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Mina de urânio espanhola coloca Portugal em risco de contaminação radioactiva

Stop Uranio Plataforma del Campo Charro / Facebook

Máquinas preparam instalação de mina de urânio a céu aberto em Retortillo, Salamanca, Espanha.

Depois da polémica de Almaraz, há uma nova “guerra” Portugal-Espanha. Desta feita, por causa de uma mina de urânio a céu aberto que está a instalar-se perto da fronteira com Portugal e que pode vir a gerar contaminação radioactiva.

Uma delegação da Assembleia da República, com deputados de todos os partidos com assento parlamentar, vai esta segunda-feira a Retortillo, em Salamanca, Espanha, para avaliar os riscos envolvidos na instalação desta mina de urânio a céu aberto, a cerca de 40 quilómetros da fronteira portuguesa de Almeida.

“A contaminação radioactiva através do ar tem uma enorme probabilidade e, para além disso, a mina fica em cima de um afluente do Rio Douro, que quer dizer que toda a drenagem de águas, todas as escorrências da mina vão acabar por ir parar ao Rio Douro”, alerta o deputado do Bloco de Esquerda, Pedro Soares, que é presidente da Comissão Parlamentar de Ambiente, em declarações à RTP.

O bloquista integra a delegação portuguesa que vai visitar o local, onde a empresa australiana Berkeley pretende fazer a instalação da que poderá vir a ser a maior mina a céu aberto da Europa. Estão também previstas reuniões com as autoridades locais.

O Governo português já pediu esclarecimentos sobre o assunto aos homólogos espanhóis mas, até agora, não obteve qualquer resposta.

Um segundo Almaraz

Pedro Soares garante também que os espanhóis não accionaram o mecanismo de avaliação ambiental partilhada com Portugal, o que é obrigatório, estando em causa impactos ambientais que afectam os dois lados da fronteira.

Isto leva o deputado a comparar o caso de Retortillo com “o que se passou com Almaraz, que obrigou o Governo português a fazer uma queixa à Comissão Europeia para obrigar a que as autoridades espanholas prestassem e partilhassem informação sobre o caso do armazém de resíduos nucleares”, nota na RTP.

Pedro Soares apela, assim, a “uma intervenção urgente do Governo português”, de modo a que “haja partilha de informação” e “uma articulação entre as autoridades portuguesas e espanholas no sentido de perceber os reais impactos ambientais da implantação da mina de urânio”.

As preocupações com a instalação não se verificam apenas do lado de cá da fronteira. Também em Espanha, “os alcaides de Villa Vieja de Yeltes, de Boada, de Retortillo estão a exigir mais informação sobre esta matéria”, constata o bloquista, lamentando que “há aqui uma nuvem obscura à volta de todo este processo”.

O ambientalista da plataforma espanhola Stop Urânio, José Barrueco, alerta, através da TSF, que “o empreendimento de Retortillo tem prevista a abertura de mais minas perto de Portugal”, nomeadamente “em La Alameda de Gardón, Fuentes de Oñoro e Espanja”.

Esta plataforma organiza, no próximo sábado, uma manifestação em Salamanca contra esta mina de urânio. O movimento já realizou vários protestos contra a instalação.

ZAP // Lusa

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