José Sena Goulão / Lusa

O soldado que foi internado esta quarta-feira no Hospital Curry Cabral, em Lisboa, não sofreu de um golpe de calor como foi inicialmente diagnosticado.
A equipa médica que o assistiu logo no campo de Santa Margarida, após desfalecer durante um exercício, reuniu informação adicional que, partilhada com os médicos da unidade de Lisboa, possibilitou confirmar que o militar não sofreu de rabdomiólise [destruição de tecidos musculares] típica de um quadro clínico de golpe de calor.
De acordo com o Expresso, o militar terá manifestado alterações no estado de saúde durante o último fim de semana, ainda quando se encontrava com familiares, que não comunicou posteriormente à unidade militar responsável pelo exercício.
O diagnóstico vai no sentido de o soldado ter um problema de saúde base que se terá registado durante o exercício sob elevadas temperaturas. Atualmente continua internado nos cuidados intensivos do Curry Cabral, sob ventilação, com alterações da função hepática e com prognóstico reservado.
O Jornal de Notícias avançou que, na noite de quita-feira, o estado de saúde do militar de 23 anos se terá agravado. A major Elisabete Silva, porta-voz do Exército, informou o jornal que o militar “está em cirurgia para fazer um transplante de fígado“. “O estado é crítico e o prognóstico continua reservado”, acrescentou, pelas 20h30.
A porta-voz do Exército esclareceu ainda que “está afastada” a suspeita inicial de que o militar teria sofrido um golpe de calor, mas “ainda não se sabe” o verdadeiro motivo do seu estado de saúde.
O exercício no Campo Militar de Santa Margarida tratava-se de uma prova topográfica de nove quilómetros. O soldado sentiu-se mal devido ao calor que se fazia sentir, tendo sido socorrido por uma equipa médica militar com uma ambulância. Foi transferido para o centro de Saúde de Tancos/Santa Margarida e mais tarde entrou nos cuidados intensivos do hospital de Abrantes. Agora encontra-se no Curry Cabral.
O Exército afiança que foi garantido o acesso a água durante o percurso da prova. Havia três apoios fixos de água ao longo do percurso. Além disso, o equipamento transportado era “ligeiro”, sem “mochila e capacete”. Cada soldado tinha um cantil e também um telemóvel para usar em caso de emergência.
Marcelo Rebelo de Sousa, que é também comandante Supremo das Forças Armadas, visitou esta quinta-feira o militar no Hospital Curry Cabral, em Lisboa, informa uma nota publicada no site da Presidência da República
Colegas do curso sujeitos a colheita de sangue
Todos os elementos que frequentam o curso do militar internado na terça-feira com prognóstico reservado estão esta sexta-feira de manhã a ser sujeitos a uma colheita de sangue, confirmou à Lusa a porta-voz do Exército, Elisabete Silva.
Em causa estão 140 militares a fazer um curso em Santa Margarida da Coutada, em Constância, e as análises estão a ser realizadas no âmbito do processo de averiguação das causas que levaram ao internamento do militar, indicou a porta-voz. Fonte militar disse à agência Lusa que as análises estão a ser feitas no Hospital Militar, em Lisboa.
ZAP // Lusa