O presidente da Câmara de Mirandela, António Branco, ameaçou esta segunda-feira portajar a principal estrada do concelho se forem introduzidas portagens na A4, para mostrar que não há alternativa a esta autoestrada na rede viária nacional.
O autarca reconhece que não sabe se o município tem competência para isso, mas reiterou que está disposto a colocar portagens na antiga nacional 15 e pergunta: “porque é que o Governo pode por portagens na A4 e eu não. O conceito é o mesmo”.
A posição do autarca social-democrata surge depois de o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, ter confirmado, na sexta-feira, em Bragança, que a Autoestrada Transmontana, que dá continuidade à A4, entre Vila Real e Bragança, vai ter portagens.
O problema é que neste concelho transmontano, entre o Romeu e Mirandela, a única estrada que poderia permitir evitar potagens é agora municipal e António Branco garantiu à Lusa que não está disposto “a ser alternativa”, nem que para isso tenha que adotar o conceito do Governo e introduzir portagens.
O autarca refere-se à antiga nacional 15, que liga Bragança ao Porto, paralela primeiro ao IP4 e agora à A4.
O troço de 15 quilómetros entre o Romeu e Mirandela foi municipalizado em 2006, segundo adiantou o autarca, vincando que teve de pagar metade, 1,5 milhões de euros, do investimento para reabilitar a estrada.
“Vou ficar agora eu a servir de alternativa? E quem faz a manutenção disto?”, questionou.
O autarca social-democrata já o tinha feito e volta agora a ameaçar fazer o mesmo que o Governo e portajar a estrada, mas com uma salvaguarda para as gentes da região, nem que tenha que dar um aparelho (Via Verde) a cada residente.
Já “tudo que seja carro público, que pague”, continuou.
O autarca vincou que a situação do seu concelho é ilustrativa de que os transmontanos não têm alternativa à autoestrada que foi construída sobre o antigo IP4.
A antiga nacional 15 serviu para desviar o trânsito por quase dois anos durante a construção da autoestrada, cujas consequências ainda são visíveis no concelho.
“As entradas de Mirandela estão destruídas”, contou, referindo-se ao pavimento por onde durante a obra passaram camiões e “mais carros do que em 25 anos”.
Quem vai pagar é a autarquia e “ainda por cima, os fundos comunitários não disponibilizam dinheiro para estes fins”, afirmou, referindo-se às restrições do novo quadro comunitário a financiamentos de infraestruturas.
António Branco fala também de outros custos de que o concelho não foi ressarcido, nomeadamente para Turismo, quando o rio Tua e o seu espelho de água, que são o principal atrativo da cidade, estiveram vazios “durante quase três meses” para a construção de uma das pontes da A4.
/Lusa