Ministra atacou as “lideranças fracas” nos hospitais. Já há uma demissão em bloco

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Manuel de Almeida / LUSA

A ministra da Saúde, Ana Paula Martins

Ana Paula Martins foi ouvida no Parlamento e não poupou nas palavras. Reacção em Viseu surgiu horas depois.

A ministra da Saúde esteve no Parlamento, em audição na comissão parlamentar de Saúde, para ser ouvida sobre o Plano de Emergência da Saúde.

Foi de braço ao peito, devido a um acidente de carro, mas não estava fragilizada ao falar sobre os líderes nos hospitais públicos portugueses.

Nós temos lideranças fracas! Nós precisamos de lideranças nos hospitais e nos serviços que sejam lideranças mobilizadoras, que atraiam jovens profissionais, que os tratem bem. Nós não tratamos bem as pessoas na administração pública!”.

“Os nossos departamentos de recursos humanos, muitas vezes, levam meses para responder a um médico, a um farmacêutico, a um enfermeiro, a um técnico superior de diagnóstico e terapêutica. Isto não é aceitável!”, avisou Ana Paula Martins.

Ainda adiantou: “Tem de haver escrutínio, tem de haver avaliação de desempenho para os gestores. Não basta que os administradores venham dizer que não tem condições. É preciso perceber de que condições precisam”.

Logo a seguir, anunciou uma “comissão de acompanhamento, comissão de auditoria” aos conselhos de administração dos hospitais públicos.

A ministra assegurou que a ideia dessa comissão “não é hostilizar, mas sim apoiar, ajudar” os administradores dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde.

Demissão em bloco

Mas há quem não tenha gostado destas palavras: logo no dia seguinte, esta quinta-feira, houve demissão em bloco em Viseu.

O conselho de administração da Unidade Local de Saúde de Viseu Dão-Lafões ficou “surpreendido e confrontado” com estas declarações e, por isso,”entende já não reunir as condições para continuar a exercer o seu mandato”.

A demissão em bloco em Viseu foi anunciada numa carta de demissão dirigida à ministra da Saúde, onde se justifica a decisão: “Face à falta de confiança manifestada no nosso desempenho enquanto líderes e gestores, vimos apresentar a vossa excelência o nosso pedido de demissão”, cita a CNN Portugal.

No hospital em Viseu, foi activado um plano de contingência no dia 1 de Março, devido a falta de médicos – passou a haver encerramento exterior das urgências pediátricas de sexta-feira até domingo, de noite.

Mas, já neste mês, a partir de 1 de Junho, as urgências pediátricas passaram a fechar todas as noites; dois médicos saíram e as férias começaram.

recursos “insuficientes” e “limitações da autonomia de gestão”, alegam os administradores demissionários.

ZAP //

16 Comments

  1. “que lhes tratem bem”
    Espero que a ministra não tenha dito tal coisa. Ou será que a ministra já nem português sabe falar?

  2. Assim que alguém atua como se de uma empresa se tratasse, os ‘ratos’ abandonam o barco.

    Ou seja, basicamente estão a dizer que não prestam porque não conseguem admitir auditoria?

    É simples, substituir por quem queira trabalhar e não tenha medo. Simples, ainda que não simplista.

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  3. Não é desta forma que se resolvem os problemas! Um péssimo começo, um mau exemplo, incompetência política, arrogância e falta de bom senso!

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  4. Grande ministra. É destes governantes que Portugal precisa. Em todo o lado há boa e más gestão.
    Se se sentem ofendidos que se ponham a mexer!

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  5. Pois, … que se ponham a mexer! Foi assim que sempre fiz na minha vida de profissional. Quando não estava bem, procurava encontrar melhor.
    Só que na questão do S. N. S. a coisa é bem mais séria. E se já não há médicos suficientes, se o resto se põe a mexer o jje terá de procurar um curandeiro ou socorrer-se do sector privado.
    A ministra falha redondamente quando clama por «lideranças mobilizadoras que atraiam jovens profissionais, que os tratem bem». Conversa de político tentando atirar areia para cima de nós. Quem tem de tratar bem o jovens profissionais é ´Estado, logo os Governos, pagando-lhes salários condicentes com as suas responsabilidades. Os médicos, enfermeiros e outros profissionais da área da saúde não são empregadas domésticas que, em certos casos, até ganham mais do que eles.

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  6. Não foi esta senhora, agora ministra, que dirigiu um centro hospitalar em Lisboa, ao que se sabe com muito pouca eficiência ? Por isso, sabe bem do que fala.

