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Ministro britânico compara União Europeia à União Soviética

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thedcms / Flickr

Jeremy Hunt, o novo ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo britânico

O ministro inglês do Negócios Estrangeiros, Jeremy Hunt, comparou a União Europeia à União Soviética, acusando a UE de tentar impedir a saída de qualquer membro do bloco, numa tentativa de punir o Reino Unido.

“Se se transformar o clube da UE numa prisão, o desejo de sair não diminuirá, crescerá”, atirou Jeremy Hunt num discurso proferido neste domingo durante o Congresso do Partido conservador que decorreu na cidade inglesa de Birmingham.

Durante o discurso, o chefe da diplomacia britânica relembrou uma visita à Letónia no início do verão e o papel que o Reino Unido e outros países tiveram na transição do domínio soviético para uma democracia moderna e uma economia de mercado.

“O que aconteceu à confiança e aos ideais do sonho europeu?”, questionou. “A União Europeia foi criada para proteger a liberdade. Foi a União Soviética que impediu a saída das pessoas”, acrescentou o ministro inglês.

Perante as comparações, vários embaixadores de países da União Europeia em Londres e antigos diplomatas britânicos vieram criticar publicamente Jeremy Hunt.

Chuva de críticas

O comissário lituano Vytenis Andriukaitis recorreu ao Twitter para se pronunciar sobre o assunto, dizendo ao político conservador britânico que lhe explicará com todo o gosto “as principais diferenças entre a UE e a URSS”.

“Nasci num gulag soviético e fui encarcerado pelo KGB algumas vezes na minha vida. Será com todo o prazer que lhe explicarei as principais diferenças entre a UE e a URSS. E também porque fugimos da URSS. Quando quiser”, escreveu Andriukaitis.

Em declarações ao The Guardian, a embaixadora letã no Reino Unido, Baiba Braže, disse que a comparação é errada, uma vez que os soviéticos “mataram, deportaram, exilaram e prenderam centenas de milhares de moradores da Letónia depois da ocupação ilegal em 1940 e arruinaram as vidas de três gerações”.

Em contrapartida, explicou, “a UE trouxe prosperidade, igualdade, crescimento e respeito”.

Tiina Intelmann, a sua homólogoa estónia, escreveu no Twitter que “a União Europeia e a União Soviética não [são] comparáveis”. “O regime soviético foi brutal, eu vivi sob ele, a comparação é insultuosa”, acrescentou.

O embaixador sueco, Torbjörn Sohlström, escreveu também que “esperar respeito nas negociações do Brexit é correto, comparar a União Europeia com a União Soviética não é”.

A comparação de Hunt mereceu igualmente a reprovação de antigos diplomatas britânicos, nota o semanário Expresso. Peter Ricketts, que liderou o Ministério dos Negócios Estrangeiros entre 2006 e 2010, disse que a única punição que o Reino Unido sofrerá pelo Brexit será “autoinfligida”.

“Este lixo é indigno de um ministro britânico dos Negócios Estrangeiros”, disse Ricketts, citado pela BBC, acrescentando: “A União Europeia não é uma prisão de estilo soviético. A sua ordem legal trouxe paz e prosperidade após um século de guerra.”

Já o seu sucessor, Simon Fraser, afirmou que foi uma “chocante falha de julgamento”.

Apenas o líder do Partido de Independência do Reino Unido (UKIP), Nigel Farage, pareceu ficar satisfeito com a comparação, dizendo que Hunt estava a usar a sua “linguagem”.

Hunt deve “abrir um livro de História”

Face às declarações do ministro britânico, o porta-voz da Comissão Europeia, Margaritis Schinas, aconselhou Jeremy Hunt que comparou a União Europeia com a extinta União Soviética, a “abrir um livro de História de vez em quando”.

“Diria, com muito respeito, que é importante, em particular quando se é ministro dos Negócios Estrangeiros, abrir um livro de História de vez em quando“, afirmou o porta-voz grego, na conferência de imprensa diária da Comissão Europeia (CE).

Questionado sobre se recomenda algum livro em particular, Margaritis Schinas respondeu que não, mas acrescentou que “há muita literatura que abarca esse período negro da história europeia”.

Jeremy Hunt, antigo ministro da Saúde do reino Unido, sucedeu a Boris Johnson no cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros em julho deste ano.

ZAP // Lusa

9 Comments

  1. Amigo a UE não impede a saída do UK, só não permite a saída á v/ maneira. Quando assinaram acordos décadas atrás nesses acordos estavam mencionados as normas, regras e tudo mais. Voçês é q querem sair sem nada pagarem. Ora se vocês saírem sem nada pagarem certamente outros irão sair da mesma forma.
    Se não queriam não assinassem os acordos que assinaram, as regras e normas é p/ todos sem exceção. Voçês têm a MANIA q são diferentes!…

    • Sem duvida, e se querem sair a que pagar aquilo que receberam ao se juntarem a comunidade europeia, o problema é que querem manter as mesmas condições de estarem na união europeia mas sem os encargos…

