A Câmara de Manteigas, no distrito da Guarda, vai avançar para tribunal para reclamar os terrenos onde o município da Covilhã, no distrito de Castelo Branco, construiu o Miradouro dos Piornos na Serra da Estrela.
“Trata-se de tentar repor uma legalidade administrativa que é a definição dos limites dos territórios de cada concelho”, alega o presidente da Câmara de Manteigas, Flávio Massano, em declarações à agência Lusa.
Massano realça que é uma questão de “correção dos limites” e rejeita a ideia de uma luta entre Câmaras Municipais que são vizinhas.
O autarca explica ainda que a decisão “decorre de várias pressões dos manteiguenses e dos políticos das diversas cores do concelho”.
“Não é uma cruzada contra os investimentos da Covilhã“, acrescenta. “Quero é que a Covilhã continue a investir e a valorizar a Serra da Estrela“, destaca também o autarca eleito pelo movimento independente Manteigas 2030 que retirou a Câmara ao PS.
Contudo, Massano nota que não pode deixar “cair esta reivindicação em saco roto”, não só pelas “pressões”, mas também porque é “uma luta por aquilo que os antepassados deixaram“.
“Repor verdade” e homenagear os antepassados
“Não se trata de um processo bélico, não se trata de uma luta entre duas Câmaras. Só queremos repor alguma verdade” e “prestar homenagem e reconhecimento ao trabalho dos antepassados”, salienta.
Massano realça que “por alguns erros das cartas oficiais“, alguns terrenos, nomeadamente aquele onde se encontra o Miradouro de Piornos, “foram retirados ao território de Manteigas”.
O autarca reconhece que o turista que visita a Serra da Estrela não quer saber se está em Manteigas, na Covilhã, ou em Seia. “Mas para os nossos antepassados e aqueles que construíram o nosso território também custa ver que, por um erro administrativo, se perderam demasiados metros quadrados de território”, reforça.
“O importante é que venham turistas”
A Câmara da Covilhã “está bastante serena” em relação ao assunto, como conta à Lusa o vereador que tem o pelouro do Turismo, José Miguel Oliveira.
“Não vemos qualquer inconveniente naquilo que está lá feito”, acrescenta o vereador, salientando que os limites dos concelhos estão definidos na Carta Administrativa há muitos anos.
Quanto ao Miradouro em si, a obra foi financiada por fundos comunitários e “foi alvo de todas as fiscalizações”, realça José Miguel Oliveira.
Para a autarquia da Covilhã, “não há nenhuma situação de conflito” e “o importante é que o equipamento traga visitantes à Serra da Estrela”, o que está a acontecer, nota o mesmo vereador.
O Miradouro dos Piornos foi inaugurado em Outubro de 2022. A estrutura encontra-se a 1.630 metros de altitude e integra a rede de miradouros da Serra da Estrela preconizada pela Câmara da Covilhã.
ZAP // Lusa