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  7. Esta ministra não parece ter nem a base científica nem o método empírico para dar conta deste recado. O primeiro-ministro não soube recrutar uma equipa susceptível de recuperar as perdas sucessivas do governo Costa desde os incêndios à pandemia até à incapacidade de de gerir o dinheiro da União Europeia, cuja actual liderança faz mais propaganda e gasta mais dinheiro do que gerir útilmente os diversos países, desde os que não precisam do dinheiro da UE aos que não sabem executá-lo, como foi o caso lamentável do 1.º ministro português demissionário e da infinidade de deputados pagos a peso de ouro pela Europa fora!

  8. O caminho está aberto para tudo Privatizar , quem terá posses Económicas será atendido , quem não tiver será o que Deus quiser . O acesso a Saúde dos Portugueses , é un direito e não un Negócio ou Especulação !

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  9. Li os comentários e há para todos os gostos, notando-se claramente as simpatias políticas. No meu ponto de vista, como se pode julgar alguém que está a dar os primeiros passos e com as limitações que existem? Julga-se, ou melhor, vaticina-se jã tudo de mau a alguém que pegou agora no barco e mesmo assim condicionado pelas razões obvias (senão vejamos as propostas do governo chumbadas no parlamento e as aprovadas da oposição, com a ajuda do suposto partido que, quem agora a aproveita, andava num frenesim por causa de um tal cerco sanitário, mas que não, pelos vistos, não se aplica a si próprio).
    A saúde está como está, graças às medidas suicidas tomadas nos últimos anos. O SNS estava a cair aos pedaços, mas veio o COVID19 que tudo escondeu, só que quando essa cortina desapareceu, apareceu tudo o que de mau tinha, agravado ainda.
    Existiram motivos puramente ideolõgicos impostos por determinadas forças, que fizeram com que as coisas chegassem a este ponto. Como querem ter qualidade e exclusividade se não pagam para isso? Porque se tem mão de obra altamente qualificada todos os dias, horas e horas na estrada, para chegarem ao local de trabalho a dezenas e mesmo centenas de Km de casa? Essas hora não seriam preciosas se estivessem a ser utilizadas no exercício da sua profissão altamente qualificada, sendo pagas dignamente, claro? Porque é que alguns médicos desvinculam-se do SNS e vão trabalhar para os hospitais, como tarefeiros, através de empresas criadas para o efeito? Eu explico: é que não se pode pagar dignamente àquele médico enquanto detentor de um contrato de trabalho com o SNS e depois paga-se o quadruplo ou o quintuplo à empresa de prestação de serviços, esta é que é a realidade.
    Haja coragem para por os nomes nos bois. Quem quer qualidade e exclusividade, tem de pagar dignamente. Não julgo que os médicos sejam tolos e irreponsáveis; simplesmente têm família e vida pópria e, embora contrariados, por vezes, acabam por ceder a propostas que lhes dão mais estabilidade e mesmo dignidade, traduzida numa melhor situação financeira, social e familiar.

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  10. António Correia a campanha eleitoral já acabou oficialmente,embora este governo é a única coisa que faz mais os seus lacaios também,

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  11. A verdade é que nunca está bem ou é por dinheiro ou é por falta de meios ou é cansados ou é saturados ou é não aguentam a pressão, ou é não me apetece ir na sexta pois ontem foi feriado vamos fazer ponte, ou é greve, ou é tenho família, ou é fazer turnos ou é estou longe de casa, ou é não assumimos responsabilidades.
    É pessoal estes gajos ganham bem e pensam que têm um rei na barriga, esta ministra falou e bem falta liderança e organização que é o que não há, se não precisam ponham-se na alheta que assim ao menos sabemos com quem contar, eu tenho um amigo médico e ele anda sempre de férias (não tenho nada com isso mas), aqui acolá portanto como é que há poucos médicos se ganham bem e podem andar sempre de férias, abreijos.

  12. Sr. Piranha, subscrevo o seu comentário ! Função Pública é um cancro e sim, de vez em quando, é preciso dar um murro na mesa para se poder mexer nas estruturas. Porque será que no sector Privado não há esta rebaldaria ?

  13. Realidade é só uma ,muito tens ,muito vales ,nada tens nada vales…
    Gerir é para quem sabe ,nada tem haver com politicas …
    Urgente valorizar profissionais competentes e não os incompetentes, logo qualquer que seja ,area ,serviço será com certeza desempenhado com sucesso para todos intervenientes.

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