macacos numa área em redor da Eritreia, provavelmente perto do lendário porto de Adulis.

Adulis, conhecido em textos antigos como um local de comércio de bens de luxo e animais, parecia ser um candidato provável para a partida dos babuínos para o Egito. No entanto, surgiu uma discrepância, uma vez que Adulis floresceu muito depois de as múmias de babuíno terem sido preservadas, explica a IFLScience.

Isto levou os investigadores a considerar outro porto, Punt, frequentemente associado à origem dos babuínos e a partir do qual o Egito importou mercadorias até ao primeiro milénio a.C.

A localização exata de Punt tem sido um mistério histórico. O novo estudo sugere que Punt e Adulis são, de facto, o mesmo local, referido por nomes diferentes em diferentes momentos. O estudo foi recentemente publicado na revista eLife.

“Os egiptólogos há muito que se interrogam sobre Punt, vendo-o como um local nas primeiras redes de comércio marítimo global e um ponto de partida para a globalização económica. O espécime que estudámos enquadra-se cronologicamente nas últimas expedições conhecidas a Punt. Geograficamente, no entanto, encaixa-se em Adulis, um local que, séculos mais tarde, era conhecido como um local de comércio, também para primatas”, explica a autora principal do artigo, Gisela Kopp.

Assim, os cientistas acreditam que as múmias de babuíno estão ligadas às rotas comerciais e às práticas culturais do antigo Egito. Embora o mistério da sua origem possa estar resolvido, as questões sobre o seu verdadeiro significado permanecem.

ZAP //

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