Ministra muito dura após fuga: desleixo, irresponsáveis e sem hesitar em processos

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António Cotrim / LUSA

A ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice

Rita Júdice esperou três dias para falar sobre Vale de Judeus, mas agora foi assertiva: “Erros muito graves e inaceitáveis”.

A fuga de cinco reclusos perigosos da prisão de Vale de Judeus foi no sábado de manhã, a ministra da Justiça só falou na terça-feira ao fim da tarde.

Porquê? Porque queria “dar espaço à investigação, não contribuindo para o ruído de fundo, que surge sempre nestes momentos”, justificou Rita Alarcão Júdice, em conferência de imprensa.

A ministra contou que recebeu, precisamente na terça-feira, o relatório da auditoria à actuação dos serviços de vigilância e segurança.

E não hesitou nas palavras: foi um momento de “gravidade extrema, que não podemos desculpar”, resultado “cadeia sucessiva de erros e falhas muito graves, grosseiras, inaceitáveis” – e que espera sejam “irrepetíveis”.

“Esta é a minha primeira conclusão: este episódio não traduz uma cultura de segurança e de exigência“, num sistema de controlo e vigilância de presos que tem “fragilidades”.

Ao olhar para o relatório, Rita Júdice viu “desleixo, facilidade, irresponsabilidade e falta de comando”.

“Também vimos decisões erradas ou ausência de decisões nos anos mais recentes”, acrescentou, embora mais tarde tenha destacado que preferia falar do futuro, não do passado.

Consequências: demissões de Rui Abrunhosa (director das prisões) e de Pedro Veiga Soares, subdirector-geral com o pelouro das prisões, ambas aceitas pela ministra. A subdirectora-geral Isabel Leitão passa a directora “em regime de substituição”.

Além disso, vão ser feitas duas auditorias: uma auditoria urgente aos sistemas de segurança das 49 cadeias e uma auditoria de gestão aos recursos da Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais e de todos os estabelecimentos prisionais.

“Não hesitarei em dar impulso aos processos disciplinares ou penais que se revelem necessários”, avisou a ministra da Justiça.

Mais tarde, em entrevista à RTP, a ministra da Justiça anunciou que já foram emitidos mandados de detenção europeus dos cinco reclusos.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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2 Comments

  1. Se calhar os guardas também foram responsaveis pelos crimes violentos que eles cometeram antes. Era prisão já para esses guardas todos, piores que os assassinos.

  2. A Sr.ª Ministra falou pouco, mas o necessário e preciso no momento certo, só quando recebeu um relatório sobre o que se passou.
    Foi eficiente e eficaz quando falou ao País e disse, entre outras coisas:
    1 – “foi um momento de “gravidade extrema, que não podemos desculpar”, resultado da “cadeia sucessiva de erros e falhas muito graves, grosseiras, inaceitáveis” – e que espera sejam “irrepetíveis”.”
    2 – “viu “desleixo, facilidade, irresponsabilidade e falta de comando”.”
    Pode-se apontar falta de recursos humanos e técnicos, que são da responsabilidade dos Governos, mas os recursos humanos existentes não se podem eximir às suas responsabilidades.

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