Mário Cruz / Lusa

A chegada de Jonas ao Benfica após rescindir com o Valência é um dos negócios suspeitos
A investigação foi aberta após uma denúncia feita por Miguel Zorío, ex-vice-presidente do Valência, que aponta um esquema ilegal para o clube espanhol financiar a SAD das águias.
O Ministério Público está a investigar alegadas irregularidades nas transferências de jogadores entre o Benfica e o Valência, com suspeitas de pagamentos de comissões ilegais nas vendas de Rodrigo Moreno, André Gomes, João Cancelo e Enzo Pérez e ainda na saída de Jonas, que foi para o Benfica como agente livre após rescindir com o Valência.
Segundo avança o jornal espanhol El Diario, a investigação surge na sequência de uma queixa apresentada por Miguel Zorío, ex-vice-presidente do Valência e porta-voz da plataforma Marea Valencianista.
A denúncia alega a prática de crimes como corrupção internacional e branqueamento de capitais e aponta o dedo às SAD dos dois clubes, ao empresário Jorge Mendes e aos auditores envolvidos.
Em outubro de 2024, o Benfica e o seu ex-presidente Luís Filipe Vieira foram formalmente acusados de diversos crimes de corrupção ativa e passiva, fraude fiscal e comportamentos antidesportivos, relacionados com operações financeiras realizadas entre 2016 e 2019.
Aquando da divulgação da acusação contra o Benfica, Zorío falou com o Record e fez soar o alarme sobre as suas suspeitas de que havia também um esquema ilegal para o Valência financiar a SAD do Benfica.
“É claríssimo que o Valência colocou no Benfica quase 100 milhões de euros. Mais de metade desse dinheiro perdeu-se pelo caminho. O Benfica, em 2014, estava muito mal economicamente”, acusou.
A queixa apresentada por Zorío ao Ministério Público destaca a compra das ações do Valencia por Peter Lim, através da Meriton Holdings, em dezembro de 2014. Lim teria utilizado a Meriton Capital Limited para adquirir os direitos económicos de Rodrigo Moreno e André Gomes do Benfica. Os documentos indicam que o Valência teria pago montantes significativamente superiores aos valores originais, gerando suspeitas sobre as elevadas comissões a intermediários e terceiros.
A carta levanta ainda questões sobre as transferências de Enzo Pérez e João Cancelo, cujas negociações teriam seguido o mesmo padrão de movimentações financeiras atípicas, com comissões muito acima do valor de mercado.
Outra transação suspeita envolve a transferência do jogador Jonas, que chegou ao Benfica a custo zero, mas gerou uma comissão de 1,3 milhões de euros para o agente.