  2. Estão a dificultar a saída do Reino Unido porque eles põem cá muito, e a UE não tem interesse na sua saída …
    Quanto a mim o maior ERRO de todos foi mesmo a criação da União Europeia, que só interessou a alguns… Agora como se está a ver é um caixote do lixo, a abarrotar de migrantes, que também querem viver do subsidio e dominar a nossa cultura a qualquer preço nem que seja pelo medo, onde já se torna perigoso criarmos os nossos filhos.
    Governada por desgovernados, que vivem às nossas custas, que não sabem fazer rigorosamente NADA, nem Politica o que é uma tristeza.
    Já tenho saudades de ver gente como deve ser á frente dos destinos dos Países, e não uma cambada de corruptos, um saco de gatos da pior espécie.
    Cada País tem que vingar por si mesmo sem se encharcar em dividas, ter as suas fronteiras e fazer uniões no que seja estritamente necessário.
    Perdemos a nossa cultura, a nossa dignidade … Não há Homens com H grande, é só bichesa aos bjhs e abracinhos com medo de perderem o tacho.
    Triste sina a da Europa … Está a afundar-se a alta velocidade, saia quem puder e o mais rápido que puder É um assunto que não se esgota tal é o lamaçal ….

    • A U.E. tem imensos defeitos mas sem ela Portugal seria muito mais pobre, pessoas como você gostam de atacar a U.E. mas quando foi para receber os fundos europeus e para os usar de forma não apropriada ninguém se preocupou, e não estou a falar dos fundos diretamente usados pelo governo mas sim daqueles que foram distribuídos pelos produtores agrícolas, pescadores, empresários etc… enquanto houve dinheiro ninguém reclamou. Hoje 30/40 anos depois queremos culpar a U.E. pelos nossos erros.
      Não queiram culpar a U.E. pela nossa histórica falta de aptidão com o dinheiro, não me interpretem mal eu sou Português e adoro Portugal, mas sim temos defeitos, e para os corrigir temos de parar de culpar terceiros pelos nossos defeitos. Viva Portugal, Viva a U.E.

    • O amigo deve estar com problemas de memória. Sem a UE continuava a demorar um dia para ir do Minho ao Algarve. E na Madeira levantava-se no dia anterior para chegar ao aeroporto. E como este era mais pequeno, em muitas circunstâncias esperava lá duas ou três semanas por um voo.
      E esqueça a maioria dos hospitais. Tinha 3 hospitais dignos desse nome. O resto ou não existia ou não era digno do nome hospital.
      E também se deve estar a esquecer que em 1986 o salário mínimo nacional era de 97 euros. Veja ainda os índices de longevidade, a esperança média de vida (que aumentou 7 anos), o número de óbitos infantis, o PIB que duplicou,…
      Admito que o amigo possa ser um jovem que não tenha vivenciado devidamente o período antes da adesão de Portugal à União Europeia. Mas olhe que os tempos eram bem mais difíceis. E se recuar ainda mais para trás ainda ouvirá histórias de famílias a dividir uma sardinha.
      Procure informar-se mais.

  3. E possivelmente assiste alguma razão a este senhor, note-se que os continentais sempre foram brandos com as exigências de Londres, estes mantiveram a sua moeda, a sua condução entre outras coisas impondo-se inclusivamente o inglês como a língua mais forte, foram sempre exigindo mais e os políticos continentais pondo-se sempre de cócoras perante eles, estes mesmo assim acabaram por se fartar de nós possivelmente perante tanta imbecilidade continental e penso que agora perante a saída de um membro tão robusto e pondo em causa provavelmente a unidade da UE estão agora a fazer birrinha quando no passado não tiveram tomates para dizer não a tudo que os britânicos exigiam.

  4. Sr. João, eu trabalho desde os 17 anos e nunca usufrui de 1 escudo de fundos europeus. Falo em escudo porque continua a ser a minha moeda.
    E não me enquadro no grupo que o Sr. menciona, mas sei perfeitamente do que fala, pois também vi todos esses abusos.
    Fui uma das vozes activas contra a adesão à UE, e sabia muito bem do falava na época.
    Tem razão talvez não nos tivéssemos desenvolvido tanto. Mas provavelmente tinhamos desenvolvido com mais consistência e começado a casa pelos alicerces e não pelo telhado, é que sem alicerces desmoronamos e o dinheiro a entrar e a não darem valor ao mesmo deu lugar à corrupção activa que temos.
    E sabe Sr. João custa-me muito trabalhar para pagar o esbanjamento que os que nos desgovernam tem.
    Porque o dinheiro que vem da UE é pago e bem pago… e eu estou cansada de pagar para quem nada faz e usufrui de reformas sem nada fazer e eu tenho que aguardar mais 10 anos apesar de trabalhar desde os 17 para ter direito provavelmente a uma miséria de reforma.
    E como não trabalho para o Estado não tenho tacho nenhum.
    Não estou contra a UE ela não tem culpa nenhuma do desgoverno do meu País ( Pois também sou Portuguesa e também adoro o meu País ), mas sempre fui contra a adesão á mesma. Sabe na altura percebi logo o que ia acontecer e pedi sempre para não me rebentar em cima. Pois não era difícil prever o futuro do meu País.
    Difícil mesmo é ver que tínha toda a razão no que alegava na altura.

  5. Jeremy Hunt = Boris Johnson versão 2.0. São os dois ignorantes e quando abrem a boca deixam o mundo embasbacado com tamanha falta de carácter e imbecilidade. Junta-se o Nigel Farage e ai está o trio maravilha, 3 imbecis.

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